Por José Carlos Castro Sanches
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“O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar.” (Eugène Delacroix)
Quem é aquele que observa e transcreve a realidade e a fantasia, o belo e o feio retratado com magia e insofismável prazer?
Parece que o pensamento voa na velocidade da luz, o sentimento mergulha nas profundezas do oceano e flutua nas galáxias entre estrelas, astros e planetas. Enquanto a caneta escorrega no papel, as teclas da máquina de escrever ou computador se recompõem após cada batida à espera de novos toques; os guardanapos, o papelão, a madeira, a pedra, a areia molhada… guardam as emoções traduzidas em letras, frases e parágrafos.
As metáforas, hipérboles, perífrases…; os poemas, as crônicas, os contos, as trovas, e outros escritos sobre temas universais diversos vagueiam no universo e transcendem montanhas e vales, ares, mares, lugares… levando mensagens de amor; paz; gratidão; alegria; felicidade; liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança; realidade… ficção, ódio, violência, dor, sofrimento, mentira… Francine Prose, sabiamente admite que: “Todos os elementos da boa-escrita dependem da habilidade do escritor de escolher uma palavra em vez de outra. E o que prende e mantem o nosso interesse tem tudo a ver com essas escolhas.”
O escriba traduz em palavras o que sente, o que ouve, o que vê, o que respira e degusta, ora é aplaudido, reconhecido, louvado amado e encontra guarida nos corações dos leitores ávidos por novidades, ora é detestado, criticado, desprezado e crucificado, recebe ofensas por contrariar o pensamento de quem os lê; ambas as possibilidades são bem-vindas, a primeira pela aceitação e acolhimento, a segunda por provocar a reflexão de quem as recebe.
O beletrista é um criador nato, uma espécie de visionário que vive a sonhar num mundo de fantasias, sem perder o senso da realidade, capaz de perceber as minúcias com um olhar estrelado de noite de verão, metamorfoseado em prosa ou poesia. O poeta chileno Pablo Neruda, estava certo ao dizer: “Sobre a terra, antes da escrita e da imprensa, existiu a poesia.”
O literato é um ser repleto de alma e coração, emoção e razão; uma centelha de luz na negridão; é sol, lua e estrela; lago, rio e mar; galho, passarinho e ninho; transforma deserto em floresta; solo infértil em oásis; areia e vento em tempestade; cruza águia com leão e produz formiga; faz da abelha mel e veneno; usa a força e a fé com foco para libertar a tinta da caneta e colorir o papel com letras e palavras mágicas; com coragem ou medo, reproduz os sonhos com galhardia; do papel, sem fogo, produz cinza; é um lenhador que extrai a lenha do cabo do machado; subleva o ruído, decompõe o som e cria a melodia; com a pena faz a música, ao teclado dança com as letras e as palavras certas, no tempo certo, provoca guerra ou harmonia. Aproprio-me do axioma de Joseph Conrad, por traduzir o que penso: “Para mim escrever é uma conversão de minhas forças em frases.”
O escritor/ cronista é um misto de tudo e nada; ilusão e realidade; mentira e verdade; sobriedade e loucura, criatividade e trivialidade, solidão e multidão, ovelha e lobo, cão e gato, diversão e tédio, circo e prisão, magia e desencanto; brilho e sombra; trem, passageiro e trilho. Como disse Fernando Pessoa: “Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo.”
O poeta é um ser vivente, veneno, vacina e serpente; futuro, passado e presente; fantasma, bicho e gente; um eterno sonhador das múmias remanescente; das catástrofes, sobrevivente; do rio denso a nascente, do sol luzente o poente, das certezas um descrente, da vida um sofrível imortal que com a pena escorreita descreve alegre ou triste tudo que sente.
Os leitor atento deve estar a se perguntar: onde estou nesse emaranhado de palavras? Afinal qual o meu papel nessa complexa engrenagem? Digo-lhe que em tudo está presente, sem você não haveria escritor. Somos cumplices, tudo gira à sua volta, motivo pelo qual entre ter e ser prefiro ser, a essência tem valor, as coisas têm preço. Como disse Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses.”
Todo mundo pode ter o que eu tenho, mas ninguém pode ser o que eu sou. Ser escritor é uma dádiva de Deus, a quem devo ser grato pelo dom recebido e pelo conhecimento compartilhado todos os dias da minha vida. Como disse Cora Coralina: “O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando no fim teremos o que colher.”
Tenho a convicção de que a magia acontece ao escrever, mais vale a apreciação silenciosa do que a expressão espúria. Ao apropriar-me da escrita busco com a pureza d’alma e do coração traduzir a beleza da vida por acreditar escrever é um ato de amor e prazer que deve acompanhar cada palavra reproduzida no papel, máquina de escrever ou qualquer outra forma de escrita. Assim fazem os escritores que assumem o compromisso com a arte de escrever bem para encantar os leitores e deixar um valioso legado para a posteridade.
Sou um eterno aprendiz! Ciente de que a palavra é fogo que não queima e mar que não afoga. Pode ser quente e profunda; morna e rasa; fria e superficial. Acredito piamente na premissa de Stephen King, ao afirmar: “Se quiser ser escritor, deve fazer duas coisas acima de todas as outras: ler e escrever muito.”
É o que tenho feito, com esse amor que manifesto os meus pensamentos diariamente e recebo o carinho daqueles que apreciam a minha escrita, um dia quem sabe serei lembrado como escritor, como hoje faço aos ilustres escritores de outrora, do presente e do futuro.
Como asseverou Jorge Amado: “O escritor é um aprendiz do seu ofício até que deixe de escrever.” Deus seja louvado!
São Luís, 15 de julho de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.
Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS15.07.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.
