Por José Carlos Castro Sanches
Parabéns pelo seu aniversário!
“A vida é um milagre…
É uma dádiva de Deus…
É um privilégio…
É um presente…”
(Autor desconhecido)
Vou contar um pouco da história de Raimunda Menezes Monteiro, mulher vibrante da família Menezes Monteiro.
O que escrevo não é verdade absoluta – é apenas o ponto de vista de um leigo observador que deseja homenageá-la neste dia. Portanto, aos críticos a minha retratação antecipada se algo que escrevi não corresponder com o pensamento e expectativas de vocês. Só posso dizer que o meu propósito é exaltá-la e presenteá-la retratando um pouco da sua história de luta e sucesso. A ela, com carinho, dedico esta crônica
Preparem-se porque o texto é longo. Só lê quem tem paciência, tempo disponível e curiosidade sobre os feitos desta grande mulher de Deus. Boa leitura e reflexão!
Hoje 18 de abril de 2020 a minha sogra Raimunda Menezes Monteiro – mulher de fibra, determinação e coragem completa 83 anos de vida e muitas bênçãos derramadas por todos os lugares por onde passou, especialmente para os seus filhos, familiares e amigos. Ela é o nosso porto seguro na oração fervorosa diária com os joelhos no chão e muita fé em Deus.
“Só há duas maneiras de viver a vida: A primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A Segunda é vivê-la como se tudo fosse um milagre”. (Albert Einstein)
Minha querida e amada sogra: Viva intensamente o Presente” de maneira a deixar saudade por onde passe.
D. Raimunda é a síntese da fé e determinação. Nunca vi uma mulher tão guerreira e decidida como ela. Tudo que “bota na cabeça” para fazer ela faz. Transforma sonhos em realidade!
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13)
Tem uma impressionante e extraordinária capacidade de persuasão ou “manipulação” como queiram entender. Cria caminhos, estratégias para colocar em prática tudo que deseja. Desde uma viagem até a construção de uma casa em Rosário, passando pela educação de todos os filhos.
Vai além, gosta de ajudar as pessoas. Tudo o que ela faz é pensando no outro. É incapaz de ir para algum lugar (aniversário, visitar um filho, à igreja…) sem levar algo (alimento, roupas, objetos úteis…) para ajudar aos mais necessitados.
Quando tem algo sobrando em casa distribui para os vizinhos. Até quando chegamos a Rosário com o carro com vagas disponíveis para voltar a São Luis – ela procura alguém que possa vir conosco para ajudar a não gastar dinheiro com a passagem de ônibus. Um coração maior do que o mundo!
Como passou por muitas necessidades no passado (quando criança, adolescente, jovem e ainda adulta) sente-se obrigada a ajudar a todos os necessitados. Isso às vezes estressa quem está ao seu lado.
Quer sempre oferecer algo para quem a visita em sua casa ou fica ao seu lado. Chega a ser chata querendo empurrar: suco, bolo, comida… ou qualquer outro alimento. Tentando agradar a todos. Fico estressado quando ela insiste com essas gentilezas. Mas, respeito!
Tem uma grande necessidade de reconhecimento. Quer estar presente em tudo. Não gosta de perder nada em família. Mesmo que isso gere um grande transtorno para os filhos resolverem como atendê-la. Reforço: Quando ela bota uma ideia na cabeça ninguém é capaz de mudar o seu pensamento até que “seja feita a sua vontade”. É uma mulher determinada e perseverante.
Pressuponho que essa necessidade de reconhecimento vem da “carência de afeto” recebido dos pais na infância e adolescência muito sofrida. Mas, isso eu vou deixar para as netas psicólogas (Rafaelle, Danielle Sanches, Maiara Marques e Jhéssica Oliveira) avaliarem – não sou especialista nesse assunto tampouco psicanalista. Estou dando um pitaco de leigo. Já escrevi sobre isso antes em outro momento, não sei onde guardei os escritos. Mas, vamos voltar ao foco, ao que de fato importa.
A admirável determinação e capacidade de persuasão (forçada às vezes pela insistência desmedida) para fazer com que os outros façam exatamente o que ela quer é um problema a ser estudado. São virtudes e defeitos que a tornam protagonista e vilã nos momentos diversos da vida. Esse antagonismo dialético que os psicólogos podem explicar melhor que eu como disse anteriormente.
O excesso de zelo, reconhecimento e a preocupação em querer agradar os outros pode incomodar muita gente. Fazendo com que alguns mantenham distância segura. Como eu. Apesar de amá-la e admirá-la. É a minha sogra e me trata como filho ou mais que isso.
A pouca habilidade para ser afetiva e fazer um carinho contrasta com a sua bondade e pureza extrema. Parece às vezes que está em outro mundo ainda com pensamentos que vislumbram uma realidade distante da que vivemos. Num sonho celestial!
Não sei definir claramente D. Raimunda. Só sei que ele é especial!
Demonstra uma grande necessidade de ser útil. Porém, considera como obrigação ajudar as pessoas a todo o momento. Às vezes parece inoportuna.
Vive uma vida de oração e devoção ao soberano Deus, criador do céu e da terra. Tem uma disciplina “Militar” para atender aos horários das suas orações. Ninguém pode dormir, ou fazer algo diferente nesse horário. A hora é dedicada a Deus – gostando ou não todos são obrigados a participarem da leitura Bíblica e oração diária. Ela considera que a gratidão a Deus deve estar sempre em primeiro lugar!
A ansiedade toma conta do seu corpo e mente sempre que define um objetivo ou meta para realizar. Sai da frente dela porque o trator vai passar! Não poupa ninguém para realizar o seu desejo e obter o resultado esperado.
Isso requer paciência e jogo de cintura das filhas (o), genros, nora, familiares e amigos para atendê-la sem mágoa. O que não é fácil meu caro leitor. Bota paciência! Porque todos têm os seus afazeres diários e nem sempre é possível atendê-la de imediato. Mas, os pedidos dela têm que ser priorizados – são mais importantes que o de todos os filhos ou pessoas a quem ela recorre para ajudá-la. Esteja pronto para atendê-la a qualquer momento porque senão ela vai continuar insistindo até você fazer o que ela quer. Mulher determinada e insistente, sim senhor!
Raimunda Menezes Monteiro nasceu em 18 de abril de 1937, em Água Fria município de Chapadinha – MA. A 3(três) léguas de Chapadinha com diz seu David. Filha de Manoel Ferreira e Virginia Menezes. Eram 4 (quatro) irmãos (3-três mulheres e 1-um homem): Raimunda, Maria, Antônia e Raimundo.
Ainda jovem D. Raimunda foi para Coelho Neto. Onde conheceu o galã namorador de cinco garotas (zarolha, perna torta, bicha do mato, arrebitada e a bela Raimunda no auge da idade). Lógico que escolheu a mais bonita e virtuosa para casar.
“A mulher virtuosa é coroa de honra para seu marido, mas a de atitudes vergonhosas é como podridão nos ossos dele. ” (Provérbios 12:4)
Dez meses depois que David e Raimunda se conhecerem ocorreu o casamento em 19 de junho de 1955. Ano em que o grande físico, pai da ciência moderna Albert Einstein faleceu em 18 de abril, mera coincidência. Porque, a partir daquela data nascia uma bela família para dar continuidade à Teoria da Relatividade Monteriana “Caçadores dos Montes, guardas da mata e oficiais da casa real”, como citam os historiadores sobre a origem da Família Monteiro.
Como David era um “cabra da peste” piauiense, comedor de bode, bom de papo, bonito e namorador, recém-chegado à cidade e iria casar com a garota mais bonita de Coelho Neto.
“No dia do casamento os “despeitados” colocaram na rádio local da cidade a seguinte música: “Quem roubou a minha filha… vai roubar no cemitério… no dia do casamento Zé Lutério vem nos ver.. ”
Não entendi a conotação da música, mas David e Raimunda entenderam bem a mensagem dos despeitados. Afinal um Piauiense de Floriano, veio de fora para roubar a bela adormecida de Coelho Neto. Não era para menos a indignação dos pretendentes da própria cidade que foram passados para trás por um forasteiro.
“Quem encontra uma esposa descobre algo excelente: recebeu uma bênção especial do Senhor. ” (Provérbios 18:22)
D. Raimunda me contou que eles colocaram a música no alto falante da rádio local que fazia uma programação toda a noite. Exatamente no dia do casamento, porque não queriam o casamento de Raimunda com David. Mas David venceu até Golias! E juntos constituíram a família Menezes Monteiro. Benção de Deus para as nossas vidas!
“Venha para cá’, disse Golias, ‘e eu vou dar seu cadáver às aves e aos animais’. Mas Davi disse: ‘Você vem a mim com espada, lança e dardo, mas eu o enfrento no nome de Jeová. Hoje, Jeová entregará você na minha mão e eu o golpearei. ”
“Então, Davi correu em direção a Golias. Tirou uma pedra da bolsa, colocou-a na funda e atirou-a com toda a força. A pedra atingiu Golias bem na cabeça, e ele caiu morto! Vendo os filisteus que seu campeão havia caído, todos fugiram. Os israelitas correram atrás deles e venceram a batalha. ” (1 Samuel 17:1-54)
Casaram-se na casa da D. Vanda Bacelar onde D. Raimunda trabalhava com auxiliar de escritório, fazia curativos e aplicava injeções. Olha aí Fabielle Sanches de onde vem a sua vocação para Enfermagem.
“Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe”. (Mateus 19:6)
No início do casamento enfrentaram muitas dificuldades. O galã David não era fácil. Tinha uma garota da cozinha que ele namorava antes e, que ainda queria ficar “beliscando” depois de casado. Esse David era “cabra” danado. Era muito zangado e rígido e por vezes queria se alterar com a esposa. Mas, a sabedoria e a paciência de D. Raimunda domaram a fera.
“A mulher sábia edifica a sua casa, mas com as próprias mãos a insensata destrói o seu lar. ” (Provérbios 14:1)
D. Raimunda cita que: “Depois que David aceitou Cristo a vida melhorou. O casal passou a se entender melhor”. O maior domador foi Jesus Cristo! Que continua até hoje como a base de sustentação e pilar da família Monteiro.
“Como é feliz o homem a quem Deus corrige; portanto, não despreze a disciplina do Todo-poderoso. ” (Jó 5:17)
D. Raimunda relata um momento de extrema sabedoria, felicidade e alegria: “Quando casei com David e fui morar na beira do rio numa casa bem humilde. O pessoal da cidade não queria. Meus familiares também não, porque disseram que David era casado (era uma mentira para tentar impedir a união). E ninguém queria”. Raimunda era teimosa e decidida desde jovem e, casou assim mesmo a contragosto dos opositores.
“Porquanto, melhor é a sabedoria do que as mais finas joias, e de tudo o que se possa ambicionar, absolutamente nada se compara a ela!” (Provérbios 8:11)
O que D. Raimunda diz gostar de fazer: “Convidar as pessoas para ir para a igreja. Tenho mania. Mas, graças a Deus muitas pessoas já aceitaram a Cristo”.
“Também gosto de arrumar e limpar a casa. Gosto de ver a casa limpa, arrumadinha. Não gosto de cozinhar. Agora está tudo jogado. Não sou mais Raimunda. Sou velha Raimunda. Sempre fui preguiçosa na cozinha, mas gostava de fazer compras e arrumar a casa”. Acima de tudo é verdadeira e pura.
O que ela gosta na família: “Todos os meus genros e nora são benção de Deus. (Puxando meu saco durante a entrevista). É uma felicidade ver a família reunida. Apesar de não serem crentes (como se todo crente fosse responsável) são pessoas responsáveis. É uma tranquilidade que eu tenho. ” E completou: “Temos o nosso cantinho para morar. Quantos idosos não os têm? É uma segurança para a gente”.
A minha sogra está com grande dificuldade de lembrar do passado por isso não foi possível obter informações mais detalhadas sobre a sua história de vida.
Certa vez quando ainda estava com a memória afiada e boas lembranças do passado ela me disse da dificuldade que foi ser criada sozinha pela mãe após a morte do pai. Parece-me que houve um incêndio na casa deles e foi um momento muito difícil da sua vida com a mãe e irmãs.
Passou a ajudar a mãe a criar as irmãs para sobreviverem de forma muito simples. Com a humildade peculiar de uma família muito carente. Trabalhavam para sobreviver de maneira digna, sem se desviarem dos sólidos e rigorosos valores e princípios éticos, morais e religiosos que norteavam a família. Suportadas pela fé, dignidade, forte senso de responsabilidade e integridade que até hoje são os esteios e a base para a sua família.
Mesmo pobre trabalhadora. Criou os filhos e deu a quase todos o status de “formados numa universidade” o que faz D. Raimunda muito orgulhosa e feliz. Incentivou a todos para frequentarem uma igreja e seguirem os ensinamentos da Bíblia.
D. Raimunda é mulher de Fé. Determinada e forte. Sabe o que quer e faz acontecer. Trabalhadora dedicada à família. Preocupada em servir a Deus. Sábia. Esteio e fortaleza para toda a sua família. Mulher virtuosa e sensível.
Mãe exemplar de 9 (nove) filhas e um filho: Maria do Carmo, Marinalda, David Filho (Davizinho), Maria do Socorro, Rita Virginia, Eliene, Herbene, Jerúsia, Elizete e Elisaure.
Com as qualidades e defeitos que todos temos. Eles se completam e se fortalecem em tudo, com uma família muito unida e amiga.
Todos gostam de falar muito. Quando estão juntos ninguém sabe quem fala mais. Nunca vi tanto assunto, graça sem graça, tanto sorriso e alegria como nos encontros em família. Acho que seu David tem culpa nisso! É um contador de piadas e estórias engraçadas. D. Raimunda, nem tanto. Não gosta de brincadeira. Nem de falar dos outros. Mais uma grande virtude desta mulher sábia.
A alegria, generosidade e união desta família em torno dos pais e entre irmãos é algo diferenciado e envolvente. São solidários. Amigos de todas as horas. Fruto do envolvimento, orientação e educação recebida dos pais.
Tudo o que Raimunda e David sempre cultivam e reforçam em todos os momentos que estamos juntos é o amor, a união familiar, a fé e a solidariedade. Suportados pela sabedoria divina que é a plataforma e sustentáculo desta família feliz e abençoada. Referência para aqueles que desejam seguir o exemplo de vida abundante na graça de Deus.
Para você Raimunda Menezes Monteiro, guerreira, destemida, forte, sábia, amiga, mãe exemplar, mestre da palavra de fé, exemplo e lição de vida a ser seguido: Eu Tiro o Chapéu!
Poucos são aqueles que conseguem manter a coerência entre o que dizem e o que fazem. A ação é a palavra que transforma. Você é capaz de fazer as duas coisas simultaneamente com maestria: ser exemplo e lição de vida.
Parabéns pelos 83 anos de vida abundante na graça de Deus e muitos anos de vida com saúde, paz e alegria.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
São Luis, 18 de abril de 2017.
Revisado em 18 de abril de 2020.
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