Por José Carlos Castro Sanches
(Texto extraído dos Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou de própria autoria – disponível na Livraria AMEI – São Luís – MA+
“Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca ideias. ” (Pablo Neruda)
Desde muito jovem gosto de ler e escrever. Meu pai sempre me incentivou. Lembro-me da primeira vez que mostrei a ele um texto que escrevi. Ele disse: “Meu filho, com esta idade, já sabe escrever tão bem! ”. Talvez, se hoje lhe perguntasse sobre este momento, ele não conseguiria lembrar. Mas, as palavras ficaram gravadas em minha mente e alimentam a certeza de que “posso escrever bem” e, por esse motivo, me aventuro na escrita de textos diversos com a “bênção do meu pai e da minha mãe”.
Nasci em Rosário – MA, filho de um casal humilde Zanilde Castro Sanches e José Firmino Sanches. Como não tínhamos grandes posses, a educação e os livros sempre foram a minha prioridade, mas sem deixar de lado as brincadeiras de criança e as diversões da juventude que tornavam a minha vida mais leve e saudável.
Naquela época, eu não tinha computador; copiava os meus textos, poesias e relatos pessoais nas folhas soltas de papel ou cadernos escolares que, com o tempo, se dissipavam. Anos depois, meu pai me presenteou com uma máquina de datilografar Remington e, então, passei a usá-la para escrever os meus textos.
Escrever, para mim, é algo natural e espontâneo que brota como uma semente bem irrigada, que cresce, desnuda as folhas, desenvolve o caule, os galhos frondosos, as flores e os frutos.
O papel e a caneta, por sua vez, sempre foram meus amigos inseparáveis. Por meio deles, pude reproduzir meus pensamentos, sonhos, devaneios, alegrias, tristezas, angústias, mágoas, desejos, frustrações e, assim, contar um pouco da minha história.
Escrever é mais que uma arte, é um dom. Criava na minha mente ideias, fantasias e desejos, querendo de alguma maneira dar vida àquelas elucubrações de criança. E essa vontade ansiosa de escrever perdura até hoje. É como se fosse uma pequena centelha que, uma vez acesa, não se permite apagar e continua alimentando a chama da esperança e do amor, buscando propagar o fogo em todas as direções do universo, contagiando as pessoas do mundo.
Tantas vezes escrevi coisas que achava importante sem pensar que, um dia, decidiria compartilhar com outras pessoas. Muitos dos meus escritos não sei onde foram parar; alguns, deixei naqueles cadernos escolares; outros, mantive em uma mala de madeira de minha estimação que meu pai me presenteou quando saí de Rosário para estudar em São Luís do Maranhão.
Escrever é se deleitar no infinito, ver o invisível, sentir o impossível, tocar o inexistente, cheirar o vento, encantar-se com o verbo; estado de espírito que vai na alma, voar sem ter asas, soltar a imaginação além das fronteiras do universo, expandir conhecimentos, amplificar sonhos e desejos, liberar o pensamento e a criatividade; é ter em mãos a arte de pintar com as palavras, polemizar as ideias, esclarecer as dúvidas ou suscitá-las, combinar nuances de intensidades, abrir novas possibilidades, alertar os desavisados, incitar os devaneios e fortalecer as crenças; traduzir a beleza e a feiura das coisas, pinçar palavras do universo, revelar as bênçãos e maldições, desvendar os mistérios da vida e da morte, selar o compromisso com o desconhecido e atirar-se no misterioso mundo de fantasias, sonhos e beleza que só os poetas são capazes de perceber e entender. Escrever é, portanto, um ato de liberdade.
“Escrever e ler são formas de fazer amor. O escritor não escreve com intensões didático – pedagógicas. Ele escreve para produzir prazer. Para fazer amor. Escrever e ler são formas de fazer amor. É por isso que os amores pobres em literatura ou são de vida curta ou são de vida longa e tediosa” (Rubem Alves)
José Carlos Castro Sanches
Químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
São Luís, 17 de novembro de 2018.
Revisado em 25.07.2020 – DIA NACIONAL DO ESCRITOR.
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