1236657.1677ed0.a1d49e5be45046c98447636dfa3d9e34
Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

VINTE E SETE ANOS NA PRISÃO!

Por José Carlos Castro Sanches

“Ir para a prisão por causa das próprias convicções e estar preparado para sofrer por aquilo em que se acredita, é uma coisa que vale a pena. É uma proeza um homem fazer o seu dever na Terra, independentemente das consequências. ” (Nelson Mandela)

Nasci em 26 de março de 1962, na cidade de Rosário – MA, no mesmo ano em que “Nelson Mandela foi preso, quase tudo lhe foi tirado: o lar, a reputação, o orgulho e é claro, a liberdade. Ele escolheu usar aqueles anos para se concentrar no que era realmente essencial e eliminar o resto, inclusive o próprio ressentimento. E seu objetivo essencial passou a ser acabar com o apartheid da África do Sul. Ao fazer isso deixou um legado que continua vivo até hoje”. (Página 137 do livro: Essencialismo de Greg Mckeown).

O termo apartheid se refere a uma política racial implantada na África do Sul. De acordo com esse regime, a minoria branca, os únicos com direito a voto, detinha todo poder político e econômico no país, enquanto à imensa maioria negra restava a obrigação de obedecer rigorosamente à legislação separatista.

“Eu lutei contra a dominação branca, e eu lutei contra a dominação negra. Eu nutri o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas vivem juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal que espero viver para alcançar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer. ” (Nelson Mandela)

Interessante que fiz a leitura de centenas de livros em toda a minha vida, e quando lia a página 137, referida acima, veio à minha cabeça, algo que nunca havia pensado antes, não me perguntem o motivo da indagação que surpreendeu a mim mesmo, de verdade não me esforçarei para saber o porquê, apenas me deterei a descrever o que imediatamente pensei.

Será que vivi numa prisão durante vinte e sete anos e só agora percebi que estava dentro de uma “carcaça blindada de alumínio” que me impedia de visualizar o mundo de forma ampla, tornando-me um submisso serviçal da produção?

Por decisão própria e escolha pessoal vivi aqueles anos dedicados unicamente para fazer o que era importante para a empresa e esqueci de viver momentos importantes que não voltam mais, junto aos meus familiares e amigos. Deixei de experimentar coisas diferentes, viver intensamente o presente com as pessoas amadas, viajar, passear, curtir o sol, a areia e o mar, os rios, as ruas, os becos, passear pelos bosques, correr tomando banho na chuva, saborear a manga na sombra da mangueira, visitar os parentes, conhecer países e culturas diferentes,  escutar os pássaros no jardim, comer pipoca com minhas filhas, dançar nas festas com a minha esposa…e tantas outras coisas que as páginas não seriam suficientes para descrevê-las, e hoje quero ser breve, para não me tornar prolixo.

“A prisão não rouba apenas sua liberdade, ela tenta privá-lo de sua identidade. Todos vestem o mesmo uniforme, comem a mesma comida, seguem o mesmo emprego do tempo. ” (Nelson Mandela)

Eu estava preocupado em manter o emprego e o salário, essencial para a sobrevivência, saúde e educação minha e dos meus familiares e porque não dizer, manter o status de trabalhar numa empresa multinacional.

Hoje pela primeira vez me fiz a pergunta: Será que como Nelson Mandela, eu passei 27 anos numa prisão e só agora refleti sobre isso?

Certa vez ocorreu algo comigo que me fez pensar que estivesse limitado. Eu estava numa fila de um Banco, apressado para retornar ao trabalho, porque não podia faltar, eu era insubstituível (na minha concepção de trabalhador), me vi ali naquela situação como se não estivesse no meu mundo real, eu não sabia resolver um problema básico fora do meu território daquela empresa. Era um robô programado para trabalhar quantas horas fossem necessárias, mesmo além das exigências da empresa para mostrar a minha performance de super-homem, supertrabalhador, supercomprometido, superqualificado, supercompetente …super… super…super… tudo.

Eu realmente estava preso, algemado, nas minhas próprias convicções, e não sabia. Só me era possível pensar no trabalho e mais nada! Agora tive um sopro de liberdade!

“Quando eu saí em direção ao portão que me levaria à liberdade, eu sabia que, se eu não deixasse minha amargura e meu ódio para trás, eu ainda estaria na prisão. ” (Nelson Mandela)

Assim como Nelson Mandela os anos de prisão possibilitaram o meu crescimento, edificaram a minha vida na rocha, propiciaram a absorção de conhecimentos e experiências, que viabilizaram o desenvolvimento pessoal e profissional, a capacidade de resiliência, tolerância e a sabedoria para ser o protagonista do meu próprio destino, além da visão precisa do significado da liberdade, sem o ufanismo exagerado ao ponto de ser ingrato às pessoas e à empresa que me motivaram  a reunir elementos e fatos para contar essa dupla história de sucesso. Viva a vida! Viva a liberdade! Pense nisso, você pode estar no mesmo caminho!

“Ser livre não é apenas quebrar as próprias correntes, mas viver de uma maneira que respeite e aumente a liberdade dos outros. ” (Nelson Mandela)

São Luís, 15 de novembro de 2020.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outros nove livros inéditos.

Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta.

Adquira os Livros da Tríade Sancheana, composta pelos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS15.11.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *