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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

O CEGO BARTIMEU

Por José Carlos Castro Sanches

Vida que segue! No primeiro domingo, um dia após o meu aniversário de 60 anos, ocorrido em 26 de março de 2022. Por insistência da minha neta Julie Sanches, fui à Igreja Comunidade das Nações da Avenida dos Holandeses no Calhau. Não sei o que se passava na cabeça dela, o que a atraía, quem o chamava, mas fiquei feliz porque ela desejava ir para a igreja e principalmente pela insistência em convidar os avós e uma amiga para acompanhá-la. Eu estava extasiado pelo que ouvia e senti o genuíno desejo de participar daquele momento com ela, assim foi feito.

Eu, minha amada esposa Socorro Sanches e Julie, chegamos à igreja por volta das 18:10h, o culto tinha começado e o louvor estava contagiante, os jovens tocavam os instrumentos musicais, as cantoras e cantores festejavam com júbilo aquele momento ímpar, naquele ambiente receptivo e divino. Lá encontramos a minha filha, Danielle Sanches, o genro, Pablo Leonardo e os dois netos Leonardo Davi e Amelie Sara, assim se completava a bênção dominical em família.

Seguiu-se a programação e a palavra escolhida pelo Pastor Alessandro para aquela ocasião foi Marcos 10. 46-52, que retratava a “Fé do cego Bartimeu”. Alessandro é um jovem pastor, simpático anfitrião, carismático e agradável no trato. Demonstra talento e aptidão para o trabalho missionário, conhecimento da palavra e tem boa oratória. Não o conheço a ponto de aprofundar as referências pessoais e outras qualidades, todavia o que guardo e descrevo é a minha primeira boa impressão. Como dizem: a primeira impressão é a que fica.

O cego Bartimeu, filho de Timeu, sentado junto à estrada aguardava a passagem de Jesus de Nazaré, ele tinha fé e estava disposto a mudar. Era aquela a sua última chance, porque Jesus Cristo fazia a derradeira passagem por Jericó, rumo ao Calvário. Foi isso que aprendi naquela breve reflexão durante o culto.

Em seguida comecei a indagar-me sobre algumas questões relativas àquela passagem que mexeram comigo naquela noite. Descreverei a seguir, sem a pretensão de retratar aspectos bíblicos, visto que pouco sei sobre o assunto, focarei com um olhar de leigo e percepção humana limitada na minha inquietação e dúvidas suscitadas durante a escuta ativa da palavra, motivo dessa narrativa.

Quantos de nós estamos cegos para o mundo e para as pessoas que nos cercam? Focados unicamente nas ambições pessoais e profissionais, nos desejos, sem valorizar o que realmente importa: saúde, família, amigos e viver abundantemente o presente.

Talvez, a cegueira representada na parábola de Marcos, referenciada acima, seja aquela que não nos permite visualizar a realidade; nos enclausura na utopia; nos distancia da benevolência, do amor, da fraternidade e da eternidade; distorce o nosso foco para os bens materiais, sucesso e realizações pessoais e profissionais em detrimento de ações coletivas em benefício da humanidade, tais como: paz, fraternidade, solidariedade, empatia, respeito…

Somos cegos com olhos perfeitos porque não enxergamos quem necessita da nossa ajuda ao nosso lado; não sentimos a necessidade do irmão; não nos alegramos com a vitória do outro; não partilhamos as bênçãos e vantagens recebidas; não sorrimos para os renegados; não damos a mão ao sofredor; não nos sentamos ao lado do necessitado. Julgamo-nos superiores e mantemos distância daqueles que nos incomodam ou subestimamos e fortalecemos a indiferença, a intriga, o conflito e a guerra.

Somos cegos pela soberba, pela ambição, pelo desejo de riqueza material; por valorizar e acreditar em pessoas que não nos valorizam, desejam o nosso insucesso e alegram-se com os nossos fracassos; porque não percebemos os verdadeiros amigos e bajulamos os inimigos; pela infinita incapacidade de visualizar a realidade e solidarizarmo-nos com quem realmente precisa da nossa ajuda.

Somos cegos porque os nossos olhos só conseguem olhar para dentro de nós, como Narciso que contemplava apenas a sua própria beleza; somos cegos porque visualizamos unicamente o que nos faz bem; o que é vantajoso e nos agrada; o que nos dá lucro e prazer; o que nos acrescenta status e promoção; o que nos interessa e agrega valor próprio; o que nos faz parecer maiores do que somos. O egoísmo e o egocentrismo limitam a nossa capacidade de perceber as nuances, os detalhes, as necessidades e a infelicidade do próximo.

Quem disse que Bartimeu era cego? Ele enxergou a solução do seu problema, acreditou e agiu para mudar o seu próprio destino. Cego sou eu, que acorrentado pelo ego, limito minha visão para as coisas superficiais, banais, efêmeras, carnais e esqueço de viver a espiritualidade, o amor eterno e a graça da salvação. O Pior cego é aquele que tem olhos e não quer ver!

Que essa breve introspecção possa levá-lo a refletir sobre sua vida. Redirecione o foco para o que realmente importa, aja e mude, antes que seja tarde. Jesus passará novamente em seu caminho a qualquer momento, encoberto, desfigurado, sedento, faminto, triste…. Tenha sabedoria e esteja preparado para enxergar o que ele tem a lhe mostrar, seja com palavras, gestos, sinais indecifráveis quase imperceptíveis e invisíveis. Talvez, hoje Ele tenha usado o meu dom e vocação, inspirando-me, segurando nas minhas mãos e ocupando o meu precioso tempo para aflorar suas palavras e deixar uma mensagem reflexiva para você por meio desta singela crônica.  ELE sabe o que faz! Deus seja louvado!

São Luís, 28 de março de 2022.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e catorze livros inéditos. Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS28.03.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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