1236657.1677ed0.a1d49e5be45046c98447636dfa3d9e34
Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

ENTRE QUATRO PAREDES A HISTÓRIA É OUTRA!

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

“Com os sonhos presos entre quatro paredes amareladas pelo tempo, minhas mãos se agarram nos versos escritos libertando meus desejos ainda verdes…” (Marcelo Nocelli)

Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. Preparem as mentes inquietas que as paredes do quarto de casal contarão os segredos escondidos a sete chaves sobre Barituba e Marinésia. Boa leitura e reflexão!

Barituba, o marido que cansou de esperar, descobriu que não tinha desejo de dormir cedo porque não valia a pena estar ao lado da mulher amada Marinésia, que segundo ele, não se interessava pelas relações amorosas entre quatro paredes e dizia-se decepcionado com a atitude insensível e pouco afetuosa da consorte, apesar de ser uma dona de casa exemplar, séria, respeitável, responsável e dedicada ao esposo, filhos e familiares.

Ele percebia a esposa como a própria sogra, com pouca afetividade e dificuldade no trato com as coisas íntimas. A frieza e o desinteresse pelas intimidades entre quatro paredes com a patroa, acentuou a necessidade de Barituba se aventurar no outro lado da cerca em busca do calor humano, aconchego e o roçar das partes íntimas entre coxas, afinal, desejava ser tratado como homem nos momentos de privacidade do casal. O que não acontecia, segundo constam os relatos testemunhados pelo cronista, durante a entrevista com Barituba.

O marido atento, percebeu um ponto que considerava importante e chamava a sua atenção. Naquela família de quinze irmãs dentre elas a sua esposa. Quase todas estavam separadas ou viviam em conflito com os maridos ou parceiros, levando-o a crer que deveriam sofrer do mesmo mal. Então, não seria ele o único marido a ter aquele problema, o que de certa forma o confortava, sem, aliviar o seu desgosto e a vontade reprimida de “trocar o óleo” com a primeira mulher que se apresentasse à altura dos desejos contidos, mantida a discrição e o respeito que sempre manteve por todas.

Barituba vivia a se perguntar: por que deveria se deitar cedo ao lado da companheira se não havia recompensa? Era o questionamento de um marido insatisfeito e insaciável. Ele jugava ser melhor fazer qualquer outra coisa do que deitar para dormir: jogar dama com os amigos, tomar um chope, ler, escrever, jogar conversa fora com as raparigas, assistir filmes na TV… ou simplesmente procurar um colo carinhoso entre as moças carentes do bairro, que sempre eram carinhosas e cuidadosas nos toques.  Assim, liberava o seu desencanto pela falta de reciprocidade no desejo sexual reprimido entre quatro paredes: a solidão e a frustração.

Lembrou-se que desde os primeiros anos de casado se sentia privado de sexo com a parceira de décadas, guardava mágoas por nunca ter sido correspondido à altura, de verdade não sabia como havia suportado essa condição até aquele momento, por longos anos de convivência.

Julgava que estava descobrindo tardiamente que deveria ter vivido a intensidade da sua libido, ter experimentado todas as mulheres que desejou e estavam dispostas a novas aventuras.  Limitou-se, e agora ao despertar para a vida, descobriu que cometeu um “erro grave” ao admitir que todas as mulheres seriam iguais, desinteressadas e pouco atraídas para as questões ligadas à sexualidade.

Barituba percebeu que não bastava apenas amar e ser correspondido; ter boa comida na mesa; roupas lavadas; uma família exemplar; ter muitos e bons filhos; serem exemplos de pai e mãe…. Além dessas virtudes era necessário ao casal manter relações afetuosas e profundas entre quatro paredes.

O marido desiludido com o relacionamento conjugal, descarregou todas as suas frustrações durante uma longa conversa com o cronista que descreveu os pormenores da desilusão de um homem carente de afeto. O papel e a caneta fluida tentam liberar e reproduzir literalmente a descrição dos fatos, sem ferir a pessoa amada, com quem ele convive há anos, constituiu família e vive aparentemente feliz.

Barituba em busca de consolo, deita-se ao ombro do amigo, triste e choroso e libera o que estava guardado há anos, fazendo-o sofrer calado a amargura das incontáveis noites mal dormidas à espera de um toque carinhoso da mulher amada com quem partilha a cama.

Marinésia ingênua e sonolenta logo dormia, sem perceber o quanto sofria o amado Barituba à sua espera, ainda que ao lado, ela estava sempre muito distante, e, nunca atendera à expectativa do marido sofrido e solitário. Talvez, o mesmo sentisse a esposa, sem declarar a ninguém, em respeito ao companheiro de todas as horas, exceto na cama de casal, onde pareciam inimigos figadais, cada um para o seu lado.

Ele encerrou dizendo ao atento ouvinte que vos escreve: “vivo aparentemente feliz, sem externar a infelicidade que me causa a distância entre a minha vontade de ficar junto dela, dentro dela e a frieza de quem sempre inventa uma desculpa para não me deixar ser um homem completo na chama da cama”

“Com a sabedoria edifica-se a casa, e com a inteligência ela se firma. (Provérbios 24.3)

Meu amigo oculto, o seu desabafo é um consolo para a maioria dos homens que sofrem do mesmo mal e nunca tiveram a coragem de externar a sua angustia, tampouco a oportunidade de encontrar alguém disposto a ouvi-lo com atenção para contar a sua história.

Hoje escutei as suas lamúrias e transcrevi para o papel, ele aceita tudo que escrevemos quando estamos tristes, para desabafar, ou quando estamos alegres, para festejar, sendo verdade absoluta e inquestionável ou ficção. Agora eu encerro este conto para ouvir a versão de Marinésia e descobrir de que lado está a verdade. Se a verdade existe ou é apenas uma quimera!

“Entre quatro paredes muitas vezes restam apenas as marcas dos pregos daquilo que se foi…” (Dionathan Hart)

São Luis, 08 de janeiro de 2021.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências, Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Fantasia. Coautor de diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS08.01.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

“Como o artesão da palavra, busco retratar obstinadamente as vivências, aprendizados e experiências do cotidiano. Reconhecendo e compartilhando o mérito de quem cumpre bem a sua missão. ” (José Carlos Castro Sanches)

Comments (2):

  1. Hilmar Hortegal

    26 de dezembro de 2021 at 11:14

    Muito bom este conto,. Nesta manhã chuvosa é uma boa pedida esta leitura. Uma verdade : “Entre quatro paredes tudo pode acontercer”. Inclusive nada!. Valeu meu poeta

    Responder
    • sanches

      16 de janeiro de 2022 at 23:23

      Valeu meu irmão Hilmar Hortegal. Cuidado com as paredes porque elas têm olhos invisíveis. Forte abraço, José Carlos Sanches

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *