Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
Num consultório reencontrei um amigo que há algum tempo não nos víamos, apenas trocávamos mensagens pelo WhatsApp, todavia a amizade sólida conquistada durante o período que trabalhamos na mesma empresa dava-nos a liberdade para confabularmos sobre temas diversos de interesse comum naquele breve reencontro. No bate-papo agradável e divertido surgiu o motivo para escrever essa crônica humorística. Espero que gostem! Boa leitura e reflexão!
Anualmente faço um checape cardiológico, entretanto como sempre procrastino os exercícios físicos e a redução da ingestão de carboidratos recomendados pelos médicos, a barriga cresce desproporcionalmente à vitalidade. Imagine um baixinho barrigudo! Não deve ser a referência para o concurso de “mister” universo.
Naquela sexta-feira estava agendada uma consulta com a cardiologista para apresentar os resultados dos exames. Cheguei à recepção do consultório, peguei uma senha de prioridade e esperei ser chamado pelo atendente; após a autorização fui orientado a aguardar o atendimento médico. Ao passo que avistei um amigo, encontrei um lugar para sentar-me ao lado dele, naquele concorrido consultório.
Começamos um bate-papo. Há algum tempo não nos víamos, apenas trocávamos mensagens por meio do WhatsApp, todavia a amizade sólida conquistada durante o período que trabalhamos na mesma empresa dava-nos a liberdade para confabularmos sobre temas diversos de interesse comum naquele breve reencontro: saúde, família, negócios e amenidades.
Por alguns minutos nos distraímos e fomos traídos pelo vício do celular, quando percebi, encontrei uma forma descontraída para retomar a conversa. Brincando, disse-lhe: “Vamos deixar o celular de lado, mesmo que seja para falar da vida alheia”. Sorrimos um para o outro, guardamos os aparelhos e voltamos a conversar. Foi então que surgiu o motivo que me inspirou a escrever essa crônica, quando o parceiro de espera me confidenciou o seguinte: “antes de você chegar, sentou-se ao meu lado, exatamente nesse lugar, um senhor que reclamava de tudo. Eu queria manter distância dele, chega de gente pessimista – que só vê o lado negativo das coisas.” E continuou: “para minha surpresa chamaram a senha PT 13, advinha de quem era? Graças a Deus! Afastava-se de mim aquela carga de negatividade. Fiquei leve! Porém, para não deixar de ser chato saiu resmungando, dessa vez, porque o chamaram para a consulta.” Prosseguíamos com a prosa aguardando a vez, quando passou à nossa frente um homem vestido de preto e o colega apontou dizendo: “foi aquele!”. Será que o gato preto resolveu atacar numa sexta-feira de 04 de agosto, salve nosso senhor Jesus Cristo!
O vi pelas costas percebi que reclamava de algo, não sei de quê, pressuponho que do salário corroído pela inflação, da libertação dos presos, da censura e limitação da liberdade de expressão, da liberação para uso e tráfico de drogas, da legalização do aborto… Graças a Deus que a minha senha não foi PT 13, se assim fosse eu trocaria para continuar o agradável colóquio com o aliado que ainda aguardava a consulta, torcendo para não voltar a reencontrar-se com o incrédulo.
São Luís, 04 de agosto de 2023.
José Carlos Castro Sanches É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta brasileiro. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras e Artes e da Academia Vianense de Letras.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento e Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS04.08.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.