Por José Carlos Castro Sanches

O corpo enfraquecido pelo vírus tentava reagir desesperadamente parecia querer sufocar a morte que teimava em contrapor a vida. O Guinness book, a mesa, o sofá, os livros na estante, o tapete, os porta-retratos… permaneciam serenos sem saber o que se passava naquela noite que apenas começava. Os pensamentos se avolumavam na incerteza do amanhã enquanto o poeta sofria pelo medo da doença que parecia distante. E a cada dia mais iludido de que as vacinas eram seu porto seguro. Ilusão que o tempo se encarregou de demonstrar aos crédulos, incrédulos, cientistas e leigos, que nem tudo que se dizia era verdade.
Parecia igual ao primeiro momento de 2019 quando o mundo foi severamente abalado pela pandemia do covid 19. Estávamos todos na mesma tempestade, o barco já não era seguro, não havia mais porto, apenas o vento, a maresia e a tristeza que reinava entre os navegantes de primeira ou última viagem.
O que se escrevia não mais sensibilizava o coração dos leitores que verdadeiramente não mais acreditavam na cura da enfermidade diabólica. Tudo não passava de ilusão, éramos todos vítimas do medo, da incerteza de que nos dias estaríamos saudáveis e às noites iríamos dormir para sonhar ou estaríamos acordados com os pensamentos divagantes, pesadelos, devaneios demoníacos, alucinações de homens e mulheres atropelados e desesperados pela triste e incerta espera do porvir. Assim, passavam-se os dias e as noites mal dormidas.
O colchão macio, a luz branda, o ar frio, o silêncio assustavam o moribundo que sofria sozinho a sua interminável angústia. Aquela noite parecia não ter fim, o sol demorava a chegar para trazer-lhe a luz e o brilho, os passarinhos dormiam um sono profundo e esqueciam de cantar para alegrar o amanhecer. Nada tinha significado, nada valia a pena porque o pensamento se apequenou e a vida parecia ter deixado de ser importante, sem sentido. Aquele homem se acovardou diante de um pequeno vírus fabricado na China para tirar o seu sossego, sua paz e maltratar seu corpo etéreo e alma divina.
E o poeta solitário com o pensamento distante da realidade descrevia sua dor e sofrimento. Era um misto de melancolia, tristeza, medo, incerteza… que se juntava com a falta de esperança e de fé que reinava no coração impaciente, inseguro e incrédulo.
Ele suava frio, o calor era infernal, a alma sofria profundamente uma dor indescritível impossível de transcrever para a folha de papel que não entendia absolutamente nada do que se passava naquela cabeça ansiosa e medrosa, enquanto ele buscava forças nas profundezas do seu ser para mostrar uma fortaleza que não tinha, tentando sobreviver ao desconhecido mundo da mente criativa de ideias confusas e prejudiciais para manter a sanidade que ora se confundia com a loucura, na linha tênue que as separa. Ele estava sozinho tentando vencer a batalha da mente. Que batalha difícil.

Com fé, apegou-se ao soberano Deus, nas fervorosas orações. E venceu! Se focarmos na dor continuaremos a sofrer. Se forcarmos na lição, continuaremos a crescer.

Com fé, apegou-se ao soberano Deus, nas fervorosas orações. E venceu! Se focarmos na dor continuaremos a sofrer. Se forcarmos na lição, continuaremos a crescer.

São Luís, 10 de julho de 2022.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e vinte livros inéditos. Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS10.07.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.