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SERÁ QUE DÁ PARA ENFRENTAR UM MÍSSIL COM POESIA?

VERSÃO SIMPLIFICADA

Por José Carlos Castro Sanches

Será que dá para enfrentar um míssil com poesia ? É uma crônica em resposta ao amigo Robson Junior, locutor e radialista líder em audiência no rádio maranhense. Ele me perguntou “Será que dá para enfrentar um míssil com poesia, Sanches?” Sei que você é um excelente cronista, quem sabe, isso vire uma crônica tua. Deixo essa pergunta para o meu querido escritor. ”

Diante da sugestão me dediquei a escrever esta crônica, buscando a minha resposta para a criativa indagação do querido, amante do rádio, Robson Junior. Eis a resposta nas linhas que se seguem. Boa leitura e reflexão!

Tudo começou em uma tarde ensolarada de 01 de junho de 2020, após eu ter compartilhado um vídeo de Mário Sérgio Cortella, com o amigo Robson Junior – locutor da Rádio Mirante. O vídeo conta uma história ocorrida há 30 anos quando dois caciques xavantes foram visitar um grande mercado municipal em São Paulo – ao perceberem tanta comida acumulada dentro do mercado – os dois caciques deram dois passos para trás, e, ficaram boquiabertos com o que viram: brancos acumularem comidas e um pobre garoto, negro, catando comida estragada do chão para comer.

Passaram-se exatos nove minutos após eu ter enviado o vídeo, quando recebi um áudio de Robson Júnior, que transcrevo em parte, a seguir:

“…O índio não entende porque a criança vai pegar a comida no chão tendo aquele monte de comida disponível no mercado – o que é normal cara? Eu sei que tu escreves tão bem, eu gosto tanto de ler tuas coisas. Será que dá para enfrentar um míssil com poesia, Sanches? Sei que você é um excelente cronista, quem sabe, isso vire uma crônica tua. Deixo essa pergunta para o meu querido escritor. ”

Fiquei envaidecido com tamanha generosidade daquele extraordinário locutor e logo respondi o seguinte: “Robson, boa tarde! Nós precisamos evoluir. É possível enfrentar o míssil com poesia. Responderei a você numa crônica, em breve. Fico feliz por ter enviado algo útil para responder aos questionamentos que a vida impõe. Tão logo escreva a crônica enviarei para você. Forte abraço. ”

Diante da sugestão me dediquei a escrever esta crônica, buscando a minha resposta para a criativa indagação do querido, amante do rádio, Robson Junior. A partir deste parágrafo, me detenho a respondê-lo porquê acredito ser possível enfrentar um míssil com poesia.

Sempre digo que sou movido por desafios. Quando se apresentam novas situações para as quais não enxergo uma resposta imediata, tenho a certeza de que ela sairá naturalmente como a poesia; basta pegar a caneta e uma folha de papel, ou o computador e “dedilhar” sobre o teclado, como se estivesse fazendo vibrar as cordas ou teclas de um instrumento musical, numa breve melodia de Bach, Mozart, Beethoven…, que tudo se resolverá facilmente. 

Você já viu alguém construir um míssil com tanta facilidade, com tanto amor e dedicação para responder ao questionamento de um amigo?

Certamente não. Porque mísseis foram feitos para destruir, matar, causar pânico, deixar as pessoas submissas ao medo, encurraladas nas suas limitações frente ao inimigo. A poesia meu amigo: é vida, é construção, traz a felicidade, retira as algemas dos aprisionados, liberta as pessoas, ainda que possa incomodar, raramente produz inimigos. Essa seria a primeira resposta à sua pergunta.

“Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas. ” (Federico Garcia Lorca)

A poesia (do latim poēsis), ou texto lírico (segundo a poética clássica), é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos ou críticos, que retrata a realidade sob a ótica da imaginação do autor e também do leitor.

Mísseis são projéteis guiados, comandados à distância, qualquer que seja o sistema de propulsão e/ou comando de logística necessário para a sua operação tática, no campo de batalha.

Se me perguntassem com quantos mísseis se vence uma guerra, dificilmente teria uma solução precisa, mas se me perguntarem com quantos poemas se transforma o coração de um homem posso dizer que apenas um simples verso ou uma bela estrofe é capaz de mudar o mundo. Senão vejamos uma ode ao amor, à poesia e à vida em cada verso de consagrados poetas:

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.” (Luis de Camões)

“Não morre aquele
que deixou na terra
a melodia de seu cântico
na música de seus versos. ” (Cora Coralina)

“ A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar. ” (Gonçalves Dias)

A segunda resposta seria. A poesia é a essência da sensibilidade humana; é fruto da inspiração do poeta. O poeta é luz na escuridão; pensamento, loucura, lucidez e emoção; inspira grandeza, paixão; crescimento, riqueza e vibração. O poeta suspira magia; se encanta e contagia; se espanta com o que cria e nunca perde a alegria. O poeta é luz, mar e sol; doçura e amargura; flor de girassol e candura. E dele provém o amor que transforma míssil em poesia.

Agora, querido amigo radialista, se me pedes para escrever sobre mísseis, o que eu digo?

Até as rimas ficam difíceis
Onde não há amor não tem rima
Fogem as palavras belas
Quando me lembro com tristeza
Dos pobres desprotegidos
Diante dos fogos temidos
Eufóricos estampidos
Gemidos, gemidos…

Assim são as rimas da morte
Dos mísseis
Que não rimam com amor
Como rima a poesia
Que é luz, esperança,
Brilho, encanto e magia.

Não quero me estender estimado Robson Junior, tudo leva a crer que é fácil perceber que com poucas palavras é possível destruir um míssil e construir um poema. As guerras, e os mísseis são sinônimos de tristeza, destruição e morte, a poesia, ao contrário é paz, alegria, abundância, emoção, sentimento e vida. Como disse Victor Hugo: “A poesia é tudo o que há de íntimo em tudo”.

Como terceira resposta diria. Nos mísseis não há amor, na poesia transborda amor, paz, fé e Deus, tudo junto e abençoado. É imensurável a distância que separa o míssil da poesia: são antagônicos, nunca se atraem, nem combinam, não rimam, muito menos aceitariam ser amigos ou conviveriam harmonicamente no mesmo teto, porque nada têm em comum, senão o “si” na grafia das suas palavras. Este, “si” poderia ser a sétima nota musical da escala de dó maior nas belas sinfonias de Bach, Mozart, Beethoven, Wagner, Schubert, Schumann, Chopin. Liszt e Verdi, que faziam da música uma eterna poesia.

Veja ilustre comentarista que ao final da batalha a poesia saiu vencedora, porque naturalmente, ela se sobressai diante do míssil, que não tem força suficiente para combater a serenidade e a sensibilidade poética, que venceu pelo convencimento, não pela força. Venceu com a pena, a tinta, o teclado, a criatividade, a inspiração, o verso, a estrofe e a rima; não com ogivas. Viva a poesia! Viva o amor! Viva a vida!

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras

São Luís, 01 de junho de 2020.

Visite o site falasanches.com e página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS01.06.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

Comments (4):

  1. Kalil Guimarães

    19 de abril de 2021 at 20:03

    Encantada com a forma que você enfrentou o míssil com a poesia. Parabéns!

    Responder
    • sanches

      15 de agosto de 2021 at 21:48

      A poesia é capaz de tudo! Forte abraco, saúde e paz para você e família.

      Responder
  2. M. J. Corrêa

    1 de novembro de 2022 at 22:07

    O míssil existe para atingir um alvo e a poesia também. O míssil destrói, a poesia não. Ao contrário, é capaz de reconstruir, mesmo que seja metaforicamente, os estragos que o míssil causou em algo ou em alguém, algum sobrevivente, através da carga semântica e afetiva das palavras. O míssil pode causar cicatrizes, mas a poesia pode curar dores mais profundas e quem sabe até desviar o curso da história e porque não do míssil? Parabéns, meu amigo, pelo texto!!!

    Responder
    • sanches

      1 de março de 2024 at 09:48

      É Verdade querido amigo M.J.Corrêa. Agradeço pelos comentários pertinentes. Forte abraço, bom dia de luz e brilho para você e família.

      Responder

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