Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“A tensão que existe entre a certeza da finitude e o desejo da infinitude leva o ser humano a construir ilusões de imortalidade.”(Ligia Py)
A começar pelo título uma dúvida e uma certeza que aflige os mortais. A dúvida: quando? A certeza: é inevitável. Ao que me refiro nem preciso dizer, qualquer leitor atento descobrirá facilmente o tom funesto da narrativa, quase sempre repugnável, porém, inexorável.
Era final da tarde de 16 de agosto de 2023, quando conversava com o amigo Natanael Castro, enquanto aguardávamos uma palestra em homenagem a Gonçalves Dias, realizada pelo ilustre acadêmico Aureliano Neto, membro efetivo da Academia Maranhense de Letras, ocupante da Cadeira 09, patroneada por Gonçalves Dias. Naquele instante de reflexão sobre as inúmeras atividades desenvolvidas em todo o estado do Maranhão, especialmente em São Luís, como parte das comemorações do bicentenário de nascimento do vate. Vaticinamos o que ocorrerá daqui a cem anos, nos permitimos pensar no tricentenário do egrégio poeta indianista e romântico, certos de que não estaremos presentes no possivel evento naquela arcádia. Certamente o imortal será relembrado e efusivamente celebrado, ao passo que nós pobres mortais seremos esquecidos, talvez ainda sobre alguma foto envelhecida pelo tempo, corroída pelas traças num álbum de família, nas orelhas dos livros publicados, pendurada em uma parede úmida ou quiçá com a evolução dos meios eletrônicos seja possível encontrar imagens guardadas em arquivos nas nuvens, no céu ou no inferno aonde estiverem armazenadas as nossas lembranças. Parece a despedida de um louco, mas não é! É a pura realidade de um mortal que persegue a todo custo a imortalidade, que alguns já acreditam ter alcançado. Às vezes é preciso viver a utopia para tornarmos o fardo do presente mais leve, visualizarmos o horizonte e não deixarmos de caminhar com força, foco, fé e determinação. Afinal, como disse o poeta: “A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos. Só pode exaltar!”
Apesar da incerteza sobre o momento do último suspiro e da convicção sobre a finitude da vida, luto arduamente para realizar os meus sonhos. Por que não sei? Deve ser pelo instinto de sobrevivência e pela crença na eternidade. Como sou químico estou sempre a acreditar na descoberta do elixir da longa vida, tão cobiçado pelos alquimistas. Todavia, sei que a minha vida não passa de um sopro e tenho plena consciência de que o amanhã pode não chegar, o amanhã pode ser tarde demais. “Finitude é conhecer a preciosidade do dia de hoje e de todas as oportunidades que a vida traz. É entender que muita coisa pode acontecer num intervalo de tempo muito curto (horas, minutos ou até segundos).” Como escrito em Tiago 4:14: “ Vocês nem sabem o que acontecerá amanhã! Que é a sua vida? Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa.”
A imortalidade, será mera ilusão? Sabemos que não há provas de que a imortalidade humana seja uma condição possível. Por outro lado, na sagrada escritura, o Senhor declarou: “Esta é a minha obra e minha glória: Levar a efeito a imortalidade e vida eterna do homem.” (Moisés 1:39)”. Imortalidade é viver para sempre como um ser ressurreto. Eis o desafio dos mortais, alcançar a imortalidade. Só Deus poderá julgar se terei o privilégio dessa conquista. “Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade.” (Romanos 2:7)
São Luís, 16 de agosto de 2023.
José Carlos Castro Sanches É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta brasileiro.
Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras e Artes e da Academia Vianense de Letras.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, Gotas de Esperança, A Vida é um Sopro; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento e Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS16.08.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

