
Neste vinte e seis de março
Completo cinquenta e sete
Lanço a rede no balanço do barco
Como os pescadores do Nordeste
Escrevendo um novo marco
De uma vida rupestre
Colando as páginas do poema sujo
Hoje vou arriscar um poema sem rima
Por que neste dia posso tudo
Para agradecer por mais um ano de vida
Confundir e misturar
Pular de alegria e adormecer
Sorrir e chorar
Posso até escrever
E cantar
Só não posso querer
Parar
De viver
Nem de soprar
Para não fazer
Alguém chorar
Esse alguém pode ser eu
Até a noite chegar
Então só me resta
Tomar um banho no mar
E fazer uma festa
Em família
Para comemorar
Numa noite de luar
Tudo é felicidade
Até o soluço
Menos a razão e a falsidade
Que degenera o eunuco
E com o passar dos anos
Também a vaidade
Que dilacera sonhos
O que importa
É a honestidade
Apesar da perversão
O que transforma é a verdade
O que alimenta é o pão
O que escassa
É a vitalidade
O que sobra
É a eterna idade
Nesta terra
O que limita
É a criatividade
O que vale a pena
É o amor e a vivacidade
Amparados pela
Bondade
Quem tem valor
São os homens de pequena e meia idade
Mas a sabedoria
Está na terceira…
Que um dia deixará saudade.
José Carlos Castro Sanches
São Luís, 26 de março de 2019.