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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

UM POUCO DA HISTÓRIA DE JOSÉ FIRMINO SANCHES. MEU PAI!

Neste dia a minha reverência é para o meu querido e amado pai que completa 86 anos de idade. 

Desejo que Deus lhe conceda muitos anos de vida abundante com saúde, paz, alegria e muitas bençãos. Feliz aniversário, meu pai! A você dedico este artigo. 

O FIEL DA BALANÇA DE UM HOMEM EXEMPLAR!

“O homem digno ganha para viver; o menos honesto vive para ganhar.” (Textos Judaicos)

Sempre nos momentos festivos em família. Aniversários e datas importantes gosto de registrar algumas passagens importantes da nossa família. Nesta oportunidade quero contar um pouco da História do meu querido e amado pai: José Firmino Sanches. Ninguém o conhece por este nome então digo: “José Surdo” como é conhecido em Rosário e adjacências. 

Meu guerreiro, forte, corajoso e destemido completa 86 anos neste 1º de junho de 2018. 

Iniciei escrevendo este artigo em um papelão de caixa de margarina Primor conversando com o meu pai no comercio dele em Rosário-MA, minha terra natal. Enquanto os escassos fregueses não chegavam para interromper o nosso belo bate-papo. Terminei o artigo escrevendo em algumas folhas de papel Chamex fornecidas por meu pai. E hoje transcrevo para a mídia.

Meu pai me ensinou os valores da integridade e ética através de pequenas atitudes do dia-a-dia. Quando criança o observava fazer as pesagens das mercadorias naquela balança antiga de 2(dois) pratos de cobre que até hoje está no comércio dele – quando estava diante dela resolvi escrever este artigo sobre o “fiel da balança”. 

Ele sempre pesa os produtos usando o fiel da balança – e quando criança nos dizia que devíamos usar o peso correto – não deixar o fiel pender para um lado ou outro – ou seja, vender o produto no peso correto. 

Nunca querer levar vantagem usurpando o cliente com um preço favorável em detrimento de um peso defasado. 

É por isso que a balança tem um fiel para sermos justos. Como a imagem da Deusa Themis com os olhos vendados sustentando uma balança com as mãos e não deve deixar pender o prato para um lado ou outro – senão com a justa medida. A justiça é imparcial.

“Não podemos viver felizes se não formos justos, sensatos e bons; e não podemos ser justos, sensatos e bons sem sermos felizes. Somente o justo desfruta da paz de espírito.” (Epicuro)

Ele me disse que esta foi a segunda balança que comprou por R$ 25,00 (cruzeiro antigo), no início da sua profissão de comerciante. E ainda continua com ele até hoje. Casamento duradouro. O fiel e a balança se completam. 

Meu querido pai nasceu em 01 de junho de 1932 no povoado Areal Beira de Campo em Anajatuba – MA. Filho de José Alípio Sanches e Rita Zélia Sanches. Meus queridos avôs – base da nossa existência e sustentáculos dos valores e princípios consolidados ao longo de suas vidas. Exemplo, lição e orgulho para todos os filhos, netos, bisnetos…

Seus avós paternos: Cora Rosa Martins e João Alípio Sanches e maternos: meu pai não lembra o nome porque quando ele nasceu estes já haviam falecido (vou resgatar nos documentos da minha avó).

Mudou-se de Anajatuba para Rosário em setembro de 1951, não lembra o mês e dia. 

Trabalhou para a família “Aragão – o velho Oscar e José Aragão” no comércio de 1951 a 1961. Quando estava para completar os 10 anos se achava doentio, desanimado e decepcionado com o retorno do seu trabalho. 

Para comprar uma calça e uma camisa trabalhava de 2(dois) a 3(três) meses. Era um trabalho árduo, com baixa remuneração. Naquele tempo só o fato de estar empregado fora da roça, ter onde passar o dia e dormir já era um fator limitante para tomar a decisão de largar tudo e voltar para a casa dos pais em Anajatuba. 

Não era fácil voltar atrás. Para onde ir? O que fazer? 

Houve o aniversário de Terezinha Aragão. Os familiares dela vieram de Bacabal e Anajatuba para Rosário. Em uma festa onde todos estavam bem vestidos, incomodando o meu pai que ficou constrangido porque não tinha uma calça e uma camisa adequada para o evento. 

Após este acontecimento festivo meu pai disse para o seu patrão José Aragão que ia embora de volta para Anajatuba, que não queria mais trabalhar e que iria embora naquele dia “vou embora hoje” disse. 

José Aragão pediu para o meu pai esperar o pai dele “O velho Oscar” – como era tratado voltar de São Luís. Meu pai abandonou o balcão esperando a chegada do velho Oscar que viajava no ônibus Danúbio e chegava de São Luis. A estrada era muito ruim e a viagem era demorada (hoje em pouco mais de uma hora saímos de Rosário e chegamos a São Luis).

José Aragão falou com seu pai “o velho Oscar” e disse para meu pai procurar um local para fazer um comércio que eles iriam ajudá-lo a começar o seu próprio comércio. Comprou R$ 2.500,00 (cruzeiro antigo) de mercadorias e arranjou uma carroça para levar as mercadorias até o local definido próximo ao Mercado Central de Rosário. Assim iniciou o seu comércio. O contador nessa época exigia muito de cada dono de comércio e tudo tinha que ser legalizado. 

Por volta de 1961, Bernardo Matos foi eleito Prefeito de Rosário e pediram o ponto dele no mercado central. Daí foi para um comércio próximo de “José Maria da Égua” na rua do meio em Rosário. Depois foi para um novo ponto de Raimundo Alves (Mundico Correa) na Rua Eurico Macedo. Nesta casa onde eu nasci. De 7(sete) meses. Depois meu pai comprou uma casinha. Não sabe o valor. José Aragão que se tornou um grande amigo do meu pai – emprestou o dinheiro para comprar esta casa.

“Trabalhei como escravo no comercio deles – mas José Aragão sempre me ajudou” – diz meu pai reconhecendo a ajuda com gratidão ao amigo.

“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo.” (Epicuro)

Meus pais moram até hoje na casa onde nasceram os meus 7(sete) irmãos: Caca, Nilra, Beto, Nilde (Jôse), Nilma, Uilton e Josete. E vivemos momentos felizes com nossos queridos pais até que partimos para estudar em São Luis – casamos e iniciamos as nossas próprias histórias. Cada um seguindo o seu rumo levando consigo os aprendizados, experiências, valores e princípios éticos, morais e religiosos adquiridos dos nossos pais.

“As pessoas que possuem e praticam os valores e princípios de vida, como por exemplo, a justiça, a verdade, a integridade, e tantos outros, podem ser comparados com o ouro, quando posto no fogo, é refinado, purificado e se torna ainda mais valioso, oferecendo um brilho ainda mais encantador aos seus observadores. ”(Joel Beuter)

Conheceu e arranjou um namoro com Zanilde Castro Sanches (Zazá), minha querida e amada mãe, em 23 de junho e casamento em 13 de julho de 1961. Conheceram-se numa festa na casa de Babá Cordeiro. “Ela estava com vontade e eu com precisão também, então nos casamos logo – com menos de 20 dias de namoro”. Meu pai morava na casa alugada do seu Lunguinha e foram morar nesta casa. 

A criação dos filhos um em cima do outro todo ano. Diz meu pai: As necessidades não eram tantas. Nessa época o comércio era outra coisa. Comprava um cofo (Variedade de cesto alongado, feito com palha de palmeiras, com ou sem alça, usado para transportar ou acondicionar produtos ou objetos) de camarão e vendia em 1(um) dia na feira. Era muito fácil. Tinha freguês. Eu era conhecido do povo todo de Rosário. Todos sabiam onde encontrar as mercadorias difíceis no comércio de “Zé Surdo” pagavam o preço justo pelo produto que só eu vendia na cidade. Não foi difícil a criação dos filhos. O comércio era pequeno uma barraquinha. Mas, tinha facilidade para vender no comércio.

“Até a criança mostra o que é por suas ações; o seu procedimento revelará se ela é pura e justa.” (Provérbios 20:11)

Em 1972, comprou a Rural Vermelha e Branca – que marcou a nossa vida. E temos boas lembranças. Pagou à prestação em 24 vezes (2anos) com facilidade. Foram seus avalistas: José Aragão e Orlando Aquino que assinaram as 24 prestações. 

Nossa gratidão aos avalistas “in memória.” Essa aquisição naquela época foi um grande marco em nossa família, momento de felicidade para todos nós e uma oportunidade para o crescimento do comercio do meu pai – porque a partir daí – ele iria semanalmente a São Luís comprar mercadorias alavancando a ascensão dos negócios – além de permitir que pudéssemos (filhos e esposa) viajar para São Luis juntamente com meu pai. 

Essas viagens eram sonho de criança. Como nos alegrávamos quando escolhidos para acompanha-lo. Era uma festa! Usou a rural por 14 anos. Quando vendeu ficamos tristes e até hoje quando vejo uma rural tenho boas lembranças da minha infância. Escrevi sobre estas lembranças no artigo: A RURAL VERMELHA E BRANCA DO MEU PAI!

“Por volta de 1988. Na época do “plano cruzado” no governo de José Sarney. A inflação era muito alta. Os preços subiam todos os dias. O comércio era notificado todo dia para “puxar” dinheiro dos comerciantes que tinham que pagar impostos absurdos.”

Meu pai pagou o INSS durante 26 anos 11 meses e 20 dias desde que começou o comércio. O limite era 35 anos de trabalho, mas não podia aposentar-se porque não tinha completado 65 anos de idade. Pagou 2(dois) anos a mais para poder aposentar-se. Hoje recebe pouco mais que um salário mínimo (tendo pago até 5 salários). Com a alta do salário na época do cruzado (passou a pagar 3 salários) até aposentar. 

Este parágrafo ficou confuso, mas reproduzi da forma que meu pai descreveu (no original farei a correção adequada).

A maior decepção da vida do meu pai: “Eu acho que foi trabalhar por 10 anos como escravo. Mas, não foi por eles, foi para não voltar para a roça”

Cita que não teve outra decepção na vida e família. Os filhos sempre foram atenciosos e amigos.

“Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que ele dá. Como flechas nas mãos do guerreiro são os filhos nascidos na juventude. Como é feliz o homem que tem a sua aljava cheia deles! Não será humilhado quando enfrentar seus inimigos no tribunal.”(Salmos 127:3-5)

A maior felicidade: 

“Ter casado com uma mulher que me ajudou a trabalhar até agora. De boa família. Ajudou-me porque se a mulher não ajudar a gente não vai longe.” Nesta hora meu pai se emocionou e chorou contando a sua história de vida. Emoção de alegria e felicidade.

Uma mensagem para os filhos e netos: 

“Agradecer a todos. Nunca me envergonharam. E a maior honra é ter criado todos vocês e nenhum filho me envergonhou. Nunca fizeram coisas erradas tenho essa honra. Nunca tive uma decepção de alguém dizer que um dos meus filhos fez isso ou aquilo de errado. Não tem isso não.”

“A gratidão é o único tesouro dos humildes. ” (William Shakespeare)

Ele diz: “Peso certinho. O meu peso sempre foi correto. Nem mais, nem menos. Nunca me dediquei a botar 900g por 1kg. Tinha fama de vender caro, mas nunca lesei ninguém. As pessoas que não gostam da gente, nos botam todos os defeitos mas, eu sou justo e tenho consciência” 

Me orgulho meu querido pai. Você é um exemplo a ser seguido.

O que meu pai acha relevante da vida e deseja testemunhar: 

Agradecer aos filhos, a minha mulher que nunca me fizeram vergonha. Sei que vou morrer satisfeito. Trabalhei muito, mas nunca passei vergonha dos meus familiares. Filhos e mulher.

“O amor é um sentimento sublime; supera os problemas e diferenças, resiste ao tempo e se fortalece com a distância. Difícil fugir, impossível esquecer.” (Barbosa Filho)

Obrigado meu pai! Você me ensinou o que é ser integro, responsável e respeitar ao próximo. Ensinou-nos os valores e princípios que nunca serão esquecidos. Uma referência para toda a vida a ser replicada para as futuras gerações.

Assim continua após 66 anos dedicados ao comercio e à família. Destes 56 em seu próprio comércio e 10 trabalhando para a família Aragão a quem agradecemos pela oportunidade e ajuda necessária para alavancar os seus negócios e alimentar os seus sonhos e objetivos de vida com honestidade, coerência, simplicidade, integridade, ética e responsabilidade. 

Reconhecido por todos que convivem com este grande homem. 

Como ele diz com orgulho: “Sempre paguei todos os impostos desde o começo até hoje”. ”A César o que é de César”

Tenho orgulho deste pai maravilhoso, dedicado e trabalhador. Que nos ensinou os princípios da honestidade e integridade e sempre cumpriu a sua missão com responsabilidade e nobreza. Valores que estão arraigados em nosso DNA e jamais serão retirados. 

Sempre demonstrou através do exemplo que a palavra de um homem vale mais do que um documento escrito. A sua palavra tem valor. É certeza de cumprimento. Dito é feito. 

“Seja o exemplo de tuas palavras e haverá um momento em que não precisarás dizer nada sobre coisa alguma. Tuas atitudes falarão por ti!” (Augusto Branco)

Não existirá outro pai igual a você. Um homem incansável e empreendedor com vitalidade e energia invejável. 

Sempre acorda cedo e mantem a rotina e afazeres diários com dignidade e firmeza aos 86 anos de idade. Você é o meu melhor exemplo e lição. 

Dizem que não devemos olhar para o retrovisor, mas a sua história nos inspira e orgulha e me faz valorizar cada vez mais o passado e o presente ao seu lado, em família. 

“Digno de liberdade só é quem sabe conquistá-la todos os dias. ” (Johann Goethe)

Pai, nesta data especial gostaria de agradecer por tudo que você fez e faz por mim, pelos meus irmãos e familiares. 

Você é uma referencia para a minha vida! É seu reflexo de PAI HERÓI que vejo quando miro a minha face no espelho.

PARABÉNS PELO SEU DIA. MEU PAI, MEU HERÓI! 

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