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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

UM POETA ON THE ROAD, SEMPRE!

Por José Carlos Castro Sanches

                  Nesta noite de lua cheia escrevo para homenagear um poeta, professor e pesquisador maranhense que tive o privilégio de conhecer, em um desses encontros casuais.  Pela discrição que busca manter nos trabalhos. Ele pouco se apresenta nas mídias e nos movimentos da cultura e literatura, mantem a reserva e distância segura dos holofotes onde outrora fora protagonista com suas publicações em diversos jornais de destaque, onde escrevia colunas semanais, tais como: O Imparcial; O Estado do Maranhão; Jornal Pequeno, entre outros na capital maranhense; além fronteira participou do  Jornal Tribuna do Maranhão, em Timon, quando ao atravessar a ponte, nas suas viagens a pé ou de bicicleta, por vezes de carro, mantinha estreita relação com os literatos do estado vizinho Piauí, onde também teve projeção junto aos letristas daquela cidade de povo humilde e acolhedor, naquela terra onde o sol parece mais quente que outro lugar qualquer do universo, proporcionando aos piauienses  40 graus de simpatia, na sombra da mata dos cocais, caatinga, cerrado e manguezais.  

Dias depois, durante uma reunião com os confrades, na Academia Luminense de Letras – ALPL, fui surpreendido pelo poeta quando se manifestou e declamou um poema, dedicado a mim, após ter feito referência e elogio sobre a crônica “O Poeta Camuflado: Camaleão ou arco-íris, que eu havia escrito, e dedicado ao confrade Ferreira da Silva – Presidente da referida Academia.

Seguimos trocando mensagens pelo WhatsApp, por vezes conversávamos pelo telefone, outras pessoalmente. Estávamos naquela fase do flerte, sem a perversão dos ímpios, preparando o terreno para uma amizade que avançava, a passos lentos – sem a profundidade dos íntimos, pela distância e necessidade, neste período de quarentena, que requer distanciamento social em benefício da saúde. O medo do coronavírus transformou as relações sócias, nestes tempos de pandemia.

Ainda assim, na semana passada, após uma visita à ALPL, e conversa rápida com o confrade Ferreira da Silva, rumei com destino à residência do “poeta guarda-chuva”, com o propósito de entregar-lhe um livro que havia me emprestado. Um velho livro – e livro velho, de crônicas intitulado “ 200 Crônicas Escolhidas as melhores de Rubem Braga”. Já li muitos livros de autores diversos, dentre brasileiros e estrangeiros, e conhecia a fama desse cronista e contista, todavia, nunca havia me apurado na leitura de nenhum dos seus livros.

Assim, como ocorreu quando li, “O Relato de um Náufrago” de Gabriel García Márquez –  uma surpresa positiva tomou conta de mim ao ler as crônicas de Rubem Braga. Escritor e jornalista brasileiro, nascido em Cachoeiro do Itapemirim, no Espirito Santo, cidade onde também nasceu Roberto Carlos. O primeiro rei das crônicas e o segundo da música.

O extraordinário cronista Rubem Braga, me fez fortalecer os laços com a minha vocação para a literatura. Ele tem a sensibilidade de um poeta, a leveza da mão carinhosa de um beletrista, a percepção de um morcego “cronista”, a assertividade de uma águia “literata” e a sabedoria de um monge, destaca-se sobretudo a simplicidade na escrita escorreita sobre temas ligados à natureza, rios, flora e fauna e coisas da vida cotidiana, retratados com a sua pena leve, sensível e profunda em minucias e detalhes, com um olhar de poeta e cronista, de peculiaridade ímpar.   

Durante a visita ao confrade que passei e a chamá-lo de “Poeta Guarda-chuva”, devido a um fato curioso ocorrido entre nós, que transcrevo a seguir. Num determinado sábado, após a reunião dos membros da ALPL, o convidei para participarmos do “Sarau Ludovicense” na AMEI – Associação Maranhense de Escritores Independentes, em seguida iríamos assistir a uma peça no Teatro Arthur Azevedo. Antes, porém, passei em casa para pegar alguns livros que precisaria levar para o encontro. Ao chegarmos no estacionamento do condomínio “O Poeta” recebeu uma ligação do vigia da escola onde é diretor, informando-o que precisaria levar uma chave do estabelecimento, que havia trazido, por esquecimento.  

Essa ligação mudou os planos do ilustre poeta, professor e pesquisador. Seguimos para a AMEI, acompanhados por minha esposa. Ao chegarmos no estacionamento do São Luís Shopping, o mestre deixou no meu carro o seu “guarda-chuva” e um “calendário” da ALPL, que havíamos recebido minutos antes, durante a reunião na Academia.

Seguimos para o encontro dos amigos no Sarau Ludovicense, antes do encerramento do Sarau, tive que sair com a minha esposa e o “poeta” ficou. Já estávamos atrasados para o espetáculo no Teatro Arthur Azevedo, quando vi que o “guarda-chuva” e o “calendário” do professor, tinha ficado no banco traseiro do meu carro. Então, decidi que não o entregaria naquele momento, do contrário, chegaria atrasado ao Teatro. Enviei uma mensagem para o mesmo dizendo que levaria em sua casa, quando possível, assim foi feito. Dias depois levei o guarda-chuva e o calendário na residência dele e entreguei em mãos. Daí o batismo de “Poeta Guarda-chuva”, a referência ficou porque ao gravar o seu nome no meu celular, o fiz dessa forma. Era a segunda vez que nos encontrávamos e fiquei em dúvida sobre o nome do “Poeta Guarda-Chuva”.

Ao entregar os objetos, o poeta, agradecido emprestou-me um livro do que ele dizia ser o maior cronista brasileiro Rubem Braga. Fiquei feliz e levei para casa para degustar aquela bela obra por quase dois meses, lendo aos poucos, escolhendo as crônicas que me agradavam pelo título, inicialmente, depois os títulos menos atrativos. No ato da entrega do livro pudemos conversar um pouco mais sobre as coisas da literatura que nos atraem.

Imagino que o leitor esteja curioso para identificar o homenageado, posso dizer que naquela conversa de quase duas horas, na varanda da sua casa, fui acolhido com atenção e carinho – oportunidade em que o “Poeta Guarda-chuva” me apresentou as suas volumosas produções literárias, versando entre crônicas, contos, colunas jornalísticas, livros solo e antologias que participara, certificados de cursos literários, honrarias e premiações que ganhara como escritor, cronista e poeta. Estava tão entusiasmado e feliz ao mostrar os seus feitos que leu mais de uma dezena delas, para que eu pudesse ter o melhor entendimento das suas contribuições para a literatura, daquele que ora além de professor da língua pátria, se arvora na escrita de belos poemas na sua rotina diária, além dos trabalhos de pesquisa a que se dedica com devoção. Ao final da conversa, em nossa despedida aproveitamos para documentar o encontro com fotos tiradas pela filha do poeta. As lembranças que reproduziremos para a eternidade, estão marcadas nestas linhas e nos filmes que queimamos para torna-las imagens permanentes para o futuro que a Deus pertence. Por isso devemos viver intensamente o presente e valorizar as amizades.

Como aprecio homenagear pessoas em vida, julguei conveniente escrever esta crônica dedicada ao confrade César William, a quem agradeço pelas orientações e atenção devotadas nestes poucos meses que juntos estivemos. Recomendo aos leitores e apreciadores da literatura que busquem conhecer com profundidade as extraordinárias produções desse talentoso escritor, poeta e cronista que vive na sombra dos livros, com a memória fértil e promissora, e, uma visão profunda da importância do seu papel como educador e influente propagador da literatura nos meios em que interage.

César William diz que não mistura o fazer literário com outros fazeres. Não escreve para buscar notoriedade nem ganhar dinheiro. Tem como hobbies: ouvir música, assistir a filmes, andar pelas ruas antigas de São Luís. Leva muito a sério o ato de escrever, é uma necessidade, um compromisso com as letras e com a tradição maranhense. Não se preocupa com quantidade. Busca superação, sempre. Não se apega a títulos; prefere que a crítica especializada dê o parecer sobre o seu trabalho. 

Devo agradecer pela oportunidade do convívio com o poeta, me alegrar com a perspectiva de ampliarmos os horizontes do conhecimento e podermos juntos com os confrades da ALPL e demais literatos do Brasil elevar a Literatura Maranhense a patamares nunca visto antes.

Afinal, qual a origem do guarda-chuva?

“Apesar de sua origem ser incerta o guarda-chuva é uma invenção muito antiga. Sabe-se que no século XII a.C. já era usado pelos chineses.

Mais tarde os assírios, egípcios, persas e romanos tiveram influência na utilização de novos materiais na busca de conseguirem combinar a utilidade com a elegância.

Durante muito tempo o guarda-chuva foi visto como um objeto com significado sagrado, ao ponto de só ser utilizado para cobrir divindades e a realeza em procissões e evento de grande significado espiritual.

Esse aspecto de objeto “divino” chegou mesmo ao Cristianismo. Nas cerimônias litúrgicas existiam sempre dois guarda-chuvas que seguiam à frente do Papa. Um deles, que ia aberto, simbolizando o poder temporal e o outro, sempre fechado, representando o poder espiritual” (Fonte: https://origemdascoisas.com/a-origem-do-guarda-chuva/)

Assim, encerro esclarecendo ao querido escritor o significado de “Poeta Guarda-chuva”: aquele que dá cobertura, protege da chuva e do sol, flexível, está acima no plano terrestre e contribui significativamente para o crescimento e aprimoramento cultural, intelectual em Paço do Lumiar e, por extensão, na Ilha de Upaon-açu; para o Estado do Maranhão e Brasil.

Como o conhecimento não tem fronteira, vai muito além, pelo mundo de meu Deus, extrapola galáxias, constelações e segue por todo o universo. Onde houver uma estrela brilhante, lá estará o “Poeta Guarda-chuva” levando a sua contribuição para um mundo melhor, pacífico e fraterno.

Querido Cesar William continue a sua missão fortemente comprometido com o desenvolvimento da literatura, elevando a língua portuguesa ao mais alto patamar e reproduzindo as lições aprendidas com saúde, sabedoria, paz e poesia.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e mais nove livros inéditos.

São Luís, 04 de julho de 2020.

Visite o site falasanches.com e página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS04.07.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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