“Não importa o que você seja, quem você seja, ou que deseja na vida, a ousadia em ser diferente reflete na sua personalidade, no seu caráter, naquilo que você é. E é assim que as pessoas lembrarão de você um dia.” Airton Senna
Na minha infância vi Faustino e Purgante dançarem vestidos de saia. Era tudo muito estranho na minha cabeça confusa de criança, que sempre via homens vestidos de calças e mulheres de saias. Eles eram diferentes, indiscretos nos carnavais e discretos nos dias normais.
“Enfrentar preconceitos é o preço que se paga por ser diferente. ” Luiz Gasparetto
Vestiam saias e desfilavam nos blocos dos carnavais, brincavam afoitos entre os foliões com alegria estampada no rosto; sem declarar as paixões.
Só eles deviam saber dos segredos guardados nos seus corações; eram muitas fantasias no fervilhar das emoções.
Faustino a quem vi algumas vezes, da janela da casa dos meus pais, desfilar na rua Eurico Macêdo, seguiu mais cedo. Enquanto José Ribamar Lisboa (Purgante) com a sua alegria genuína e contagiante, continuou a sua missão; transbordando simpatia e animação. Viveu seus dias de glória e, fez em Rosário a sua história.
“Na vida é preciso ter coragem para ser diferente e competência para fazer a diferença. ” Angela Beirão
Segue hoje o seu destino, o conterrâneo peregrino. Deus o tenha em seu abrigo e, reencontre o seu velho amigo Faustino. Deve haver um bom motivo para ser o escolhido; mesmo que pareça sem sentido, quem define o nosso dia é o soberano que nos espia e guia.
Talvez Purgante tenha sido convidado para ser o protagonista de uma festa lá no céu; onde as estrelas se encontram todas vestidas de véu; para comemorar o Natal com Papai Noel.
Aos memoráveis homens de saia a minha singela homenagem póstuma. Como não fiz em vida talvez não tenha nenhum significado, o que eu poderia ter feito para reconhecimento, hoje eu faço por remorso, expressando minhas condolências pelo passamento precoce.
“Me criticam por ser diferente, mas rio deles por serem todos iguais, e loucos como eu vivem pouco, mas vivem como querem pois não me importa se não houver o amanhã, me deram a vida e não a eternidade…” Bob Marley
Sofrimento, dor, luto, angústia, pesar, tristeza e consternação são sinônimos do que muitos rosarienses sentem pela perda e falta do notável “Purgante”.
Desconhecemos a causa mortis, mas as circunstancias sombrias do repentino traspasse nos deixa uma reflexão:
“A vida é um momento.
É um sopro.
E a gente só leva daqui
o amor que deu e recebeu.
A alegria, o carinho
e mais nada.”
A vida é um sopro!
José Carlos Castro Sanches
São Luís, 04 de dezembro de 2019.