Por José Carlos Castro Sanches
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A televisão era artigo de luxo, poucos aquinhoados podiam usufruir daquele aparelho dos sonhos. Eu assistia da janela da casa do vizinho “Zé Leão”, à época coletor da cidade de Rosário. Era um espaço muito concorrido criança não tinha vez. Havia duas janelas na frente da casa, só uma era aberta para o público externo, não existia essa história de convidar os vizinhos para entrar e assistir sentado no sofá ou no piso da casa, quem tivesse vontade e paciência para aguentar empurrão que se virasse nos trinta. Tempo bom, apesar da insensibilidade dos donos da TV que não renunciavam ao seu conforto para agradar a ninguém.

Dessa forma eles incentivaram os pobres coitados a se esforçarem para comprar as suas televisões, do contrário até hoje estaríamos apoiados na janela para capturar a imagem preto e branco da TV com tubo de imagem exuberante. Depois o farmacêutico alto e magrelo que morava nas proximidades da casa dos meus pais, também adquiriu uma TV, e valorizou a janela da sua humilde casa ao dividir os novelistas com Zé Leão. Até que um dia seu Zé Surdo, meu pai, decidiu comprar a sua TV e assistíamos ao Jornal Nacional e Fantástico o Show da Vida juntos, enquanto a minha mãe e eventualmente alguma das minhas irmãs se deleitavam nas novelas.

As aquisições de TV continuaram ao ritmo dos atuais celulares, Mundico Corrêa, José Aragão, Ivar Saldanha e Orlando Aquino já tinham as suas, depois a televisão virou praga. O pobre poderia ter só um pote e uma bilha, uma casa com porta e janela de meançaba com cobertura de palha, sem ter o que comer, mas tinha uma enorme antena e uma TV para todo mundo ver a novela.
Atualmente, há mais de cinco anos que não ligo a televisão da minha casa. A praga de hoje é o celular que além de viciar ainda ensina coisa ruim para quem não sabe usá-lo com parcimônia. Eu agora em vez de assistir TV estou é escrevendo e compartilhando experiências por meio do meu inseparável de todas as horas: Arcanjo Celulari.
O que era bom ficou para trás, a realidade agora é outra. Saudade dos tempos de outrora. Valha-nos Deus!

São Luís, 24 de maio de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS24.05.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.
