Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com.
“O poeta é um fingidor./Finge tão complemente/Que chega a fingir que é dor/A dor que deveras sente.” (Fernando Pessoa)
Depois de várias tentativas para chamar um UBER, minha esposa pediu ajuda a um amigo para me orientar na chamada, não obtivemos sucesso. Então teve uma ideia genial: me convidou para irmos de moto. Eu que estava atrasado para uma consulta, apesar do medo não titubeei e aceitei o convite. Ele perguntou: “Você já andou de moto?” Respondi: Não. Entregou-me o capacete, orientou-me como usá-lo e fechou a presilha da jugular. Sentei-me na garupa da moto, e seguimos – a cada curva eu tinha a sensação de que iria cair, mas ele se sentia tão seguro que filmou parte do nosso percurso segurando o celular com uma das mãos enquanto dirigia, com o propósito de enviar a filmagem para a minha esposa, como forma de mostrar a minha coragem – sem imaginar o medo que sentia e tentava disfarçar.
Maycon agradeço a sua generosidade pela corrida de moto até o Golden Shopping Calhau. Há muitos anos eu não usava esse meio de transporte. Pensei duas coisas ao aceitar a sua cortesia.
A primeira dúvida (pensamento negativo): Será que vou cair durante a viagem? Por isso pedi para me deixar logo na primeira entrada do shopping – assim evitaria o risco de queda na próxima curva – até ali eu estava salvo do perigo.
A segunda (pensamento positivo): Não é possível que numa única vez como passageiro de moto vou cair. Lembrei-me da minha neta Julie preocupada em viajar para Los Angeles com a sua avó, tinha medo dela morrer durante voo. Minha esposa Socorro (avó materna) disse a ela que a vovó Fernanda, viajou inúmeras vezes de avião pelo mundo e não tinha morrido, não seria dessa vez que morreria, isso acalmou Julie. Viajaram e chegaram felizes ao destino. Eu de moto com Maycon também cheguei bem ao consultório. Graças a Deus!
Quando superamos o medo encontramos coisas lindas do outro lado. Eu encontrei a sensação de sou capaz de superar desafios
e que devo arriscar mais com prudência e responsabilidade. Como disse Fernando Pessoa: “Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento valeu a pena ter nascido.” Eu vi passar o vento enquanto a moto se deslocava – valeu a pena experimentar – uma vez que nasci e cresci para ser feliz. Quem não tem o que quer, usa o que tem.
São Luís, 26 de janeiro de 2024.
José Carlos Castro Sanches
Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. É químico, professor, escritor, cronista, contista, poeta e trovador brasileiro.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!;Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris(em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Divagando na Fantasia em Orlando; Me Leva na Mala. Além da participação em diversas Antologias brasileiras.
Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia
Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes.
Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras. Membro da
Federação das Academias de Letras do Maranhão; da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da União Brasileira
de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Tem a literatura como hobby. Acredita que escrever
é um ato de liberdade! Escreve diariamente no site falasanches.com.
