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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

PIO XII DE VOVÓ SINHÁ!

“A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.” (Leon Tolstói)

Dedico esta crônica a todos os pais, em especial ao meu querido pai José Firmino Sanches que hoje está reunido com a minha mãe, filhos, netos, genros e noras, em Rosário-MA, enquanto eu estou em Pio XII, prestigiando os amigos Eli e Maria na festa de casa nova. Parece sem sentido ter optado por Pio XII, em vez de Rosário, nesta data especial. Mas, tudo tem significado, ainda que nem sempre seja perceptível aos olhos dos mortais. 

Antecipei a comemoração e aproveitei a oportunidade para esclarecê-los sobre a minha ausência no encontro em família programado para aquele dia. Estou certo de que: Pai é pai a qualquer tempo e hora. E o meu pai sempre será a minha maior referência. O espelho em que sempre buscarei o meu reflexo. Te amo pai!

Este dia dos pais não passei com ele. Fui convidado pelo amigo Eli para inauguração da sua bela casa em Pio XII, município do Maranhão a 270 Km de São Luís, onde moro. 

O município de Pio XII está situado na Mesorregião do Centro Maranhense e na Microrregião do Médio Mearim. Foi criado pela Lei Estadual nº 1.730, de 26 de janeiro de 1959, na gestão do governador José de Matos Carvalho. 

O nome foi dado em homenagem ao Papa Pio XII (Eugenio Maria Giuseppe Giovanni Pacelli), falecido no dia 9 de Outubro de 1958. 

Em 4 de Outubro de 1977, a Lei Estadual nº 3.899 transferiu a sede do município, de Satubinha (também município) para o distrito de Andirobal dos Crentes, sob a gestão do governador Nunes Freire e do prefeito Raimundo Nonato Jansen Veloso.

O município de Pio XII possui uma população de 22.016 habitantes (IBGE, 2010). 

A agricultura e a pecuária são a base de sua economia. Seus indicadores sociais são preocupantes: enquanto que no Brasil o índice de analfabetos com mais de 15 anos é de 13,63%, no Maranhão é de 28,39%, em Pio XII esse número chega a 43,52%; enquanto a taxa de mortalidade infantil no Maranhão é de 54,2 em cada 1.000 nascidos vivos, em Pio XII esse número sobe para 72,1 por mil (BNDES, 2002).

A origem de Pio XII está relacionada aos desacordos políticos entre o coronel Pedro Gonçalves e a classe política de Vitória do Mearim e ao deslocamento do referido coronel para o distrito de Andirobal, distante 100 quilômetros da sede do município de Vitória do Mearim, na tentativa de expandir seus negócios comerciais. 

“Toda profissão desejada por Deus comporta uma missão, a de pôr em prática, no próprio campo do trabalho, os pensamentos e as intenções do Criador.” (Pio XII)

Depois de um ano e alguns meses dedicados à construção, finalmente Eli concluiu as instalações da nova casa. Totalmente revitalizada desde a fundação até o telhado, tendo sido mantido apenas alguns cômodos que sofreram as devidas adequações para se enquadrarem no design arrojado do empreendimento. 

Como todo pai orgulhoso, Eli deixou a festa para os filhos neste dia especial em que reuniu a família para comemorar mais uma vitória. Reflexo de muita dedicação, crença no impossível, resiliência, noites de sono e compromisso com a palavra para superar todos os desafios e dificuldades que se lhe apresentaram.

“Uma casa é mais do que arquitetura. Tem que ser boa para encontrar amigos, boa para conversar, para esculhambar o governo quando o governo precisa ser esculhambado. De resto, é a mulher do lado e seja o que DEUS quiser.” (Oscar Niemeyer) 

Sinto-me honrado pelo convite para compartilhar deste encontro especial. Agradeço a Eli, Maria e à família Oliveira pela oportunidade de estarmos juntos neste momento de jubilo. 

Partimos de São Luís às 9h da manhã do dia 12/08/18 e chegamos a Pio XII às 13:45h, numa viagem tranquila, sem compromisso com a hora da chegada. Estávamos curtindo a paisagem e o trajeto sem preocupação com o destino.

Paramos para um lanche numa conveniência de um posto de combustível, onde abastecemos o carro, ainda em São Luís, nas proximidades da fábrica de sabão Oleama. Depois seguimos devagar e seguro com o meu genro Pablo Leonardo dirigindo o “Jeep” pela BR-135, seguindo inúmeros veículos que transitavam em baixa velocidade limitados pelos buracos, quebra-molas etc. Tinha de tudo carro de gás, combustível, inflamável, veículos de passeio, vans, ônibus, caminhões, máquinas, carro de boi, jumento, vaca, cachorro (quase matamos um que não olhou para os lados, não atravessou na faixa de pedestre, entrou apressado na pista e foi surpreendido pelo motorista desatento enquanto se distraiu em conversa conosco – o vira-lata sobreviveu por um tris). 

Quando vi a entrada apressada na pista e a batida no pneu disse até que não queria olhar para trás para não ver o desgraçado morto – mas percebemos em seguida que o bicho de sete vidas saiu correndo na pista após o susto. Deve ter sofrido pequenas lesões.

Seguimos em frente e paramos em Miranda do Norte, compramos duas espigas de milho assado, liberamos a bexiga no primeiro banheiro público e Dani trocou a fralda de Léo que estava um pouco inquieto – depois de dormir a viagem inteira até aquela parada. Puxou para a mãe Danielle que consegue dormir até em viagem de avião (queria ser assim, não relaxo nem um pouco enquanto viajo de avião). Quando viajo de carro me sinto muito bem obrigado!

Chegamos na residência dos Oliveira e fomos recebidos pelo casal Eli e Maria. Reunidos os filhos, noras e genros: Pablo e Danielle Sanches, Mayara e Eduardo, Cyro e Janaína Arimateia, e netos Leonardo Davi (na primeira visita aos avós), Cyro Filho e Mércia, Eduardo Filho e Murilo, Socorro Sanches e eu fomos bem acolhidos pelos anfitriões naquele ambiente familiar e agradável.

“A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.” (Platão)

Almoço já posto à mesa com tudo que tínhamos direito, num banquete sortido com diversas opções inclusive saborosa sobremesa. Aqui me identifico porque na minha casa e dos meus pais e sogros a comida é farta e a recepção é carinhosa. 

Eli fez uma casa para receber todos os familiares. Cada um em seu cômodo privado. Tudo muito bem projetado e organizado, um quarto mobiliado para cada filho, com ar condicionado, cama, travesseiro, lençol, toalha, banheiro, perfume, sabonete, shampoo, sabão, amor, carinho, atenção, comida gostosa, cerveja, churrasco, bolo, suco, queijo, bife à milanesa… tudo à vontade. Piscina, água, sol, calor e brilho. Bom papo e petiscos. 

O nosso amigo Cabelinho sempre presente contando estórias do futebol maranhense, como ex jogador do Moto Club sempre tem boas lembranças. Alegre, sorridente e solicito é sempre uma excelente companhia em todos os encontros da família Oliveira. E o amigo Ivan II, professor de Pio XII, apreciador das minhas crônicas na página Fala, Sanches (Facebook) com o filho pequeno Joaquim que também prestigiaram o nosso encontro. Grandes amigos da família Oliveira.

Eduardo é o marido de Mayara, filha de Eli e Maria. Ele está sempre oferecendo preço abaixo do mercado para comprar o carro usado dos amigos e supervalorizando a venda dos seus. É um comerciante esperto e bom de papo – se não ficarmos atentos ele compra até jumento morto e vende charque como bacalhau português. Ele é o responsável pelo projeto da casa do sogro. Eduardo é uma pessoa com a qual me identifiquei desde a visita que fiz à sua casa em Bacabal-MA, em 2017, durante o Bacabal Folia, quando nos hospedamos na casa dele. Eduardo, Mayara e filhos nos recepcionaram com muito carinho, sempre solícitos, com tudo à nossa disposição. É uma extensão da família Oliveira com todos os seus valores e princípios bem consolidados. Amigos que conquistamos de graça e nos alegram com a simpatia e apreço reciproco.

Chegou a noite de sábado, véspera do dia dos pais. A turma reuniu ao redor da mesa. Eli, filhos, genro, noras e netos, numa algazarra regada a cerveja, churrasco e “conversa fiada de bêbado”. Cada um contava a sua lorota tomando um drinque de whisky, um gole de cerveja, beliscando a carne assada de frente para a piscina a 40º de simpatia (parece que Pio XII é mais quente que Teresina – calor arretado). É quente e abafado como uma panela de pressão a alta temperatura, mas aconchegante como o meu colchão de molas ensacadas. 

Ainda bem que todos os quartos estão climatizados e eu posso sair do corredor quente para o quarto frio de onde escrevo essa crônica, sentado numa cama confortável. Fugi do calor porque atrapalha a minha concentração e as ideias fogem “evaporam” da cabeça tão rápido quanto um “suricata” quando se sente ameaçado por um predador. 

Dormi muito bem à tarde. Depois voltei para a mesa de conversa, que não paravam de servir comida a todo instante, comida e bebida à vontade. A turma que gosta da cerveja já estava começando a falar besteira. Seu Eli foi vencido pelo cansaço e quando foi deixar o telefone celular para carregar no seu quarto, por lá já dormiu até as 5h da manhã do dia seguinte. A ressaca foi boa e a noite passou rapidamente para aqueles que se afogaram no álcool. Eu, como sabem, não aprecio bebida alcoólica; enquanto eles bebiam eu observava tudo, depois escrevia para guardar as boas lembranças desse encontro.

Enquanto ainda estávamos à mesa, Cyro, Janaína, Eduardo, Mayara, Cabelinho se arrumavam para curtir a noite escutando música e continuar a farra no “Buteco”.

Pablo, que foi o primeiro a se arrumar para acompanhar o grupo na noitada, foi impedido de ir por “ordem superior da madame Dani”. Ficou resmungando o tempo todo dizendo que era complô da Sogra (Socorro) com a filha (sua esposa) para não deixarem ele sair com o grupo para a festa noturna. Ficou “aziado” sozinho na mesa tomando cerveja com a sua tia faladeira que só a peste – contando as peripécias dos shows da vida que ela já havia participado em Pio XII. Fala tanto que cansa os ouvidos de todos. Acho que o efeito do álcool mexeu com a língua dela que não parou de falar desde a hora que chegou até às 23:00h quando foi embora. Graças a Deus o silêncio voltou a reinar naquele ambiente. É tudo brincadeira, querida Elisângela Sousa Oliveira, sempre tiro uma pessoa para gozar quando escrevo as minhas estórias de viagem – dessa vez foi você a escolhida pela alegria, simpatia e capacidade de falar mais da conta e ouvir de menos. Não adianta ficar chateada porque a nossa amizade está além deste encontro na casa do seu irmão.

A noite foi agradável. Dormimos muito bem e o amanhecer do domingo dos pais foi regado por farto café servido à mesa para todos os familiares e amigos presentes. Dona Maria parece uma lançadeira de máquina de costura Singer: varre a casa, enxuga o piso, lava pratos, faz comida, suco, procura o celular perdido na casa, atende os filhos, noras, genro, netos, visitantes e agregados e ainda se mantem serena, tranquila e sorridente como se nada estivesse acontecendo. Ela parece com a minha mãe na sua rotina de dona de casa. Só não a vi beber nenhum copo de cerveja e comer nada. Acho que ela não dormiu à noite, porque quando me recolhi para dormir ela estava na cozinha, e ao acordar pela manhã bem cedo, ela ainda estava lá. Sei lá o que ela fez à noite! Será que ficou trabalhando a noite inteira enquanto todos dormiam? Você dorme D. Maria?

“Nunca se deite antes de ter examinado a sua consciência, revendo todo o seu dia. Em seguida enderece a Deus todos os seus pensamentos, consagrando-se a Ele.” (Pio XII)

Na manhã de domingo, dia dos pais, durante o café, recebemos a visita de Ivanildo, irmão de Eli. Ivanildo alegrou aquele momento com a palavra de Deus para nossa reflexão matinal, oferecendo também belos cânticos bíblicos com destaque para o hino: “Jesus é a rosa”. Contou também um pouco da sua história de vida desde quando o seu pai roubou a sua mãe, foi ameaçado de morte pelo seu avô e fugiu pelas matas do Maranhão até encontrar um caminho para o Ceará, onde morou por alguns anos e depois retornou para o Maranhão. Nesta passagem pelo Ceará nasceu Ivanildo, único irmão cearense dentre os 8 (oito) irmãos. Ivanildo é um homem alegre, fiel e agradável no trato. Nos presenteou com a sua alegria genuína, palavras sábias e cantos de louvor ao soberano Deus que nos permitiu este momento de gloria.

“Nos livros procuramos o conhecimento de Deus; na oração encontramos Deus vivo. A oração é a melhor arma que temos, é a chave do coração de Deus.” (Pio XII)

Após o café, os filhos de Eli fizeram uma surpresa para ele. Presentearam-no com um celular de última geração. A tecnologia avançada chegou de vez agora na casa dos Oliveira. Eli tinha um aparelho “peba”, daqueles que só funcionava na “porrada”- acho que foi da primeira geração de celular do mercado que chegou em Pio XII. Ele vivia reclamando que o seu celular não prestava, jogando indireta para os filhos se sensibilizarem, mas não tinha coragem de comprar um novo. Agora recebeu um de presente. 

Cyro queria colocar o Facebook e outras tecnologias no celular do pai, mas D. Maria logo proibiu e disse: “Se colocar eu tiro”. Nunca tinha visto D. Maria tão zangada. Acho que deve ser porque Eli é “perigoso” e ela não quer dar oportunidade para o azar. Ela está certa, deve marcar colado e não deixar o marido fazendo muitos contatos pelo telefone. Ele tem muito é que trabalhar para sustentar a família e deixar de lado esse vício de telefone. Mais uma vez faço essa brincadeira com o casal com o propósito de provocá-los apoiado pela relação de confiança e amizade que construímos nestes poucos anos de convívio. Este casal passou a fazer parte da nossa família desde que o filho Pablo casou-se com a minha filha Danielle. Hoje Pablo é pai do meu terceiro neto Leonardo Davi.

“Saber encontrar a alegria na alegria dos outros, é o segredo da felicidade.” (Georges Bernanos)

O domingo continuou com a turma bebendo cerveja, comendo e jogando conversa fora na casa de Eli e Maria enquanto eu e minha esposa observávamos de outro ângulo, sentados nas confortáveis cadeiras de balanço dispostas na varanda da casa em frente à piscina. Era tudo alegria, euforia e movimento. Família e amigos reunidos na casa nova. 

A tarde chegou. Cochilamos após o almoço e ao anoitecer fui visitar um colega que trabalhou comigo na Alumar e veio morar em Pio XII. Eli e eu demos algumas voltas pela cidade à procura do endereço. Até que encontramos uma referência e fomos até a casa dele. Ao chegar encontramos a casa fechada. Fomos informados por um vizinho que ele deveria estar na casa da mãe da sua esposa. Então seguimos até a casa da sogra, que nos orientou a voltar à casa dele. Fizemos isso. Voltamos à casa dele e desta vez o encontramos. Fomos convidados a entrar até a varanda frontal da casa, conversamos um pouco depois retornamos para a casa de Eli.

Fiquei decepcionado com a receptividade. Eli percebeu que ele não foi nada acolhedor e me disse: “José Carlos, aquele teu colega nem nos ofereceu uma cadeira para sentar durante a visita à casa dele.” A bem da verdade Eli tinha toda a razão. A minha decepção era igual à sua. Fiz todo o esforço para visitá-lo, mas o anfitrião foi frio e pouco cordial no acolhimento aos visitantes. Fiquei deveras envergonhado por ter convidado Eli para aquela visita inoportuna. Lá não voltarei jamais! Embora a nossa amizade permaneça fora da sua casa. 

Quando nos despedíamos do colega, Eli recebeu uma ligação telefônica de Mayara (sua filha) informando-o de que o carro de Eduardo (seu genro) estava no “prego” na BR-316 a poucos quilômetros do local onde nos encontrávamos. Eduardo, Mayara, Eduardo Filho e Murilo haviam saído há poucos minutos da casa de Eli, com destino a Bacabal onde moram, quando a pick up que os conduzia sofreu uma pane no motor. 

A Hilux velha pregou no meio do caminho devido a um furo na tubulação de combustível: jogava óleo diesel para todos os lados quando era ligada. Eli, o motorista Jr e eu fomos prestar socorro para Eduardo e família entre Pio XII e Bacabal. Quando nos deslocávamos para socorrê-los já estava escuro e de longe avistamos o carro com o pisca alerta ligado no acostamento da rodovia. Estavam todos ansiosos aguardando ajuda porque o local era perigoso e temiam ser abordados por pessoas inescrupulosas que transitavam na BR.

O colega que tínhamos visitado há pouco acabara de nos informar que fora assaltado quando vinha de São Luís para Pio XII. Ele contou que ao passar próximo a Arari o pneu do carro furou e três homens armados o abordaram de forma agressiva, bateram-lhe muito ao ponto de ficar com sequelas e permanecer por cinco dias fora de si, internado num leito de hospital em São Luís até retomar a consciência lentamente e voltar à normalidade, após três meses da ocorrência. 

Ao chegarmos no local onde a Hilux velha pregou, o motorista Jr. e Eli, eu e os demais envolvidos começamos a operação de socorro, usamos cintas para amarrar a traseira do carro de Eli à dianteira do carro de Eduardo. Na escuridão da noite usávamos os celulares para iluminar o ambiente e facilitar o trabalho de resgate.

Depois que o carro estava amarrado, Eli começou a movimentar lentamente o seu carro fazendo a curva na BR-316 para retornar a Pio XII. Logo na curva se deparou com um jumento morto no acostamento e tivemos que fazer a primeira parada para retirar o “bicho morto” do caminho. O motorista que acompanhava Eduardo puxou o jumento pelo rabo e o retirou da frente. Eli seguiu puxando o carro de Eduardo com ele ao volante, com muito cuidado para não bater na traseira do carro da frente. Essa operação de reboque – sem o cambão parece simples e segura, mas é perigosa e requer pericia dos motoristas envolvidos. 

Eli seguia em baixa velocidade de 10 a 20km /h sempre pelo acostamento da BR-316 até chegarmos à Ultragaz. Deixamos a Hilux de Eduardo no posto de gás até o amanhecer do dia seguinte. O motorista Jr. ainda tentou arrumar o tubo furado do motor, mas vazava tanto óleo que desistiu da ideia. Trouxemos Eduardo até a casa de Eli que emprestou o seu carro para Eduardo levar a família para Bacabal e devolvê-lo no dia seguinte. 

Enquanto rebocávamos o carro de Eduardo. Eli era o motorista e eu passageiro, conversávamos que no dia anterior eu tinha feito uma proposta para comprar a Hilux de Eduardo, mas naquele momento não pagaria nem a metade. O carro velho está “bichado” e Eduardo bom de papo tentava passar a “lata velha” sempre dizendo que estava em bom estado. Vai enrolar outro! Estou fora desse negócio! 

Concluída a missão de salvamento voltamos para a casa de Eli e Maria. O jantar farto foi servido, jogamos conversa fora com os presentes, assistimos alguns “flashes” de jogos que passavam na TV. A turma parece viciada em jogos de futebol, nunca vi tanto tempo perdido acompanhando diversos campeonatos, a toda hora era um jogo diferente. Eles gostam de apostar e seguir os jogos numa dinâmica discussão sobre os resultados, melhores jogadas e jogadores etc. O Flamengo ganhou o Cruzeiro de 1 a zero. Não me perguntem em qual campeonato que não sei de nada a respeito. A única certeza é que desde criança decidi torcer pelo Flamengo, Palmeiras e Moto Clube. E gosto de assistir aos jogos da seleção brasileira durante a copa do mundo. De outra forma normalmente não perco tempo com jogos de futebol. O fantástico mostrava as belezas da China quando fomos dormir.

Na segunda-feira pela manhã visitamos a avó de Pablo – a simpática e distinta: Vovó Sinhá, como é chamada pelos netos. 

Raimunda Sousa Oliveira – Dona Sinhá, mãe de Eli, é uma mulher sábia, forte, determinada, guerreira, de fácil comunicação e agradável no trato. De um coração do tamanho da língua. Conciliadora, líder por natureza. Sabe o que quer e orienta a família para a comunhão. Batalhou por toda a vida para sustentar os filhos. Trabalhou duro desde criança, superando desafios dia após dia desde a roça até ajudante de caminhão nas feiras de Pio XII. O compromisso com a sobrevivência, educação e bem estar dos filhos fez desta humilde mulher um símbolo de luta, exemplo e lição para toda a família. Ela me disse que fazia tudo para que os seus filhos não voltassem para a roça, de onde veio. Digo que vovó Sinhá representa a garra, a força e a fé do povo piodocense por isso intitulei esta crônica Pio XII de vovó sinhá, numa justa homenagem a esta mulher exemplar.

“Toda mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.” (Salomão) 

Ao saímos da casa da vovó Sinhá (Dani, Pablo, Léo, Socorro e eu) paramos logo em frente à praça central e compramos algumas lembranças: quadros, objetos para decoração da casa, fruteira e abajur de vime, corujas de cerâmica, tudo muito bonito por um preço acessível. O vendedor relatou que passa por todos os estados do Brasil numa aventura continua vendendo objetos de decoração, mesas, cadeiras, jarros, enfeites para casa, entre outros artigos. Também disse que nasceu em Brasília e vive passeando pelo Brasil num caminhão baú cheio de “coisa bonita” para alegrar os lares dos brasileiros. Esclareceu que parou em Pio XII porque tem uma boa venda. Reclamou do calor e do sol ardente. Continuou dizendo que a sua pele está ficando cheia de marcas perigosas e que deveria usar uma camisa de mangas compridas para proteger-se contra os raios ultravioleta, mas não usa. E concluiu: “Tenho o exemplo do meu pai que contraiu câncer de pele por falta de proteção”.

O difícil foi levar tudo o que compramos num só carro abarrotado de malas, roupas e passageiros. Deixamos parte dos objetos para Eli levar quando for a São Luís. 

Na segunda-feira após o almoço (almoçamos carne de bode, com sobremesa de melancia e outras guloseimas) retornamos de “Jeep” para São Luís. 

Pablo, Danielle, Léo, Socorro e eu passamos mais um final de semana juntos, alegres e felizes em Pio XII. Onde fomos muito bem acolhidos por Eli e Maria aos quais agradeço pela gentileza, carinho, hospitalidade e atenção dispensada a todos nós neste fim de semana extraordinário. Que DEUS abençoe este município e faça prosperar as OLIVEIRAS neste torrão. Até aqui nos ajudou o Senhor!

“A salvação de muitos depende da oração de poucos.” (Pio XII)

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