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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

O COLAR E A ONÇA

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

FONTE DA IMAGEM: INTERNET

“Não importa quantas vezes seu coração foi quebrado, um dia aparece alguém para colar todos os pedaços, da melhor forma possível.” (Pequena Sereia)

Em uma tarde ensolarada de segunda-feira, após o almoço, mantinha-me acordado porque era impossível dormir por longas horas para recuperar o sono perdido nas noites que antecederam àquele dia, logo encontrei uma saída para driblar o sono escrevendo sobre algo que desafiasse a minha mente a pensar fora da caixa. A começar pela escolha do título desta crônica, o grande problema era segurar as pálpebras dos olhos e mantê-los abertos. Estava difícil contrariar uma necessidade fisiológica em detrimento da escrita – que não combina com sono – como dizem os especialistas, todavia nada me impedia de fazer o contrário.

Ser contraintuitivo e romper a inércia é sempre uma missão complicada. É mais fácil entregar-se a uma cama ou rede do que apropriar-se de um computador e dedilhar as teclas em profunda sonolência. Fechar os olhos, dormir e sonhar com um colar de onça foi a única alternativa viável encontrada naquele momento.

O que era sonho virou pesadelo quando a onça zangada resolveu desvencilhar-se do colar de ouro em que estava emoldurada com pedras de diamante de brilho imensurável.

Aos olhos de uma bela mulher que admirava, a joia preciosa passou a ser objeto do seu desejo. Aquela simples caricatura de onça confeccionada por um ourives e gravada no colar passou a ter mais valor do que o próprio animal livre na floresta.

Não parece diferente daqueles que em vida não recebem a devida atenção e após a morte ocupam lugar de destaque no rádio, televisão, entre outras mídias. Se Ana Amélia ressuscitasse e recebesse um convite do amado, depois de inúmeras comemorações pelo bicentenário do seu nascimento, provavelmente contrariando a decisão da sua mãe, faria com que o medroso pretendente a levasse a fórceps para bem longe da sua família, deixando o poeta sem inspiração para escrever “Seus Olhos”.

“Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;”…

“Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.”

Quando acordei, percebi que alguém havia deixado sobre a mesa do meu escritório este escrito de próprio punho, intitulado “O colar e a onça” que ora transcrevo. Nestes dias de festa em homenagem ao maior poeta brasileiro é provável que tenha sido obra de Gonçalves Dias, agradecido pela reverência e pedindo a minha ajuda para entregar um lindo colar à sua musa. Suspeito que a donzela ficará feliz ao receber o presente tão sonhado em vida. Afinal qual é a mulher que não se encanta com um acessório elegante e valioso? Diga-me!

São Luís, 14 de agosto de 2023.   

José Carlos Castro Sanches                                                               É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta brasileiro.

Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras e Artes e da Academia Vianense de Letras.                                                      

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento e Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS14.08.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

FONTE DA IMAGEM: INTERNET

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