Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

“A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” (Leon Tolstói)

Escrevi em 21 de abril de 2017, a história de David e Raimunda Monteiro, numa crônica intitulada: “David de Sousa Monteiro – Homem de Deus e Raimunda Menezes Monteiro – Mulher de Fé.” Naquela oportunidade conversei por algumas horas com o casal e obtive informações preciosas compartilhadas com familiares, amigos e mídias sociais, particularmente no site: falasanches.com, onde escrevo diariamente. Como fiz em vida, tenho credencial para dedicar um tributo em memória de David de Sousa Monteiro.

A ORIGEM DO NOME

A origem de David, onde nasceu, os seus feitos. A história do Rei Davi influenciou na escolha do nome de David de Sousa Monteiro. Existe uma conexão entre os nomes de Davi e David, refletidas nas atitudes, exemplos de vida, eram homens de fé, corajosos, fortes, destemidos e dedicados a propagarem a palavra de Deus.

“Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira.” (Johann Goethe)

Davi, também conhecido como David, é uma figura central no Antigo Testamento da Bíblia e é reverenciado por sua coragem, fé e devoção a Deus. Sua história influenciou gerações e continua a inspirar pessoas ao redor do mundo até os dias de hoje.

Davi nasceu em Belém, uma pequena cidade na antiga Judéia, por volta do século XI a.C. Ele foi o filho mais novo de Jessé e era um simples pastor de ovelhas antes de se tornar um dos maiores reis da história de Israel. Sua origem humilde e sua ascensão a uma posição de grande poder refletem a trajetória de alguém escolhido por Deus para cumprir um propósito grandioso. Como afirmou Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

Davi ficou conhecido por seus feitos notáveis, sendo mais lembrado por sua vitória sobre o gigante filisteu Golias, quando ainda era um jovem pastor. Sua coragem e confiança em Deus o levaram a enfrentar e derrotar um inimigo muito mais forte, tornando-se um exemplo de ousadia e fé inabalável.

Além disso, Davi foi não apenas um guerreiro destemido, mas também um poeta talentoso, compositor de salmos e músico habilidoso. Sua conexão com a arte e a expressão emocional tornou seus escritos uma parte essencial do livro de Salmos na Bíblia, refletindo sua profunda espiritualidade e sensibilidade.

A vida de Davi foi marcada por altos e baixos, incluindo momentos de grande triunfo e episódios de fracasso moral. No entanto, sua capacidade de arrependimento sincero e sua busca contínua por Deus o transformaram em um exemplo de humildade e perseverança espiritual.

A escolha do nome David de Sousa Monteiro certamente reflete a admiração dos seus pais pelas qualidades exemplares do rei bíblico Davi. Ambos compartilharam o compromisso com a fé, coragem diante dos desafios, força moral e dedicação à propagação da palavra de Deus. A conexão entre os nomes sugere uma aspiração em seguir os passos do Davi bíblico, buscando viver uma vida que honra a Deus e inspira aqueles ao redor.

“A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira.” (Leon Tolstói)

A ALEGRIA ERA SUA COMPANHEIRA DE TODAS AS HORAS

David de Sousa Monteiro. Pai, avô, alegre, farto e brincalhão. Viveu intensamente e formou família no Maranhão. Morou em diversas cidades do Maranhão a serviço do Ministério da Agricultura, plantando mudas de árvores e colhendo frutos do trabalho árduo. Por onde passou deixou amigos e saudade. Viveu nos últimos anos na cidade de Rosário e os últimos dias na Capital São Luís, de onde partiu para os braços do Pai, em outra dimensão na eternidade. Ele completaria 95 anos em 21 de abril de 2024 (Dia de Tiradentes).

É emocionante falar sobre a vida de David de Sousa Monteiro, um homem que deixou um legado de amor, alegria e família integrada e amiga. Ele escolheu a alegria de viver como sua inseparável companheira de todas as horas. David foi um pai amoroso, sogro espetacular, desapegado de bens materiais e dedicado ao trabalho e à família, além de ser um avô carinhoso com seus netos. Pelo exemplo, atitude e responsabilidade, sempre demonstrou a importância da família em sua vida. Sua história é marcada pela criação e educação de nove filhas e um filho: Maria do Carmo – Carminha, Marinalda, David Filho – Davizinho, Socorro, Rita, Eliene, Herbene, Jerúsia, Elizete e Elisaure.

“Um abraço sincero… um sorriso radiante… que os seus momentos sejam de alegrias contagiantes… que sua alma resplandeça o amor divino… e que em seu coração pulse a verdadeira gratidão pelo que te faz bem!” (Jared Hassan)

David nasceu na cidade de Floriano – Piauí, no dia 21 de abril de 1929, onde viveu momentos especiais na sua infância e adolescência. Posteriormente, estabeleceu-se no Maranhão, formando família e construindo sua história em cidades como Urbano Santos, Colinas, Rosário e São Luís… Ao longo dos anos, David, deixou sua marca registrada nestas cidades, sendo lembrado pela alegria contagiante, generosidade e espírito brincalhão que cativava a todos ao derredor. Como dizia, Georges Bernanos: “Saber encontrar a alegria na alegria dos outros é o segredo da felicidade.”

Em 16 de fevereiro de 2024, partiu para morar ao lado do Pai celestial, deixando saudades a todos aqueles que o conheceram. Seu legado de amor e união familiar continuará vivo nas memórias daqueles que tiveram o privilégio de compartilhar momentos especiais ao seu lado.

A vida de David foi um exemplo de como o amor familiar e a alegria influenciam positivamente àqueles que estão à nossa volta. Que as lembranças felizes e os ensinamentos deixados por ele possam trazer conforto e inspiração para os entes queridos.

“A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos.” (Arthur Schopenhauer)

UM HOMEM TRABALHADOR E CONTADOR DE HISTÓRIAS

Filho de lavrador, homem dedicado ao trabalho na agricultura,  contador de histórias cativantes. Trabalhou, estudou, casou-se com Raimunda Menezes Monteiro, dedicou -se à família e ao ofício. Foi um guerreiro destemido, incansável, carinhoso e feliz. Dedicado à palavra, estudioso do evangelho, inteligente e bom de prosa. Quando pensarmos em alguém que vivia para sorrir, brincar e elevar o astral das pessoas por onde estivesse, lembraremos de David de Sousa Monteiro.

“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.” (Carlos Drummond de Andrade)

David foi, sem dúvida, uma figura marcante, cuja vida merece ser celebrada. Como filho de lavrador, cresceu em meio às lides do campo, aprendendo desde cedo o valor do trabalho e a importância da dedicação na agricultura. Sua habilidade como contador de histórias o tornava cativante e envolvente, transmitindo sua sabedoria e experiências de vida por meio das narrativas que compartilhava.

Nascido, há 94 anos, David testemunhou as transformações do mundo ao longo de quase um século, acumulando sabedoria e vivências que o tornaram uma fonte inesgotável de ensinamentos. Ao longo de sua jornada, preparou-se e estudou, encontrando em Raimunda Menezes Monteiro não apenas uma companheira de vida, mas também uma parceira na construção de uma família sólida e amorosa.

“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” (Fernando Pessoa)

Como homem dedicado à família e ao trabalho árduo na agricultura, foi um guerreiro destemido e incansável. Sua natureza carinhosa e feliz o tornava um ser humano especial, capaz de elevar o astral das pessoas por onde passava. Sua dedicação à palavra e seu estudo do evangelho demonstram a profundidade de seu caráter e sua inteligência aguçada.

David, também era conhecido por ser bom de prosa, demonstrando sua habilidade em se comunicar e compartilhar suas experiências com os outros. Sua capacidade de transmitir alegria por meio do sorriso e da brincadeira o tornavam presença marcante em qualquer ambiente.

“Espalhe por todos a alegria que vive dentro de você. Seja sua alegria contagiante e viva, a fim de expulsar a tristeza de todos os que o cercam.
A alegria é uma tocha de luz que deve permanecer sempre acesa, iluminando todos os nossos atos e servindo de guia aos que se chegam a nós.
Se em você houver luz e você deixar abertas as janelas de sua alma, por meio da alegria, todos os que passarem pela estrada em trevas serão iluminados por sua luz.” (Carlos Torres Pastorino)

A lembrança de David permanecerá viva nas memórias daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo, inspirando-os a cultivar os valores que ele tão bem representou ao longo de sua vida.

“A alegria evita mil males e prolonga a vida.” (William Shakespeare)

UMA VIDA DEDICADA À FAMÍLIA

Para cada um dos dez filhos tinha um apelido carinhoso. O seu grande prazer era produzir mudas, plantar e colher, conviver com a natureza,  estudar a Bíblia e propagar a palavra de Deus. Tinha predileção por moças bonitas, sendo incapaz de passar por uma delas sem provocar: “Eita moça bonita”. Quando estávamos juntos a brincadeira se estendia com alegria, prosa, conversa fiada e poesia. Ele estava sempre bem-humorado contagiava a todos com suas histórias engraçadas. Acordava cedo para o labor, reunia a família para consagrar a Deus e cantava alegremente os cânticos da harpa com voz firme. Os filhos, netos e familiares o amavam, apreciavam a sua companhia e o admiravam; retribuíam com carinho tudo que recebiam. David Monteiro foi um homem de Deus por excelência, uma figura ímpar, admirável e abençoada.

“Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” (Thich Nhat Hanh)

David de Sousa Monteiro era, sem dúvida, um homem de personalidade marcante e cheio de vida, cujo legado é digno de ser lembrado com carinho e gratidão. Seu afeto por cada um dos dez filhos era evidente, expresso por meio de apelidos carinhosos que demonstravam a proximidade e o amor que nutria por cada um deles.

“Não há satisfação maior do que aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros.” (Masaharu Taniguchi)

Seu grande prazer em produzir mudas, plantar e colher refletia sua ligação especial com a natureza, evidenciando seu apreço pela vida no campo e sua habilidade em cultivar a terra. O estudo da Bíblia e sua dedicação em propagar a palavra de Deus revelam sua espiritualidade e seu compromisso em compartilhar ensinamentos que considerava fundamentais para uma vida plena e significativa. Paz, amor, alegria, fé e gratidão – quinteto aplicado no cotidiano – refletiam seu modo de agir exemplar, escudos para a boa convivência terrena e celestial. Como o apóstolo Paulo afirma em 1 Coríntios 4.6: “Para que por nosso exemplo vocês aprendam.”

Como dito anteriormente a predileção por moças bonitas era uma das características bem-humoradas de David, que não hesitava em expressar sua admiração ao passar por alguma delas. Sua jovialidade e alegria contagiavam a todos ao seu redor, especialmente ao compartilhar suas histórias engraçadas que animavam os ambientes por onde passava. Criava palavras, estórias de pescador, repetia as mesmas piadas, imitava e zombava dos outros com a mesma facilidade que comia um prato de arroz com feijão. Era um humorista crítico de primeira qualidade, como Chico Anísio, Jô Soares… com uma diferença: usava a Bíblia como livro de cabeceira, fazia a leitura diária e gostava de cantar louvores.

O hábito de acordar cedo para o trabalho árduo na agricultura, reunir a família para consagrar a Deus e entoar cânticos da harpa com voz firme demonstra seu compromisso com a fé e a importância da união familiar na busca por valores espirituais. Seguia a premissa de William Shakespeare: “Para o trabalho que gostamos, levantamo-nos cedo e fazemo-lo com alegria.”

As filhas e o filho de David o amavam e admiravam, retribuindo com carinho tudo aquilo que recebiam dele. Sua influência como homem de Deus foi inquestionável, deixando um legado de fé, amor e sabedoria para seus familiares e para todos aqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Demonstrava ser um homem feliz que contagiava a todos com sua alegria genuína. Ele provavelmente sabia que: “Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.” (Érico Veríssimo)

David Monteiro foi verdadeiramente uma figura ímpar, admirável e abençoada, cuja presença continuará sendo lembrada com afeto e gratidão por aqueles que tiveram a honra de compartilhar momentos especiais ao seu lado. Sou grato a Deus pelo privilégio do convívio amigável e respeitoso que sempre tivemos. Os dias passam correndo e a vida é efêmera. Como disse Airton Senna: “Somos insignificantes. Por mais que você programe em vida, a qualquer momento tudo pode mudar.” Que se fortaleçam as boas lembranças, o amor e a esperança – ainda que em alguns momentos sinta saudade e aperto no coração temos que conviver com a perda e a falta – visto que a morte é a única certeza e a vida uma grande ilusão.

“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.” (Mahatma Gandhi)

DESCANSO DIVINO (David Monteiro: 16.02.2024)

O texto abaixo foi escrito no dia 15.02.2024, quando a família foi comunicada pelo médico sobre a condição crítica do paciente. Dedicado por este que vos escreve à esposa Maria do Socorro Menezes Monteiro Sanches.

“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu darei descanso a vocês.” (Mateus 11:28).                                                                

Minha amada esposa Socorro Sanches. O seu querido pai combateu o bom combate, terminou a corrida, guardou a fé. Conversamos sobre esse momento que fatalmente ocorreria em decorrência da idade e agravantes da saúde que se sucederam ao longo de três anos acamado. Com todos os cuidados possíveis, amor, carinho e atenção dos familiares.

De certa forma a progressiva, degradante e lenta Via Crucis, associada ao sofrimento dele é dos familiares, permitiu uma preparação ainda que dolorosa para a sua partida deste plano para a eternidade. Como cristão, ele se preparou para o encontro com o soberano criador do céu e da terra,  sempre afirmou que cada um tem o seu tempo definido por Deus para conviver entre os homens.

Certamente ele estará aliviado do sofrimento e feliz ao lado do pai eterno a quem sempre honrou e declarou gratidão em vida. Ao chegar o tempo de Deus para a sua partida, junto virá o acalanto e a sabedoria divina para aliviar a dor e o sofrimento dos que ficam – especialmente os filhos e esposa – que ao lado dele estiveram em todas as horas na alegria e na tristeza, na saúde e na doença.

Cientes de que existe um plano superior e o criador à espera da sua bela criatura. Como escrito no Salmo 23: ”Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Restaura a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.”

São Luís, 17 de janeiro de 2024.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de inúmeras antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS17.02.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.