Por José Carlos Castro Sanches
Um sono destemperado e inexplicável se apossou de mim. Eu estava anestesiado naquela manhã após receber a notícia da partida prematura do poeta Tércio Márvio Batista Fonseca, na noite de 19 de dezembro de 2022. Na mesma data no ano de 1990 faleceu Rubem Braga, considerado o maior cronista brasileiro.
Tércio, Tércio, Tércio! Explique-nos por que partiste tão cedo? E a sua poesia que era leve, fluida, sensível e natural; que dançava e cantava livre na pena, por vezes na sua voz declamada se fazia instigante e voluptuosa.
Os que morrem sempre são heróis, bons amigos, cônjuges, pais, irmãos… quase sempre reconhecidos tardiamente com flores sem perfumes; com a presença no velório; com escritos póstumos. Tudo isso é verdade! Todavia, ainda que eu não tenha dito em vida, agora declaro com atraso a minha admiração e respeito pelo talentoso escritor, mesmo constrangido pela ocasião não poderia deixar de reconhecê-lo “em memória” publicamente.
Existem pessoas que têm algo a mais, uma aura iluminada que brilha intensamente; passam por nós como um cometa e deixam marcas indeléveis guardadas a sete chaves na memória; imortalizados por suas obras, contribuições, afetividade, carisma, simpatia e boas recordações.
O brilho intenso que produziram jamais será ofuscado; as mensagens extraídas das profundezas do coração divagam entre nuvens e estrelas, ora na forma de chuva molhando a terra, regando os jardins floridos e intensificando o desabrochar das flores; ora na forma de estrelas trazendo a luz nas noites turvas e tristes como aquela de 19 de dezembro de 2022, quando Tércio seguia a estrela guia para passar o Natal ao lado do soberano pai eterno.
Assim, a roda gira; vão-se os anéis e os dedos; a terra chora e os anjos do céu sorriem alegremente pela chegada do poeta. É provável que ele esteja agora escrevendo uma poesia para nos dizer da sua felicidade pela partida e generosa recepção dos anfitriões celestiais, enquanto lamentamos e choramos pela perda e falta que fará aos familiares, amigos, leitores e admiradores. Vá com Deus Tércio!
TÉRCIO*
Poete-se na lira tilintante
Desbrave-se na profunda alegria
Não haverá tristeza entre os poetas
É festa no céu neste dia.
Tércio, Tércio, Tércio…
Hoje o mar é apenas maresia
Uma alma silente entristece
A sombra divaga no tédio
O corpo impotente arrefece.
Os azulejos e os casarões
Decantados nos seus versos
Desolados vertem lágrimas
Contrariados pelos sonhos imersos.
São Luís chora sua partida
Vendo-o como estrela brilhante
Refutando os desejos da vida
De um poeta divertido e pujante.
Adeus! Beija-flor dos pomares
Entre mar, lua e sol
Nas dunas, rios e mares
Uma flor encoberta no lençol.
Encontrará no silêncio
A luz do Espirito Santo
Viverá feliz no paraíso
Um sabiá de lindo canto.
Um passarinho a voar
Feliz pelo desencanto
De Deus a força infinita
Na tristeza o encanto.
Os versos irão rimar
Com a paz e a liberdade
E o poeta sempre brilhará
Por toda a eternidade.
São Luís, 20 de dezembro de 2022.
José Carlos Castro Sanches
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e Pétalas ao Vento.
Visite o site falasanches.com pelo Google ou Instagram e conheça o trabalho do autor.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS 20.12.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.