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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

O RIO

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

Reitero as palavras do Economista e Mestre em Literatura Brasileira, Jorge Campos, no artigo que segue sobre a obra-prima “O Rio”, do amigo Escritor, Cronista, Advogado e Pesquisador maranhense, José Fernandes.

Quero nesta oportunidade convidar os leitores a adquirirem o precioso exemplar de “O Rio” na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou pelo site: www.ameilivraria.com . Como disse Francis Bacon: Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir. ”

Este livro que ora recomendo deve ser provado, devorado, mastigado e digerido pelos leitores ávidos por conhecimento e literatura de excelência que encanta e engrandece o espirito. Eis a sugestão de hoje. Boa leitura e reflexão!

O RIO, OS PEIXES E A POROROCA

                                                                                                      Jorge Campos*

Merece crédito a frase do escritor Marcelo Fróes ao dizer que “os livros podem ser como vinho velho e filmes antigos: ficam melhores com o passar do tempo; se a narrativa não fica desatualizada, um bom livro pode ser eterno, como são os códigos religiosos e os clássicos da literatura”.

       Lembrei-me dessa expressão ao reler, agora, um livro editado há bastante tempo, aqui mesmo em São Luís, precisamente em 2004, intitulado O rio, pelo seu conteúdo realístico e atualizado, e por ainda preencher uma lacuna contextual da maior importância para aqueles que, sincera e espontaneamente filiados à defesa da natureza, propugnam pela badalada e pouco exercitada cidadania ambiental, com relação aos grandes cursos de água doce do planeta.

       É ao rio Mearim que o livro se refere, curso de água potável genuinamente maranhense, que banha, com seus afluentes – Pindaré, Grajaú, Flores e Corda -, mais de 40 municípios, com igarapés, córregos e lagos imensos, repletos de cachoeiras, pororocas, peixes e lendas (outrora, o rio inundava casas e ruas urbanas e suburbanas das cidades, enchentes que perduraram até a construção, pelo Governo Federal, de uma grandiosa barragem, ora prestes a ruir, por falta de zelo e conservação). 

        O livro O rio, aqui reportado, da autoria do advogado e pesquisador maranhense José Fernandes, ativo sócio honorário do nosso Instituto Histórico e Geográfico, encanta logo de início pelo seu linguajar poético, ao evocar o rio de sua infância, responsável pela sua progênie (você saberá o motivo), cuja “simples visão, ainda hoje, lhe revigora as forças e lhe abastece o espírito, como se, nos seus murmúrios, pressentisse mensagens que envolvem os seus mistérios”.

       Fala-nos o livro, em tom de conversa amena, sobre a navegação do rio por barcos à vela e à vapor, lanchas, batelões e igarités, que conduziram, por séculos, os produtos agrícolas que ajudaram a forjar a riqueza do Maranhão em outros tempos, formadora de uma abastada categoria de negociantes e embarcadiços, coadjuvante de um ciclo de prosperidade, em meio a belas e rústicas paisagens de campos e matas virgens.

       Sabe-se que a ideia da obra surgiu de pequenas anotações que o autor fez em um passeio, que se transformou numa expedição de estudo, no extenso percurso do Mearim, com outros companheiros de jornada – uma narrativa aventureira contada com toda a crueza de sua realidade, vivida em região pouco visitada; mostra a extrema pobreza dos seus habitantes, carentes moradores de rústicas cabanas de palha e chão batido, desprovidas dos mais comezinhos preceitos de higiene e saneamento, mas, na maioria, dotados de cândida conformação com o próprio destino.

       Os excursionistas transitaram pelos entornos ribeirinhos, munidos de extensos questionários, transformados em entrevistas in locum, e, com elas, obtiveram conhecimentos reais das condições sociais, econômicas e etiológicas dos moradores da região – ações devidamente documentadas fotograficamente e incluídas no compêndio referido.   

       Interessantes e instrutivas são as observações históricas e geográficas, feitas pelo autor, referentes às viagens que fizera ao Lago-Aço, às cidades sediadas nas margens, à grande Barragem do rio Flores, à aldeia indígena Cachoeira, e, mais relevantes, às recônditas e antes desconhecidas nascentes do extenso rio, cuja leitura atual faz-nos ver, pelo que sabemos por fontes confiáveis, que a ambiência do Mearim, hoje, encontra-se em estado ainda mais deplorável do que quando o livro fora lançado (vide págs. 137/141).

       Já naquela época, o autor recomendava: “a área em derredor das cabeceiras dos primeiros fluxos de água deve ser declarada reserva de proteção ambiental… A salvação do rio deve começar logo com a construção de cercas, devidamente vigiadas, para a proteção da nascente, antes que seja tarde”.

       A obra em referência nos mostra uma visão panorâmica, antiga e atual, não somente do Mearim, mas dos demais rios do Maranhão, do Brasil e muito além, com raras exceções – amostragens vivas, em tese, das sujeiras aquáticas do mundo. Seus capítulos concluem evidenciando que “a natureza sábia evoluiu milhares de anos para moldá-la em proveito do ser humano, e esse mesmo ser, seu beneficiário, precisou de apenas de alguns anos par levá-lo a um processo de lenta decrepitude”.

       No final de O rio, José Fernandes, além de expor várias providências a serem tomadas por quem de direito, a fim de melhorar as condições de vida da população mearimense, sugere, ainda, que os municípios da bacia realizem seminários, isolados ou em grupos, onde os problemas detectados sejam postos em questão, discutidos e transformados em medidas simples e eficazes para a revitalização daquele ainda saudável curso líquido, sem os formalismos e os dispêndios de ações públicas que raramente se concretizam.

       Não temos notícias de que os estudos e sugestões contidos na aludida brochura tenham ou não sido aproveitados pelos comitês de defesas dos rios Mearim e Itapecuru, criados pelo Assembleia Legislativa do Estado, cuja atuação prática ainda desconhecemos.

       Inobstante, o livro, ora sumariamente comentado,é um tributo à água, um convite à vida e um libelo contra a devastação ambiental. Mostra que a simples prática de noções ecológicas minimizam os riscos que cometemos com a poluição do ar e da água, com a diminuição das árvores, dos peixes e das aves.

       O livro, enfim, retrata, em parte, uma cruel fase da nossa vida, na hora presente, fazendo com que o autor alcance a indignação pela irresponsabilidade da ação do homem – único animal a cuspir naquilo que bebe, como na visão de João Cabral: Severino, retirante, o mar da nossa conversa precisa ser combatido, sempre, de qualquer maneira, porque senão ele alarga e devasta a terra inteira.

       É salutar você ler ou reler esse  livro – O rio. É a voz do cidadão consciente, que constrói uma obra útil, mas difícil, por querer obter transformações radicais da realidade imperfeita. Você verá.

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* Economista e Mestre em Literatura Brasileira.

São Luís, 08 de julho de 2021.

Dados abaixo atualizados em 30/01/2024.

José Carlos Castro Sanches.

É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.

FONTE DA IMAGEM: ARQUIVO PESSOAL

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de inúmeras antologias brasileiras.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS07.01.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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