Por José Carlos Castro Sanches
“E um dia os homens descobrirão que esses discos voadores estavam apenas estudando a vida dos insetos…” (Mario Quintana)
O medo do desconhecido incomoda. Tenho a expectativa de que um extraterrestre traga a inspiração para eu escrever essa estória e junto a ela, uma bela reflexão sobre uma viagem imaginária pelas Ilhas Polinésias, onde pairou a imaginação do autor e a caneta fluida e criativa derramou o néctar perfumado para encantar os leitores.
Ulani, sempre alegre e com o coração cheio de vida, viajava pela Polinésia, sub-região da Oceania, composta por mais de 1.000 (mil) ilhas espalhadas pelo Oceano Pacífico central e meridional. Ele bucava conhecer os povos indígenas que habitam as ilhas da Polinésia, bem como, os idiomas, culturas e crenças. Tinha um grande desafio diante de uma população de cerca de 270 mil habitantes, sendo a maioria cristãos, divididos entre católicos e várias denominações protestantes; tendo como língua oficial o francês, além de outras línguas polinésias que são faladas regionalmente, como o taitiano, o marquesano, o paumotu e o mangareva.
Ulani, que era escritor, logo se interessou em conhecer os dialetos, buscando aprofundar seus conhecimentos na linguagem dos polinésios, tornou-se Membro Efetivo da Academia Polinésia de Letras, Artes, Danças, Músicas e Tatuagens, e, associou-se a um grupo de homens e mulheres talentosos que tinham a missão de escrever uma obra que representasse o pensamento e a diversidade literária daquele povo; reproduzindo a cultura, a natureza, modos, anseios, medos, amores, desejos e frustrações, além de decantar as belas ilhas paradisíacas de Bora Bora, Taiti, Rangiroa, Moorea, Huahinè, Raiatea, Tahaa, Maupiti, Tikehau, Fakarava, Manihi, Niku Hiva, Hiva ao, Rurutu; em verso ou prosa: contos, poemas, crônicas, fábulas, acrósticos, sonetos, entre outros estilos literários previstos no edital.
A comissão era composta por Ulani que tornou-se líder, pela gentil Maru, a bela Nani, o generoso Hiro, o paciente Kauri e apoio do chefe Ariki, eles tinham o propósito de organizar a publicação da obra – que passaria por diversas fases até a conclusão: edital, divulgação, inscrição e envio dos textos pelos participantes, revisão, diagramação, editoração, publicação. O percurso seria longo, porém, conhecido; todos estavam decididos a vencer os desafios e tornar possível a realização daquele grande feito para a Academia Polinésia.
Tudo seguia muito bem durante o processo de inscrição que se fazia por meio da internet – os participantes obrigatoriamente deveriam ser Membros Efetivos da Academia Polinésia para participarem da Antologia. Ao realizarem a inscrição, enviavam seus textos em verso ou prosa para um e-mail da Academia. Semanalmente o secretário Kauri fazia a contagem dos inscritos e divulgava para conhecimento da comissão e demais membros da Academia. Em uma determinada semana, apareceu o nome de “Tiki” entre os inscritos. O atencioso chefe Ariki, percebeu que havia algo diferente e enviou uma mensagem aos demais membros da comissão com a seguinte pergunta: Quem é Tiki? Hiro logo respondeu: um homem incognoscível, dá um conto!. Kauri retrucou: Foi quem enviou os textos de Aisea, rsrsrsss; Vou tirá-lo da lista. Ulani perguntou: É o nosso confrade extraterrestre?
Tudo indica que a Antologia se tornara tão cobiçada que até os alienígenas procuravam uma oportunidade para se tornarem afamados. Tiki apareceu secretamente entre os participantes para nos fazer refletir que existem novas possibilidades para descobrirmos os segredos escondidos a sete chaves – o universo é uma grande incógnita, os seres que transitam entre nós nem sempre são visíveis; as mensagem que recebemos não foram claras, talvez queiram nos dizer algo que não compreendemos ou desconhecemos o significado. Afinal, o que Tiki quis nos dizer com sua breve passagem em nosso meio? Seria apenas uma inspiração para escrever este conto, como sugeriu Hiro ou tem algo submerso em sua mensagem que só o tempo será capaz de elucidar?
Independentemente do que exista por trás do enigma, está valendo a pena viajar pela Polinésia, conhecer novas culturas, línguas; aprimorar conhecimentos, intensificar relacionamentos interpessoais, viver uma experiência de criação, cooperação e acima de tudo poder contribuir para o fortalecimento e difusão da literatura pelas Ilhas Polinésias.
A ilusão de um poeta sonhador, fez surgir das cinzas, o extraterrestre Tiki, que com sua generosidade enviou os textos de Aisea, a essência do verbo em verso e prosa, para compor a magnífica obra-prima da literatura Polinésia. Ele foi o porta-voz de Aisea, que significa “Deus Salva”. Graças a Deus que estamos salvos da invasão extraterrestre na Academia. Estamos livres de assombração, pelo menos por enquanto. Pior que assombração são os sonhos enterrados. Como disse Carl Sagan: O que é mais assustador? A ideia de extraterrestres em mundos estranhos, ou a ideia de que, em todo este imenso universo, nós estamos sozinhos?
São Luís, 09 de julho de 2021.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras e PEN Clube do Brasil
Visite o site falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping; através do acesso à loja online www.ameilivraria.com. ou do site da Editora Filos: https://filoseditora.com.br/?s=Sanches
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS09.07.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.