Por José Carlos Castro Sanches

“Medicina, lei, negócios e engenharia são ocupações nobres para manter a vida. Mas poesia, beleza, romance e amor são razões para ficar vivo. “ (Robin Williams)
Natalino Salgado Filhoé Membro Efetivo da Academia Maranhense de Letras – AML, ocupante da Cadeira 16, patroneada por Raimundo da Mota de Azevedo Correia.
Saí para levar a minha neta Julie Sanches na piscina do condomínio, levei comigo a lista dos acadêmicos que fornecida pelo ilustre presidente de AML, Carlos Thadeu Gaspar, essa agenda tem me acompanhado há pelo menos dois meses. Tinha uma missão conversar com Natalino Salgado, Magson Gomes da Silva e Edson Vidigal, os três que ainda não tinha conseguido falar, apesar das inúmeras tentativas.
Desta feita, a ligação foi certeira, falei com Magson da Silva e Natalino Salgado, um seguido do outro, enquanto, via passar na minha frente as garotas bonitas que se deleitavam ao sol quente e água morna da piscina, e a minha neta com as amigas se alegravam com a brincadeira.
Eram 10h15min quando fui afortunado pelo receptivo ouvinte Natalino, que dessa vez, estava disponível para o nosso esperado bate-papo. Apresentei-me, e em rápidas palavras, contei a respeito da minha trajetória pessoal, profissional, biografia, bibliografia e sobre o desejo de ocupar um lugar na Academia Maranhense de Letras.
Fui atendido com interesse, genuína atenção, empatia e simpatia. Me senti à vontade diante daquele admirável homem, que por meio do trabalho e dedicação a medicina, educação e literatura tornou-se uma referência para aqueles que buscam um exemplo de vida a seguir.
Estava eu ali, diante daquele expoente da medicina e da literatura, para ouvir e aprender com a vivência sobre o caminho que devo trilhar até chegar ao pódio. Encontrei a pessoa certa para calibrar a minha bússola e direcionar o meu caminho para o sucesso. Com palavras doces e afetuosas, coloriu a minh’alma e fez florescer a esperança, nesta manhã ensolarada de 14 de novembro de 2020.
“Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo. ” (Provérbios)
Natalino Salgado Nasceu em Cururupu – MA. Estudou o ensino fundamental na cidade natal, e o ginasial e cientifico em São Luís. Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Maranhão, fez residência em Clínica Médica na Universidade Federal do Rio de Janeiro e Nefrologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Especializou-se em Administração Hospitalar, Imunologia e Didática de Ensino Superior.

Vocacionado para o magistério, ingressou no Departamento de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, como professor adjunto. Concluiu o mestrado e doutorado em Nefrologia na Escola Paulista de Medicina. Foi Diretor Geral do Hospital Universitário. Reitor da Universidade Federal do Maranhão. Membro da Academia Maranhense de Medicina, da Academia Nacional de Medicina e do Instituto Histórico-Geográfico Maranhense. Detentor de numerosas honrarias. Autor de livros, artigos e revistas de sua especialidade médica.
“A medicina é minha fiel esposa e a literatura é minha amante; quando me canso de uma, passo a noite com a outra. ” (Anton Tchekhov)
Natalino Salgado contou-me algumas pérolas do seu passado, antes de entrar para Academia Nacional de Medicina – ANM, fazendo referência à minha atual peregrinação na trilha da AML. Disse que a ANM, com seus 191 anos, e os 100 acadêmicos, que representam os 500.000 médicos do Brasil, deixou história para contar em seus livros, outras para servir de incentivo nas futuras batalhas. A Academia onde D. Pedro II, conviveu por 40 anos e, hoje tem um museu dedicado a ele, agora também faz parte da sua história como médico maranhense.
Lembrou-se que o processo para pleitear uma vaga para aquela academia, requeria inicialmente uma permissão, antes da inscrição. Pagava-se uma taxa de R$ 3.000,00, recebia um livreto com o endereço dos acadêmicos, para que os interessados, entrassem em contato com os acadêmicos, na expectativa de que estes concedessem um espaço na sua agenda para realizar a entrevista de apresentação do pretendente à vaga.
Naquela conversa começava a interação, entre o candidato e o acadêmico. Para a apresentação ele levou um livro impresso de aproximadamente 200 páginas e o seu Curriculum Vitae, teve 45 dias para fazer isso.
Para ingresso na ANM, além das entrevistas, correspondência, etc. precisa apresentar: memorial impresso, defesa de uma tese original semelhante de um doutorado impressa e em DVD, produção científica e carreira universitária – professor titular. Durante esse período era permitido enviar para os acadêmicos as produções literárias. Concorreu para Clínica Médica. Segundo Natalino, por azar e sorte ao mesmo tempo, concorria à vaga do saudoso Clementino Fraga Filho. Médico, diretor de hospitais, professor e pesquisador.

O Médico, Clementino Fraga Filho, nascido em Salvador, foi um dos principais responsáveis pela construção do hospital universitário e, entre 1978 e 1985, foi o primeiro diretor geral da unidade. Chefiou também o serviço de clínica médica do Hospital da Santa da Casa de Misericórdia e foi diretor do Instituto de Nutrição da Universidade do Brasil. Foi ainda reitor da UFRJ e participou de comissões no Ministério da Educação e Cultura – MEC.
Clementino, além de médico e gestor, se destacou como professor e pesquisador e fazia parte da Academia Nacional de Medicina. Sofria de Mal de Parkinson e morreu em casa, no Rio, aos 98 anos, o médico Clementino Fraga Filho, dá nome ao hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, na Ilha do Fundão, Zona Norte da cidade.
“A chave para a imortalidade é viver uma vida que valha a pena ser lembrada. ” (Bruce Lee)
Natalino Salgado seguiu contando sua história, com o intuito de orientar os meus passos para a missão a que me proponho. Após, a entrega dos documentos para a ANM, uma comissão avaliava a tese, depois do parecer favorável, como aprovado. Foi autorizado a participar da concorrência, em seguida da eleição para escolha do novo acadêmico em substituição a Clementino Fraga Filho.
Após a apuração da eleição os candidatos recebiam um telefonema informando sobre o resultado. O processo culminava com um coquetel – sendo eleito ou não os candidatos eram obrigados a participar do rateio das despesas e participar da festa do colega escolhido, ou seja, festejar a vitória do outro. No entanto, foi premiado com a escolha por mérito e festejou sua própria vitória com os colegas.
Natalino, confidenciou que foi entrevistado por alguém, que cobiçava a posição vacante, que disse a ele: “Você vem do Maranhão para tentar a vaga de Clementino Fraga Filho? Como se não acreditasse no seu potencial para ocupar a cadeira. O entrevistador disse a ele que havia concorrido cinco vezes, e o perguntou se estava disposto a fazer o mesmo caso não fosse o escolhido. Natalino, pensou em dar a resposta que tinha na cabeça, que saindo daquela nunca mais participaria de outra, mas inteligente e sensato disse ao entrevistador que faria igual a ele, quantas vezes fosse necessário. Porque o seu objetivo era servir à academia e encerrar uma história naquela prestigiada instituição.
Seguimos conversando sobre a UFMA, quando ele disse que na sua gestão criou o curso de Engenharia Ambiental no campus de Balsas e orgulhoso fez referência à sua trajetória com Gestor na UFMA, sendo pela 3ª vez, por convocação, se consagrado reitor daquela universidade.

Encerrou dizendo que gostaria de ser visto no futuro como um grande médico, exemplo de profissional, que também era professor, foi reitor e membro da Academia Maranhense de Letras -AML.
Entrou para a AML pela amizade que mantinha com Neiva Moreira, que era seu paciente e, o ajudou no Hospital Universitário como assessor de Jackson Lago. Por obra do destino foi convidado para substituir Neiva Moreira. Sabendo que José Neres seria candidato, ligou para o mesmo e disse que caso ele se candidatasse, não concorreria.
José Neres com sua humildade peculiar disse que ainda não estava preparado para ocupar aquela posição, desistiu da candidatura em favor de Natalino Salgado, que foi escolhido novo membro da academia. Na oportunidade seguinte Natalino retribuiu a gentileza apoiando a candidatura de José Neres para a cadeira pretendida. Assim hoje seguem juntos o compromisso de propagar a literatura, a arte, a cultura e a educação, missão que realizam com galhardia, entusiasmo e vocação, como poucos.
“Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais…” (Rubem Alves)
Outra casualidade interessante na história acadêmica de Natalino Salgado, é que o patrono da sua cadeira na AML, que nasceu a bordo de um navio a vapor na Ilha de Mangunça, em Cururupu, Raimundo Correia, que costumava dizer de si, pilhericamente, “Sou um homem sem pátria; nasci no Oceano”, era também cururupuense.

E para fechar com chave de ouro, mais um fato curioso sobre as coisas sobrenaturais que acompanham a história de Natalino com a AML. Quando esteve em Cururupu participando de várias homenagens ao Centenário do saudoso cururupuense Antonio Jorge Dino, foi visitar a casa onde nasceu, encontrou apenas as ruínas, e as lembranças da infância que voltaram a fervilhar, como a água que ferve numa chaleira.
Enquanto estava naquele lugar, descobriu que o nome da rua onde morara era Raimundo Correia. Certamente este é mais um detalhe da brilhante história de sucesso de Natalino Salgado Filho, que muitos desconheciam e durante nossa conversa, de trinta minutos, por telefone tive o privilégio de saber e tomei a liberdade de tornar público, uma vez que disse para o interlocutor que se encontrava sintonizado comigo no outro lado da linha, não sei exatamente a que distância, que escreveria sobre o breve encontro. Será que tudo isso seria obra do acaso? Como disse Albert Einstein: “ Coincidência é a maneira que Deus encontrou para permanecer no anonimato. ”
Por fim, reforçou que devo manter a determinação, o entusiasmo, a intensa produção literária, os contatos com os acadêmicos para assegurar o êxito na promissora na missão para chegar à Academia Maranhense de Letras.
Querido Natalino Salgado escrevi o que o que senti no coração e guardei na mente para dizer sobre a nossa conversa amiga, espero que esse tenha sido o primeiro de muitos encontros e confidências para juntos construirmos um mundo melhor, mais justo, humano e fraterno. Tenho a expectativa de ampliar os nossos laços de amizade na confraria da Casa de Antônio Lobo. Quem sabe o nosso próximo encontro seja na Academia Maranhense de Letras, sendo recebido por você para fazer parte daquele seleto grupo de intelectuais que me inspiram a lutar por um lugar de destaque na Literatura. Como disse Pitágoras: “ O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos. ”
São Luís, 14 de novembro de 2020.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outros nove livros inéditos.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS14.11.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.