Por José Carlos Castro Sanches
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Amanhecia o dia na residência dos amigos Coronel Lopes e Emília em Bequimão, onde o galo começa a cantar às 22h da noite. Acordei com um belo e intenso canto de pássaros que eu desconhecia a melodia. Levantei-me da cama e fiquei à procura deles pela abertura da janela – conseguia visualizar as juçareiras embaladas pelo vento – mas não os identifiquei…Voltei a dormir, depois do desjejum, escrevi um pouco sobre a viagem e juntamente com a minha esposa e o casal de amigos Sebastião Lopes e Emília pegamos a estrada de laterita partindo da sede de Bequimão para o povoado de Paricatiua.

Apreciávamos a paisagem: os campos secos; os postes tombados como se quisessem cair – essa é uma imagem muito comum nas estradas da baixada ocidental maranhense por onde passamos; alegremente conversávamos e sorríamos com as divergências de opinião do casal Lopes; enquanto a poeira vermelha se dispersava pela estrada, as vacas, bois, bezerros e porcos magros caminhavam pela estrada; o gado passeava na enseada. Reconstituíam-se as lembranças do passado da família nas memórias de Emília e do Coronel Lopes quando passávamos pelas terras, casas, casebres e fazendas dos saudosos familiares e amigos; o campo queimado mostrava a olhos vistos a consequência da seca e longa estiagem na região.

Enfim, chegamos a Paricatiua, visitamos o flutuante instalado no rio Itapetininga, fotografamos os barcos, o rio e a vegetação exuberante à sua margem enquanto o sol escaldante nos aquecia e queimava a pele. Do flutuante víamos uma bela casa construída à beira do rio enquanto eu conversava com um antigo morador da comunidade – pescador natural de Primeira Cruz – que ali se estabeleceu e reside há mais de 50 anos, agora ele pretende vender a casa onde reside para voltar à cidade de origem.

O Sr. Antônio Medeiros (Guri), com 85 anos e vitalidade de 60, contou-nos brevemente sobre a vida de pescador; a influência política que impedia o progresso do povoado, inclusive a manutenção dos restaurantes, bem como o significativo número de casas construídas por pessoas de outras localidades que se mantinham fechadas por longas datas.

O exímio pescador contou-nos sobre os sete filhos e as cinco ex-mulheres, com a atual esposa – tem três filhos que pretende levá-los à Primeira Cruz.
Aqui um ponto interessante, nestes dois dias de passagem por Araoca e Paricatiua ele foi o segundo homem com quem conversei que disse ter convivido com cinco mulheres e ter sete filhos com as parceiras – parece haver uma espécie de poligamia estabelecida nesse meio.

Nos despedimos do Sr. Guri e saímos à procura de um local para comermos peixe cozido com pirão, mas não obtivemos sucesso na empreitada, o restaurante à margem do rio havia sido fechado porque o proprietário não pagava as contas de luz e acumulou débitos de 16 mil reais, sem opção de alimento naquele lugar retornamos para Bequimão onde almoçamos, comemos manga e fomos tirar a cesta para recarregar as baterias para o passeio ao final da tarde e anoitecer do domingo de 04 de janeiro de 2025. Em frente ao restaurante do “Carlinho”, na praça do Cais do Porto em Bequimão, havia um encontro político com a presença de Carlos Brandão, Governador do Estado do Maranhão, do Prefeito de Bequimão, Zé Martins, autoridades, entre outros presentes para inauguração da Praça da Família e do PROCOM de Bequimão.

Uma viagem repleta de surpresas, aprendizados e descobertas. Pessoas surpreendentes, lugares maravilhosos, fatos inusitados (chave do portão), sorrisos, amizades…

Agradecemos aos amigos Coronel Lopes e Emília pela parceria durante o tour pela baixada ocidental maranhense, também pelas reflexões noturnas sobre a palavra de Deus para vivermos o amor, a verdade, a sabedoria e a justiça. A César o que é de César e a Deus o que é de Deus! Viva a vida, viva a liberdade! Deus seja louvado!

Bequimão – MA, 05 de janeiro de 2025.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Coautoria em diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS05.01.2025. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.



