Por José Carlos Castro Sanches Site: www.falasanches.com

O dia amanheceu ensolarado, os jardins floridos enquanto eu caminhava e me deleitava com as bênçãos derramadas sobre a minha vida, tudo parecia conspirar para tornar único aquele momento de epifania – céu azul, luz ardente, água límpida, flora abundante e fauna cativante em harmonia com os meus passos pelo sereno bosque. Ainda que à sombra dos arbustos houvesse lugar para aliviar a incidência do sol sobre a calvície, eu preferia receber os divinos raios solares de forma direta para impulsionar a intrepidez. Existe o tempo certo para tudo, inclusive para aprender algo novo.
Divagando no decorrer da caminhada percebi um jovem de bermuda azul, camisa manga curta e chapéu australiano – dentro da lagoa de carpas – silenciosamente focado na atividade de rotina, como ele disse: zelar e manter a saúde das carpas. O Gaúcho natural de Porto Alegre, originário de família materna de Caxias do Sul, sentia -se realizado com o que fazia em São Luís do Maranhão.
Continuei o passeio quando observei o jovem cuidador conversando com uma senhora e duas crianças. Eu quis entender um pouco mais sobre a arte de Gregório e a sua relação com as carpas. Ele explicava para a avó e seus netos – a menina na faixa dos cinco anos, e o garoto seis a sete, não sei precisar.
Contava-lhes sobre a temperatura ideal da água, os riscos de alimentos lançados aos peixes, o tipo de lixo depositado na lagoa e o impacto sobre a criação; necessidade de cuidado, renovação da água, atenção com contaminantes externos (pássaros, outros peixes), controle com vermífugos, enfim todos os procedimentos necessários para manter os peixes ornamentais saudáveis na lagoa.
Ao ouvi-lo atentamente percebi o quanto o oficio era prazeroso para aquele jovem e dedicado trabalhador, como disse: “eu saio de casa para fazer o que amo, desde a juventude, portanto o prazer torna o trabalho relaxante e gratificante.” Quisera eu realizar todas as minhas rotinas com aquela alegria e sorriso discreto, indicação de extrema felicidade.
Como conheci a lagoa suja e as carpas mal alimentadas de outrora e fui surpreendido com um ambiente limpo, atrativo com peixes coloridos e flamejantes que pareciam festejar a presença do “ictiólogo, veterinário de peixes, oceanógrafo, não importa a denominação. Tive a certeza de que estava diante de um profissional que ama o que faz – ainda que não tivesse conversado com ele – as suas ações e o seu corpo já diziam quem era Gregório.
Fiquei tão feliz e maravilhado com o que vi, ouvi, senti que voltei ao meu apartamento e levei a minha neta para conhecer a lagoa restaurada, apreciar a diversidade de cores e aprender sobre criação de peixes, com quem gosta e sabe fazer bem-feito. Uma daquelas pessoas que fazem a diferença. O conheci naquela manhã e aprendi muito sobre a arte de criar peixes ornamentais.

Julie e eu ficamos por mais de uma hora apreciando a vida das carpas. Quando retornávamos para o apartamento refletíamos sobre os aprendizados, ela dizia -se feliz pela oportunidade de conversar com os peixes. Eu o desafiava a escrever a respeito daquela experiência, quem sabe sensibilize-a para a missão de escritora mirim. A semente já está plantada, irrigo-a todos os dias, em breve dará bons frutos.
Gregório continuava o seu trabalho maravilhoso e inspirador, encontrou um pequeno peixe colorido de plástico e presenteou-a. Eu diria às carpas: Vocês são peixes criados em uma pequena lagoa sem conhecer a grandeza de um oceano, mas conhecem os cuidados e a nobreza de um homem exemplar.
Ao admirável Gregório Romeu Gonçalves da Silva Filho, agradeço pela atenção durante o breve encontro e parabenizo-o pela dedicação e amor pelo que faz. Limpe a sua lagoa e os peixes virão. O exemplo arrasta multidões!
São Luís, 14 de outubro de 2023.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta brasileiro. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão, da União Brasileira de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).
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