“Todos veem o que você parece ser, mas poucos sabem o que você realmente é.” (Maquiavel)
Hoje vou seguir Maquiavel com as minhas percepções da realidade. Não estou sendo pessimista, vou retratar de forma direta, pura e verdadeira a minha percepção sobre o que vejo, escuto e sinto durante as conversas, através de exemplos, experiências diárias e observação das pessoas, mídia, TV, rádio, Internet e diversas fontes de leitura diária que aprecio.
Neste mundo capitalista onde os interesses estão acima das pessoas sempre me questiono: “Só valemos o que temos?”. Senão vejamos alguns exemplos que compartilharei com vocês para comprovar essa máxima.
Amigos, familiares, parceiros, colegas…passarão por você e não o reconhecerão como se fossem “adversários, inimigos” por desprezo, desinteresse, omissão…ou qualquer outro motivo, ex- colegas de trabalho darão voltas para evitar reencontrar você… alguns fingirão se importar com você porque ainda restará alguma esperança de que você possa ajuda-los, não por interesse genuíno. É tudo uma relação pautada no “ganha-ganha”.
“Vivemos em um mundo onde tudo tem preço, mas quase nada tem valor, e as poucas coisas que tem valor, poucos sabem valorizar.” (Clarice Lispector)
Certa vez tive a oportunidade de experimentar uma situação interessante. Todos os anos no mês de dezembro recebia os brinquedos de Natal das minhas filhas no clube da empresa onde trabalhava com uma “amiga de trabalho” que era responsável por este processo. Era só chegar no clube apresentar os “tickets” o nome, número do crachá e assinar uma lista que tinha o nome dos dependentes autorizados a receber os brinquedos, imediatamente recebíamos os brinquedos e alegres voltávamos para fazer a alegria da “gurizada” em casa.
No ano em que sai da empresa no mês de setembro, fui receber os brinquedos em dezembro, no referido clube. Ao chegar encontrei a tal “amiga” e disse que queria receber os brinquedos dos meus filhos.
Como estava alguns minutos após o horário previsto devido a um acidente que havia ocorrido no trajeto que nos impediu de chegar a tempo. Tudo isso expliquei a ela. Com todos os brinquedos ali disponíveis em nossa frente, era só esticar os braços e pegar. Ela se recusou a me entregar os brinquedos. Dei uma volta enorme, gastei tempo, combustível, gerei expectativa em meus filhos de que levaria os brinquedos e cheguei de “mão abanando” sem realizar a minha missão.
O que me incomodou de verdade não foi o fato de não ter recebido os brinquedos, mas a forma como fui tratado com tanta frieza e desprezo que parecíamos dois estranhos, como se nunca tivéssemos nos visto antes. Perdi o cargo de influência que tinha na empresa e perdi também a “falsa amiga”. O primeiro era precioso, o segundo não faz falta.
O que me induz a pensar sobre esta perspectiva:
Quando temos bens materiais, poder, autoridade, influencia política ou possibilidade de ser percebido como importante para permitir que outros possam levar vantagem na relação pessoal, profissional ou de negócios – aí, seremos lembrados, bajulados, convidados para todos os eventos de final de ano, recebemos agendas, presentes, cartões de natal, brindes, convites para festas de aniversários, casamentos, formaturas… do contrário você será esquecido e receberá convites e presentes apenas dos familiares(pais, cônjuges, filhos, netos, tios, avós…) aqueles que sempre estarão ao seu lado a qualquer momento… na alegria ou tristeza, riqueza ou pobreza, multidão ou solidão, saúde ou doença…
Tudo gira em torno dos interesses que você possa despertar nos outros. Se você tem você é importante, se não tem é apenas mais um a ser esquecido, abandonado, desprezado, posposto. Ninguém lembrará de você. Apenas quando novamente estiverem diante de alguma situação em que precisarem e você possa ser útil: emprestar dinheiro a fundo perdido, ligar para um amigo para facilitar uma oportunidade de emprego ou negócio, oferecer um produto ou serviço, pedir uma carona, emprestar o carro, um botijão de gás, ajudar num processo escolar, treinar o filho, amigo ou parente ou conhecido para um concurso… cada um tem o seu exemplo para completar essa lista infinita de pedidos.
O TER é mais importante que o SER?
Como disse: Experimente chegar a algum lugar e se apresentar como ex-presidente, ex- de alguma coisa, ex-professor, ex-marido, ex-mulher, ex-namorado(a), ou vista-se de forma simples e entre numa loja “chique” ou concessionária de veículos para comprar alguma coisa, provavelmente a primeira pessoa que se aproximará de você será o “Guarda ou vigia” do estabelecimento. Enquanto isso, todas as câmeras do sistema de segurança estarão voltadas para você. Nenhum vendedor se aproximará de você. Não importa o quanto você tenha para comprar…o que vale é a sua aparência de “pobre” que não vale nada. Você só vale o que tem, não se engane!
E assim sempre foi a vida e sempre será. É ilusão pensar que conseguirá algo além do básico agindo como um “pobre mortal”.
“O mundo está cheio de pessoas que só veem o que temos e não o que somos.” (Autor desconhecido)
Ou você muda e assume uma postura de quem quer vencer e busca ter algo, além do essencial ou será discriminado, menosprezado e ignorado. Amigos do passado passarão por você não mais o reconhecerão. Farão manobras para evitar ficarem de frente com você.
Quando forem surpreendidos pela sua presença e não conseguirem desviar a tempo – serão falsos, com palavras, sorrisos e feições (o corpo fala e você entenderá o que digo), rejeitarão até um WhatsApp, e-mail, ou qualquer mensagem que você enviar de forma amigável para estas pessoas será desprezada (não mais visualizarão e jamais responderão, ou você receberá a seguinte resposta: “Por favor, não me envie mais estas informações por WhatsApp, prefiro verificar nas redes sociais.
Exceto quando tiverem um parente candidato a vereador e precisarem do seu voto) então, lembrarão de você. Quando falarem com você é apenas para ter a certeza de que está em situação de miséria, penúria ou desespero. Esse será o tempo suficiente para todos fugirem de você. E manterem distância segura para evitar a sua aproximação e de forma nenhuma importuná-los ou buscar ajuda em qualquer área da sua vida. Se você estiver bem não interessa a ninguém, apenas a você mesmo. A sua desgraça pode alegrar muitos, enquanto a sua prosperidade importa a poucos e inveja a muitos.
Jamais tente obter dinheiro, emprego, oportunidades com estas pessoas que antes estavam ao seu lado “puxando o saco”, enquanto você era “estrela ascendente”. Hoje você poderá ser percebido por eles como “decadente” porque não tem mais cargo de destaque, dinheiro, salário, influencia para ajudar a promover alguém, ou não tem nada para oferecer. Para eles, você é “bosta na água” como diz o meu sogro David.
Aqueles que outrora te bajulavam hoje são os seus maiores adversários ou inimigos. Não peça nada a eles porque, com raras exceções, serão os primeiros a boicotar qualquer nova oportunidade para você. Por conhecerem você, sempre terão alguma rejeição e farão de tudo para deixa-lo fora das oportunidades que se apresentam, muitas vezes porque você poderá representar uma ameaça. E será melhor mantê-lo longe. É mais seguro!
Até algumas pessoas próximas e familiares tentarão humilhá-lo com brincadeiras de mal gosto, sempre depreciativas para subjugar, torna-lo submisso ou simplesmente sentirem-se superiores a você experimentando a “Síndrome de inferioridade”. Olhares e gestos de desprezo, distanciamento, brincadeiras como velhinho, não convido mais você para tal trabalho, João e Maria são melhores que você, você tem muita experiência, mas é muito caro não posso mantê-lo, dá para trabalhar de graça? Tenho pouco recurso para esse trabalho. Pode me ajudar estou em crise? (quando tem boas oportunidades não convida você), tudo tentando levar você para baixo, se possível para um poço sem fundo (como diz a música Camarote de Wesley Safadão – que coincidentemente cantava “poço sem fundo” no exato momento que escrevia este parágrafo – Nada ocorre por acaso!) ou pior para debaixo de “sete palmos”, o mais rápido possível para eliminar qualquer possibilidade de reaproximação.
Você já não representa nada para eles, porque não tem mais nada a oferecer (na percepção equivocada e distorcida deles – você tem muito mais do que possam imaginar – mas seja prudente, deixe pensar que você está morto – será melhor para você).
Para algumas pessoas é preferível que você se finja de morto e mantenha distancia segura. O que interessa para eles são bens materiais, posses ou influencia porque eles sempre conviveram com você numa relação baseada em interesses no que você TEM, não no que você É. O TER ACIMA DO SER!
“Cuidado com os olhares de quem não sabe te amar. Eles costumam te fazer esquecer que você vale a pena.” (Padre Fábio de Melo)
A verdade muitas vezes é dura e crua e temos vergonha de expressar ou medo de aparentar desilusão ou depressão, outras vezes para não demonstrarmos fraqueza somos induzidos a subestimar ou omitir a realidade.
Nesta reflexão temos a essência da vida o SER sendo subjugado pelo TER. Assim agem os seres humanos conscientes e racionais, diferentemente de alguns animais irracionais como os “cachorros” que agem pelo “instinto” e aparentam mais apego ao SER (seus donos são mais importantes que os bens que possuem – são recebidos com alegria, pulos, lambidas, latidos, rosnados… a qualquer momento), os animais ajudam-se mutuamente sem interesse, nos momentos de fartura ou escassez, ascensão ou declínio, felicidade ou infortúnio, no povoado ou deserto, na nobreza ou na lama, na chuva ou tempestade, no sol brilhante ou na escuridão, na luz ou nas trevas, na multidão ou isolados na caverna. O ser não se acaba nem se perde com o tempo. Ser ou ter. Eis a questão!
“Na vida, o importante não é ser, ter ou parecer. O importante é fazer construir e desenvolver.” (Autor desconhecido)
Sempre juntos a qualquer tempo e hora, sem interesse, são solidários pela vida acima de bens materiais, interesses pessoais ou profissionais, autoridade, dinheiro, fama ou poder. O ser acima do ter! Você vale o que tem!
Aprendamos a sermos mais solidários, amigos. generoso, caridosos, humanitários, compreensivos e bondosos.
“Na vida, não vale tanto o que temos, nem tanto importa o que somos. Vale o que realizamos com aquilo que possuímos e, acima de tudo, importa o que fazemos de nós.” (Chico Xavier)