Por José Carlos Castro Sanches
“A alegria do palhaço não é ver o circo pegar fogo. É ver a alegria incendiar o picadeiro.” (Nico Serrano)
O circo sempre me encantou desde criança, quando não pensava em ser pai, muito menos avô! No período de 1960 a 1970, quando eu ainda era criança, os circos e palhaços – Lambretinha, Carequinha, entre outros – eram muito simples e divertidos. Havia também os malabaristas e toda atmosfera contagiante de alegria que aportava em minha pacata cidade de Rosário/MA. A chegada do circo era sempre uma grande atração, novidade e festa para a gurizada.
Hoje, resido em São Luís, o circo voltou para trazer a memória viva do passado juntamente com a lembrança do Circo da Cidade. Em 27 de março de 1999, um dia após o meu aniversário de 37 anos foi oficialmente lançado no Aterro do Bacanga, ao lado do Terminal de Integração da Praia Grande, o Circo Cultural Nelson Brito, popularmente conhecido como Circo da Cidade.
Por 13 anos, o espaço cultural da cidade de São Luís, foi palco das mais diversas programações abrigando shows, peças, espetáculos e atrações de artistas locais, nacionais e internacionais. Com a proposta de instalação do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos) no local em que era instalado, o Circo da Cidade foi desmontado, com a promessa de ser reinstalado em outra localidade e nunca mais voltou. O que sobrou foi apenas a lembrança daquele espaço que abrigava o sorriso, a alegria e o sonho das crianças e adultos que ali estiveram para reabastecer suas energias por meio do riso, diversão e lazer.
“Algumas vezes a vida é um circo, quando estamos mais encantados, aquilo que nos encanta vai embora. A lição que fica é que precisamos ser palhaços, rir das coisas que normalmente fariam a gente chorar.” (Danilo Felix)
O tempo passou, as lembranças se intensificaram agora queremos o retorno do espaço cultural, no local que ficou abandonado dando lugar aos ratos, urubus e outros bichos que se apropriaram do lugar que outrora dispersava a tristeza e a melancolia dos ludovicenses e visitantes que por aqui aportavam à beira-mar ao sabor do encanto e atratividade do Circo da Cidade.
Desde tenra idade, o circo sempre me fascinou, quando criança no Município de Rosário, onde nasci, acompanhava o palhaço com as pernas de pau pelas ruas da cidade juntamente com meus amigos de infância. A chegada do circo era motivo de muita alegria, por ser novidade, trazia magia e curiosidade, não apenas as lonas que encobriam as arquibancadas, mas os animais, as pessoas que faziam parte da equipe circense, além dos espetáculos com mágicos, trapezistas, garotas bonitas de biquíni e outras atrações que me encantavam e ao povo da minha terra, principalmente a criançada.
Aquelas experiências tornaram-me aficionado por circo e tudo que possa representar a cultura, a arte, a música e por extensão a literatura que transitava em mim desde aqueles memoráveis dias. Talvez, sem essas lembranças do passado eu não pudesse descrever com tamanha particularidade a importância e o significado que a vivência com o circo, ainda que esporádica, deixaram para a minha vida.
O que me fez escrever sobre esse tema que passou a ser motivo de interesse de muitos artistas locais foi um recente encontro com os amigos Rômulo Reis e Maria José Lima, na oportunidade me sensibilizei pela causa e decidi dar a minha singela contribuição por meio desta crônica.
Declaro a minha adesão ao movimento para reinstalação do Circo da Cidade de São Luís como resgate da cultura circense, oportunidade para desenvolver novos talentos na música, teatro e demais interações que um circo permite. Além da criação de memória para as crianças, adolescentes e o fortalecimento da história daqueles que outrora desbravaram o mundo nos caminhões, carretas, caminhonetas – fincando circos, distribuindo gargalhadas, amolecendo corações e acima de tudo alegrando o povo sofrido da nossa nação carente de amor, solidariedade, generosidade e amizade, tudo que o circo é capaz de realizar em apenas um espetáculo.
Quem teve a oportunidade de ir a um circo entenderá o que digo, aos que ainda não foram aguardem que em breve o Circo da Cidade estará de portas abertas para recebê-los. Sei que a luta não será em vão, a todos que acreditam nessa possibilidade faço o convite para tornarem público esse compromisso. Conforme Yoko Ono: Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.” A distância entre sonho e realidade se chama ação. Vamos à luta, sem guerra, adotando a postura do convencimento com força, foco e fé alcançaremos o sucesso.
Estou certo de que a missão é justa e que os nossos representantes na Câmara Municipal e Prefeitura de São Luís, serão parceiros dedicados na realização deste objetivo. Este não é um grupo de descontentes ou revoltados. Como disse Kléber Novartes: “Não se trata de uma revolta. Uma revolta teria pouco efeito nesse enorme circo”, ao contrário é um movimento pacifista, formado por pessoas capazes de enxergar o futuro nas pequenas lições aprendidas com os palhaços, trapezistas, malabaristas, dançarinas e artistas que promovem o circo por todo o mundo.
“Educar através do circo é transformar os ensinamentos em magia, as dificuldades em malabarismo, o improvável em realidade e a vida em alegria!” (Pedro Lopes. Circo Social Alchymist)
Segundo os noticiários da cidade, há uma mobilização geral para a reinstalação do Circo da Cidade na Ilha de Upaon-Açu. Falam que a prefeitura já deu a permissão e aprovou a localização; o prefeito gosta de palhaço e ganhou alguns ingressos para levar a família inteira.
Prevejo que a instalação do circo durante o dia e à noite será uma frenética movimentação de mastros, lonas, estruturas metálicas, madeiras para os palcos, arquibancadas, picadeiro, caminhões, contêineres, equipamentos móveis, ferramentas, trabalhadores, alegria e diversão. O lema é: “Um por todos e todos por um, pois o circo é feito de sonhos e fantasias”.
Enquanto a equipe de instalação do circo trabalhará intensamente, outra fará a divulgação da estreia pelas ruas da cidade e via Internet, WhatsApp, Facebook. O helicóptero também anunciará, jogando panfletos. A televisão e o rádio ajudarão a noticiar o grande espetáculo.
Palhaços perna de pau, carro de som…e a gurizada acompanharão todos os passos pelas ruas da cidade. Gritando: Viva! Viva! O Circo da Cidade voltou… o circo voltou…Viva! Viva! A divulgação é intensa: O Circo da Cidade voltou. E todos esperam o grande espetáculo de estreia!
O comentário é geral: a estreia será o maior espetáculo da Ilha! Depois da ansiosa espera, chegará o Grande Dia! Trapezistas, malabaristas, equilibristas, palhaços, mágicos, vedetes do circo, mestre de cerimônia, faxineiros, mulher barbada, homem de fogo, puxa-sacos e a grande plateia aguardando o maravilhoso espetáculo! Quero sorrir e reabastecer meus sonhos de criança com o circo, juntamente com os familiares, amigos e convidados. Como disse Vinicius Vighini: “O sorriso é mais contagiante do que a gripe!!”
Voltarei a assistir ao vivo os espetáculos do Circo da Cidade, com as arquibancadas lotadas de pessoas felizes, o picadeiro cheio de artistas, trapezistas, mágicos, bailarinas, equilibristas, malabaristas, acrobatas e, me divertir, dançar, cantar, pular e sorrir com os palhaços.
Logo, o Circo da Cidade voltará para alegrar a Ilha do Amor. Brevemente nos encontraremos por lá! Eu com a minha boina, nariz vermelho de palhaço, comendo pipoca, algodão doce juntamente com a minha esposa, filhos e netos. E você como estará? Viva o circo! Viva a vida!
“O mundo é uma escola, a vida é o circo.” (Marisa Monte)
São Luís, 28 de fevereiro de 2022.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e catorze livros inéditos. Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS28.02.2022(2). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.
Maura Luza Frazão
1 de março de 2022 at 18:21
Amei tua crônica nobre amigo. Empreendi interessante viagem às minhas memórias da infância e adolescência, que semelhante a tua estão recheadas de lembranças e emoções advindas das noites dos espetáculos circenses. Faço das tuas palavras as minhas. O circo precisa voltar a fazer parte do cenário cultural maranhense.
José Carlos Sanches
1 de março de 2022 at 21:36
Maura Frazão, obrigado pelas considerações e apoio à causa circense. Forte abraço, José Carlos Sanches
Wallace Natan Goveia Sousa
2 de março de 2022 at 07:11
Bom dia,Excelente lembrança quem assim,você consegue sensibilizar os gestores públicos a volta do circo escola.
sanches
2 de março de 2022 at 21:43
Obrigado meu amigo Wallace Natan, estamos juntos nessa causa. Forte abraço, saúde e paz para você e família. José Carlos Sanches