Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com

“Eu nasci sem braços e pernas, mas não nasci sem esperança, e muito menos sem vontade” (Marcos Rossi)
Era uma quarta-feira, 06 de abril, quando precisei ajudar a minha neta Julie Sanches na missão daquele dia, levá-la à escola e, acompanhá-la na rotina até o dia seguinte. Minha esposa e filha estavam ocupadas com outros compromissos, a primeira acompanhava o pai enfermo e, a segunda ministrava aulas e cuidava do seu negócio na sorveteria.
Julie estava cada dia mais educada e obediente, ciente das suas responsabilidades de criança, parecia uma adulta em miniatura. Assim tudo ficaria mais fácil para cumprir a tarefa a que me propunha.
Aqui abrirei um parêntese para uma breve reflexão. Eu percebo que as crianças estão precocemente envolvidas com o excesso de atividades em detrimento do tempo livre para brincar, isso me incomoda, porque na idade delas eu tinha uma vida leve e agradável, me sentia uma criança saudável, apreciava a liberdade com os colegas de infância, brincava de bola, xuxo, empinava papagaio, tomava banho de chuva, corria pelas ruas de Rosário fazendo presepadas.
Era tudo diferente, vivíamos para brincar, hodiernamente a dinâmica das crianças está equiparada à dos adultos, elas estão sobrecarregadas de compromissos do amanhecer ao anoitecer, não sobra tempo para o lazer. É com tristeza que observo essa implacável anomalia. Quem sabe um dia os estudiosos e especialistas do desenvolvimento infantil, pais e responsáveis percebam que crianças precisam brincar mais do que estudar, não viverem como se fossem adultos estressados pelo excesso de atividades com a vida corrida, desesperados para estarem vários lugares ao mesmo tempo, não se encontrando em lugar algum. Como disse John Lennon: “Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo”.
Reconheço que as coisas mudaram, como avó eu sigo a intuição sobre o que realmente importa para os meus netos. Sabendo que as rotinas precisam ser seguidas eu tinha a responsabilidade de conduzi-la naquele dia memorável.
Acordamos cedo, levei-a à escola particular pela manhã, retornei às 11h, para buscá-la; servi o almoço apressado e seguimos para outra escola às 13h, retornei às 18h e trouxe-a de volta para casa. Jantamos apressados para que ela pudesse correr um pouco pelo jardim do condomínio até às 21h, em seguida tomaria banho para dormir às 21:30, acordar cedo no dia seguinte e prosseguir na rotina como se fosse uma máquina, abarrotada de tarefas para realizar num curto dia de apenas 24h.
Apesar da minha filha dizer que: “Infelizmente o mundo mudou, está mais competitivo e exige das nossas crianças competências, habilidades, desenvoltura que antes não eram tão necessárias precocemente. E que hoje quem não se capacita desde cedo, acaba ficando para trás. É importante manter o equilíbrio”. Eu prefiro acreditar na premissa de Charles Chaplin: “Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… os que não se fazem amar e os inumanos!”

Quando eu estou com a minha neta, desequilibro a balança, deixo o fiel pender para o lado da felicidade – permito que ela corra, pule e extravase as energias nas brincadeiras de criança que tanto marcaram a minha vida e criaram memórias que alegram os meus dias, desde tenra idade até o momento presente.
Era hora de dormir, ela me chamou para fazer a leitura de um livro até adormecer, uma prática rotineira e admirável. Talvez seja o melhor remédio para acalmar a estressante vida de uma criança.

Eu fazia a leitura do livro “O que é impossível para você?” de Marcos Rossi, lendo em voz alta algumas passagens da referida obra, enquanto a minha neta adormecia na cama. Num dos parágrafos deparei-me com a frase “Sucesso é ser feliz”. Logo concluí, que a felicidade independe da idade, dinheiro, bens materiais. A felicidade está nas pequenas coisas.

Marcos Rossi, nasceu sem pernas e braços devido a uma doença extremamente rara, a Síndrome de Hanhart. Tinha como expectativa de vida chegar aos 30 anos, hoje tem 36. Superou desafios, adversidades e cirurgia. Atualmente é casado, pai de dois filhos, formado em Direito, trabalha em banco, é integrante de bateria de uma escola de samba, DJ, vocalista de uma banda, surfista, skatista, mergulhador e feliz, como ele próprio diz.

Tornou-se um palestrante internacional e compartilha, sem qualquer autopiedade ou vitimização, as conquistas que obteve em sua busca diária de superação de limites. O limite não está no corpo físico, está na mente.

Conheci Marcos Rossi na noite de 01/04/2022, durante uma palestra no Auditório Darcy Ribeiro, na Feira do Empreendedor, ocorrida no período de 31/03 a 03/04/2022, no MULTICENTER SEBRAE – Calhau, em São Luís do Maranhão.

O tema da palestra era: “Pare de reclamar”. Ele iniciou de forma surpreendente numa cadeira de rodas dizendo: Seja como água, continue fluindo com energia positiva.” O que ficou marcante em minha memória foi o momento em que foi autografar o livro que comprei, ele usava uma mola de arame fixada ao braço direito, e com uma caneta por meio dos movimentos cadenciados escrevia o autógrafo de forma surpreendente, com alegria e satisfação indescritível.

Marcos, nos ensina que não devemos desistir dos sonhos, nunca acreditar no impossível; que é preciso acreditar e agir para transformar sonho em realidade, desafiar as oportunidades com força, foco e determinação.

Não aceitar ser tratado como anormal e assumir o papel de protagonista da própria vida, sem reclamar, sem vitimização; com vibração, determinação, entusiasmo e vontade de viver intensamente cada segundo, sem limites.

Ele é um exemplo de potencial humano, de garra e superação a ser seguido. Desde o ventre supera as barreiras intransponíveis da natureza, transforma dificuldade em pódio, transmuta do imaginário para o mundo real e surpreende pela incansável vontade e energia empregada para mostrar-se capaz de superar a infelicidade…

…os infortúnios, contratempos, dissabores, problemas, aborrecimentos, tribulações, contrariedades, impedimentos, obstáculos, oposições, percalços, revés, transtornos, seja lá o que for para atingir os seus objetivos e ser mais que vencedor, sem pernas e braços como diz, mas com a mente dominando o corpo e a inteligência a serviço do seu propósito e missão transformadora e gloriosa. Siga o exemplo dele: nunca desista!

“Compra-se o que tem preço… o que tem valor se conquista!” (Marcos Rossi)

Voltando à narrativa inicial sobre a feliz idade: sucesso é ser feliz! A minha felicidade se resumia em estar deitado ao lado da minha neta, lendo em voz alta e fazendo-a refletir sobre a vida para que pudesse dormir com a expectativa de que os seus sonhos se transformassem em realidade. Ela dormiu como um anjo, então, levantei-me e continuei a leitura do livro: “O que é impossível para você?”.

Aproveito o ensejo para recomendar a leitura àqueles que gostam de experimentar a dura realidade com uma pitada de bom humor, tão bem aplicada pelo autor na extraordinária obra que me fez rever conceitos, reavaliar padrões e quebrar paradigmas, talvez possa ser útil para você que ainda não encontrou motivos para ser feliz tendo braços, pernas, saúde e tudo que necessita. Pare de reclamar e comece a agir que o universo conspirará a seu favor.

“Antes de dormir, esqueça dos seus problemas e lembre-se de todas as vezes que você se superou!” (Marcos Rossi)

O sucesso é ser feliz! O sucesso é poder compartilhar momentos agradáveis e edificantes com as pessoas que amamos e nos fazem o bem, não importa onde estejamos. Como disse Steve Maraboli: “A felicidade não se resume na ausência de problemas, mas sim na sua capacidade de lidar com eles”.

Devemos ser gratos pelas conquistas, por tudo que temos. Não são pessoas felizes que são gratas, são pessoas gratas que são felizes. Exercitemos a gratidão. Não tem idade para ser feliz. O momento é agora em qualquer circunstância, sendo criança, jovem, adulto ou terceira idade. Viva a vida!

“Saiba que são suas decisões, independente das suas condições que determinam o seu destino.” (Tony Robbins)
São Luís, 08 de abril de 2022.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Coautoria em diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS08.04.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.


Evangelista Mota Nascimento
9 de abril de 2022 at 20:10
Gostei tanto, que vou publicar em um dos meus livros, derde que você autorize
José Carlos Castro Sanches
25 de janeiro de 2025 at 08:21
Autorizado dileto amigo Evangelista Motta.
Maura Luza Frazão
11 de abril de 2022 at 19:38
Uma leitura interessante. Levarei esses ensinamentos para a vida!👏🏽👏🏽
José Carlos Castro Sanches
25 de janeiro de 2025 at 08:22
Faça bom uso das palavras querida amiga. Forte abraço
Alvino
29 de janeiro de 2024 at 11:00
Sem palavras, perplexo. Parabéns Sanches. Também estive na feira SEBRAE. Com outro objetivo,. Levar minha filha para assistir os cosplays.
sanches
1 de março de 2024 at 09:59
Obrigado pelas considerações Prof. Alvino. Saúde e paz para você e família. Receba um abraço fraterno.
M.+J.+Corrêa
29 de janeiro de 2024 at 13:18
Belíssimo exemplo para quem erroneamente acredita que a felicidade está na conta bancária e em feitos grandiosos. Parabéns pelo texto!!!!
sanches
1 de março de 2024 at 10:00
Dileto amigo M.J.Corrêa. Minha gratidão pelas considerações. Siga firme a sua missão. Abraço fraterno.