Por José Carlos Castro Sanches´

“Não é possível chorar e pensar ao mesmo tempo, pois cada pensamento absorve uma lágrima. ” (Jules Renard)

Eu tentava escrever algo sobre lágrimas, reunia as ideias e finalizava um poema, quando inesperadamente meu computador iniciou a atualização dos arquivos, ao final, havia perdido tudo, senti uma dor no coração e as lágrimas saíram dos meus olhos e escorreram pelo meu rosto. Chorei sozinho, sem ter a quem recorrer, nem culpar. De verdade, como sempre digo que nada ocorre por acaso, era necessário acontecer esse fato para a minha descrição ser fiel, pura e verdadeira. Encontrei a inspiração espontânea para continuar uma narrativa real. O choro tem o poder de relaxar e as lágrimas são o relaxante natural.

“Nunca devemos envergonharmo-nos das nossas próprias lágrimas. ” (Charles Dickens)

Os leitores devem imaginar que é criação do autor, todavia as coincidências existem. Eu continuei sentado, a escrever no meu recanto preferido, quando a minha esposa chegou à porta do escritório para conversar comigo. Disse-me o seguinte: meu bem acabei de encontrar com a amiga “Lacrimosa” nome fictício para preservar a identidade – ela chorou por um longo tempo, as lágrimas escorriam como água da nascente, ao lembrar-se do marido que partiu para outra dimensão. Como disse Franz Grillparzer: “As lágrimas são o sagrado direito da dor. ”

Continuou falando sobre a amiga: Ela me perguntou se eu sabia o que era “A Síndrome do Ninho Vazio” – era tudo que ela sentia naquele momento pela ausência do marido. Só as lágrimas seriam capazes de amainar sua dor. Após a conversa se despediram e cada uma seguiu o seu rumo. Esta declaração fortaleceu o meu desejo de continuar escrevendo literalmente sobre lágrimas, após ter derramado as minhas quase ao mesmo tempo em que a vizinha se derretia em lágrimas pela perda e falta do amado. Essas lágrimas são emocionais, não são lágrimas de crocodilo que são reflexas. Entenda o que digo nas linhas que seguem.

“Não há no mundo palavras tão convincentes como as lágrimas. ” (Lope de Vega)

Lágrimas são gotas de esperança compostas de eletrólitos, com cerca de 60 tipos diferentes de proteínas que aparecem em nossos olhos e bochechas quando sentimos fortes emoções. Há lágrimas de alegria, desespero, resfriados, estresse, raiva, sofrimento, luto, dor física, alegria, crises de riso, felicidade intensa, dentre outras. Quero dedicar esta crônica a todas as lágrimas.

“Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia. ” (Vinicius de Moraes)

As lágrimas mantêm os olhos úmidos e a manutenção do funcionamento saudável dos olhos; evitam o ressecamento e protegem dos agentes irritantes; fornecem oxigênio e nutrientes aos olhos; previnem infecções; curam os danos na superfície dos olhos; lubrificam e alisam a superfície dos olhos.

Todas as lágrimas contêm água, lipídios, lisozima, lipocalina, glicose e sódio. Esse liquido antibacteriano rico em proteínas lubrifica toda a superfície dos olhos sempre que piscamos.

“As lágrimas são, muitas vezes, as lentes através das quais os homens enxergam o céu. ” (Henry Ward Beecher)

As lágrimas também contêm traços de várias substancias químicas presentes no sangue que atuam como marcadores de doenças – glicose por exemplo pode sinalizar diabetes, ou enzimas que apontam possível doença hepática; inclusive podem ser encontrados marcadores de muitas doenças devastadoras como: câncer, Parkinson e Alzheimer.

“As lágrimas possuem uma força especial: derretem gelo e aquecem corações. ” (Textos Judaicos)

Das profundezas d’alma flui a “lágrima”; líquido precioso da lacrimejação, composta por água, sais minerais, proteínas, gordura e forte emoção: tristeza, alegria, prazer, irritação, bocejos, choro ou admiração. Portanto, seguindo o axioma de Simone de Beauvoir, posso crer que: “Em todas as lágrimas há uma esperança. ”

Existem três tipos de Lágrimas: basais, reflexas e emocionais. As basais: lubrificam a córnea, livram da poeira e combatem a infecção. As reflexas: reagem a partículas estranhas e luz forte que causam irritação. As emocionais ou psíquicas são chamadas de choro, associadas a todas as emoções: estresse, raiva, sofrimento, luto, dor física, alegria, crises de riso, felicidade intensa. As lágrimas emocionais podem salvar vidas: liberam hormônios e outras toxinas que se acumulam durante o estresse.

“Depois da vida, tudo quanto de mais valioso podemos dar é uma lágrima. ” (Alphonse de Lamartine)

Os humanos são as únicas criaturas que derramam lágrimas emocionais, embora seja possível que elefantes e gorilas também o façam. Os mamíferos e crocodilos de água salgada produzem lágrimas reflexas que são protetoras e lubrificantes (daí a expressão “lágrimas de crocodilo”)

A respeito do assunto encontrei um texto breve e esclarecedor de autor desconhecido que transcrevo abaixo:

“A expressão “lágrimas de crocodilo” ou “chorar lágrimas de crocodilo” é usada para indicar um choro fingido e hipócrita, com lágrimas falsas e um simulado sentimento de tristeza.

“A origem dessa expressão é comumente atribuída ao fato dos crocodilos chorarem ao devorarem suas presas. Afirma-se que, não estando minimamente relacionadas com tristeza ou arrependimento, as lágrimas caem por haver um aperto involuntário das glândulas lacrimais do animal durante a mastigação.

“Essa explicação não é, contudo, unânime. Alguns biólogos já afirmaram que tal não é verdade, mas que efetivamente os crocodilos costumam ter os olhos bastante úmidos.

“Existem também registros de lendas do Antigo Egito que contam que os crocodilos do rio Nilo choravam para atrair suas vítimas. Usavam esse choro falso apenas para atrair pessoas que se compadeciam com a tristeza do animal e acabavam devoradas.

“Essa expressão é usada universalmente, não sendo exclusiva da língua portuguesa. Em inglês, por exemplos, diz-se ‘shed crocodile tears ou cry crocodile tears’. ”

Dizem que as lágrimas são as últimas palavras quando o coração perde a voz. Você vive chorando lágrimas de crocodilo ou suas lágrimas são sinceras?

“A sabedoria dos crocodilos consiste em verter lágrimas quando querem devorar. ” (Francis Bacon)

São Luis, 16 de julho de 2021.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras e PEN Clube do Brasil

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS16.07.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.