“Se podemos sonhar, também podemos tornar nossos sonhos realidade.” (Tom Fitzgerald)
Nas férias, exatamente no dia 05 de julho de 2018, por volta das 16h tive um sonho que parecia real, enquanto dormia sozinho, após o almoço, no apartamento 301.
“Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” (Yoko Ono)
O sonho se apresentou em dois episódios:
No primeiro episódio o meu tio Raimundo Sanches passou pela manhã na casa dos meus pais em Rosário perguntando o horário da viagem para São Luís. Ele queria uma carona. Disse a ele que seria pela manhã do dia seguinte, mas não precisei o horário da viagem, então ele agradeceu do jeito peculiar e foi embora.
O segundo episódio ocorreu alguns minutos depois, ainda no sonho, quando ele passou novamente à tarde na casa dos meus pais. Naquela oportunidade eu estava bebendo o café da tarde com os meus irmãos quando ele chegou e perguntou o horário da viagem para São Luís. Disse a ele que seria às 6h da manhã do dia seguinte e o convidei para comer um “beiju” conosco. O beiju é uma iguaria tipicamente brasileira, de origem indígena, feita com a tapioca (fécula extraída da mandioca, usualmente granulada), que ao ser espalhada em uma chapa ou frigideira aquecida coagula-se e vira um tipo de panqueca ou crepe seco.
Meu tio entrou com um sorriso alegre e aberto; pegou um pedaço de beiju e comeu muito satisfeito como eu nunca tinha visto antes em toda a nossa convivência diária. Ele parecia muito feliz, de forma tão especial que não o reconhecia. Enquanto vivo este meu querido tio, era tímido, de sorriso escasso; um homem sério, de poucas palavras e limitada fluência nas letras; pouco estudo e muita sabedoria; dificilmente aceitaria um convite para comer um beiju numa visita rápida não programada à casa de qualquer pessoa. Ele era simples, amigo, solitário e calado. Poucas vezes o vi reclamando da vida. Às vezes me lembro dele em vida e tenho a sensação de que apesar de morarmos juntos por algum tempo éramos distantes e frios, quase não conversávamos e nos relacionávamos pouco naquela casa modesta da Travessa da Fortuna, 92 no Bairro de Monte Castelo, bem próximo ao Bom Milagre, onde nos encontrávamos normalmente à noite após a chegada dele do serviço e a minha da Universidade. Ele era a nossa companhia à noite naquela casa; fazia a nossa segurança (minha dos meus irmãos e dos nossos avós José Alípio e Rita Zélia – Zelica, que também moravam conosco quando viemos estudar em São Luís). Sempre que o tio Raimundo estava conosco mesmo sem quase nos comunicarmos, eu sentia que tinha alguém para nos proteger. Nunca disse isso a ele, em vida, talvez agora o remorso tenha feito através de um sonho me fazer perceber o quanto ele foi importante em minha vida.
“Sonhar é acordar-se para dentro.” (Mario Quintana)
Os sonhos podem revelar muitas coisas. Quando estamos dormindo, acessamos um conhecimento diferenciado, uma linguagem simbólica, que se interpretada corretamente, pode nos ajudar a entender os acontecimentos ao nosso redor.
“Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.” (Carl Jung)
Apesar da aparente proximidade eu e meu tio Raimundo nos relacionávamos pouco ao ponto de um sonho me fazer voltar ao tempo e reconhecer tardiamente “in memoria” com eterna gratidão, tudo o que ele fez por mim e por meus irmãos naqueles dias que convivemos juntos. O sentimento de culpa provocado pela distância que nos separava, enquanto parecíamos próximos, continua presente. O sonho tenta cicatrizar uma ferida aberta e preencher a lacuna que nos separava.
“O sonho é a satisfação de que o desejo se realize.” (Sigmund Freud)
Estou relatando em detalhes este sonho porque não entendi o porquê da visita do meu tio Raimundo Sanches, no meu aconchego, naquele quarto frio, enquanto sonhava numa quinta-feira à tarde. Embora a morte seja muito temida, sonhar com algo relacionado a ela, geralmente, tem um bom significado. Qual seria a mensagem que ele queria me passar?
“Quando uma criatura humana desperta para um grande sonho e sobre ele lança toda a força de sua alma, todo o universo conspira a seu favor.” (Johann Goethe)
Os sonhos muitas vezes são lembranças das atividades da alma quando esta se desprende do corpo durante o sono.
Sonhar com a morte representa sempre a necessidade de se livrar de problemas ou de alguma insatisfação. Sonhar com pessoas falecidas pode sinalizar um encontro espiritual de ambos. Indica que você, provavelmente, tinha uma ligação muito forte com a pessoa que já partiu para outra dimensão e ainda preocupa-se com ela. Mesmo que a saudade seja forte, é preciso entender que não adianta parar no tempo por uma pessoa que já se foi. Este sonho vem para acalmar você sobre o destino da alma.
Nesse caso, é importante prestar atenção em como a alma se apresenta. Se a alma se apresenta bem, feliz, pacífica, com boas vibrações, sorridente, envolvida em luz ou vestida com uma roupagem branca, esse pode ser um retrato do seu estado espiritual e de sua capacidade de libertação do plano terreno.
Quanto maior for a nossa libertação da matéria e das pessoas melhor estaremos no plano espiritual. Seria o caso ou o acaso? Estou à espera da resposta para esse enigma que se apresenta. Acredito que DEUS nos fala através dos sonhos.
“Nós fazemos acordados o que fazemos nos sonhos: primeiro inventamos e imaginamos o homem com quem convivemos – para nos esquecermos dele em seguida.” (Friedrich Nietzsche)