Por José Carlos Castro Sanches

Seria utópica e cruel a rotina vivida?
A tristeza, a falsidade e a fraqueza dos outros
Estou em busca de esclarecer a minha dúvida
Porque apesar dos dias mornos e fartos féretros
Algo diferente está ocorrendo na minha vida.
O que estaria mudando?
O sono que chega tarde
A noite que fica mais curta
O sonho que se dissipa e evapora
A incerteza que maltrata a alma
E a ansiedade que transborda.
Ou a percepção de que as pessoas
São mais importantes que tudo
De que a vida é efêmera e se deve
Viver intensamente cada segundo?

Tem algo mudando a gente
A vibração na pálpebra insistente
A lágrima que escorre latente
O choro reprimido, descontente
A alegria contida no corpo doente.
A vacina, o remédio e o coronavírus
A política, a polícia e a ideologia
O canto, o conto, a magia e a poesia
Os pássaros, os peixes e a nostalgia.
Algo está mudando meu coração
Pensamento vazio, devaneio, desejo
Luta, missão, oração, devassidão
Dormência, demência e arquejo.
Algo está mudando no planeta dos inumados
E os homens surfam nas ondas da vaidade
Bens são mais importantes do que os amados
Dinheiro e poder valem mais que a idade.
O mundo mudou, eu também estou mudando
Há uma profunda metamorfose em mim
A minha vida muda e eu com ela sigo evoluindo
De lagarta para borboleta, me transformando
Sem deixar de ser eu mesmo, um ser humano.

Como disse Jalal Rumi, jurista, teólogo e poeta
“Ontem eu era inteligente, queria mudar o mundo
Hoje sou sábio, estou mudando a mim mesmo”
Acrescento: quando decidimos mudar por fora
É porque algo já mudou por dentro nos inquieta.

São Luís, 14 de julho de 2021.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes e do PEN Clube do Brasil.

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