Por José Carlos Castro Sanches
“Hábitos alimentares mais saudáveis salvam vidas; aquele que salva almas é o Pão que desceu do Céu. ” (Helgir Girodo)
Conversava com uma amiga médica Dra. Tania Ahid acerca do momento presente em que vivemos, diante da pandemia do coronavírus que se alastra adoecendo e matando ao redor do mundo sem discriminação entre ricos e pobres, brancos e negros, jovens e adultos, homens e mulheres, o desgraçado do vírus não respeita ninguém, age sorrateiramente destruindo vidas, famílias e nações.
Depois enveredamos para outros temas ligados à saúde. A importância de tomar sol (Vitamina D), do sono (dormir bem), prática esportiva, ingestão de alimentos saudáveis, água corrigida ou natural para hidratar o corpo e um pouco de fé misturada com amor e felicidade também ajudam a manter a mente sã e corpo são.
“Pouco sono, pouca alimentação saudável, pouca atividade física e pouca consciência espiritual garantem uma vida pouco harmoniosa, e uma velhice que chega mais rapidamente, tanto na aparência quanto na sensação interna. ” (Antony Valentim)
O bate-papo estava tão agradável que esquecemos o horário do almoço, enquanto os colegas seguiram para saciar a fome e não nos convidaram. Perdemos a oportunidade de estarmos juntos e ampliar a discussão – se bem que atualmente não podemos nos agrupar na mesa devido a distância requerida para a prevenção contra o Covid 19. Uma mesa por pessoa – cada um na sua ilha particular, na companhia do próprio eu.
Na impossibilidade de compartilharmos as experiências com todos, me satisfiz com a companhia de Tania, e juntos degustamos em mesas separadas a comida servida no refeitório da empresa, enquanto o sol estava a pique ao meio dia, e as nuvens associadas ao barulho do trovão indicavam chuva. Nesse clima, enchemos a pança e retornamos para a sala de trabalho, cada um para o seu compromisso.
Aquela palavra dita “Desembrulhar menos e descascar mais” ficou batendo forte na minha cabeça, como se fosse um martelo de ferreiro forjando uma peça de ferro a alta temperatura. Chegando em casa ao anoitecer eu pretendia escrever sobre o assunto, mas outras necessidades me tiraram do foco. Como para o cronista tudo que impacta ou chama a atenção vira crônica, a ideia continuava remoendo a minha mente, eu não poderia deixar de escrever sobre esse tema.
Ao amanhecer de um novo dia, fiz a caminhada, e segui para a piscina do condomínio, sentei-me na cadeira de palha sintética, levantei o guarda-chuva de uma das mesas que rodeava a piscina tentando me proteger do sol a pique por volta das 11h30, e escrevi esta crônica.
“Escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial. ” (Virginia Woolf)
Os enlatados, ensacados, encaixotados, embrulhados, alimentos artificiais e sintéticos, dentre outros similares proliferam nos supermercados, comércios, barracas, quitandas, bodegas e tantos outros; nas capitais e interiores, centros e zonas rurais, na mesa do rico e do pobre, adultos e crianças, letrados e analfabetos… todos estamos no mesmo barco e precisamos urgentemente rever os nossos hábitos alimentares. Sabemos do prejuízo que os alimentos processados e ultra processados provocam em nosso organismo e as consequências a curto, médio ou longo prazo para a nossa saúde. Podemos transformar nosso corpo e nossa mente escolhendo uma alimentação saudável.
“Somos aquilo que comemos. ” (Emílio Péres)
Fiquei a pensar em uma solução para o problema e não encontrei outra saída senão voltar à roça, ao comportamento nômade de alimentar-se de carne de caça, peixe, e possivelmente moluscos in natura, colhidos ao longo da caminhada. Hoje se apresentam com opção: legumes, verduras, tubérculos, castanhas, nozes, frutas, hortaliças, folhas, carne bovina, suína aves e pescados frescos. Além de inúmeros outros alimentos que têm casca e podem ser descascados e ingeridos sem causar mal à saúde.
Outro caminho indicado é evitar comer alimentos embrulhados, empacotados artificialmente nas indústrias alimentícias que encantam o mundo moderno com uma variedade de produtos com os mais diversos sabores; não nos deixam pensar nas coisas do mato: agricultura familiar, alimentos orgânicos e frutas colhidas nas árvores no fundo do quintal.
Quantas frutas desperdiçadas, apodrecidas e lançadas no lixo poderiam alimentar milhões de pessoas diariamente, todavia preferimos comprar produtos industrializados em detrimento do alimento sadio que muitas vezes está ao nosso lado, sem custo ou mais baratos que os adquiridos nas feiras e supermercados.
Apreciamos e valorizamos mais os alimentos processados (queijos, pães, sardinhas, enlatados, frutas em calda e frutas cristalizadas, entre outros) e ultra processados, ricos em açúcar, gordura, sais e conservantes artificiais (refrigerantes, biscoitos, recheados, embutidos, sorvetes e pães de forma etc.) em vez de alimentos naturais, ou seja, o embrulhado é mais valorizado que o descascado. E a nossa mesa fica cada vez mais toxica, o bolso vazio e o corpo doente.
“Aqueles que dizem não ter tempo para uma alimentação saudável, cedo ou tarde terão que arrumar tempo para cuidar da saúde perdida. ” (Autor desconhecido)
Nestes dias tenho colhido mangas no sitio dos amigos e distribuído para os vizinhos – faço isso sem esperar nada em troca, porém, poucos se interessam em receber as frutas de graça.
Deixo um desafio para o leitor: experimente oferecer um saco de milho de pipoca, salgadinho, batata frita ou qualquer alimento crocante, ensacado a vácuo e veja se alguém irá recusar.
Havia concluído a escrita dessa crônica quando recebi uma mensagem por meio do celular com uma receita para fazer abacatada, creme de abacate ou coisa parecida. Era um pequeno vídeo que dizia o seguinte: pegue um liquidificador, adicione leite moça (50ml); creme de leite (50ml); leite líquido (50ml) e um abacate. Depois misture tudo por alguns minutos e sirva-se à vontade. Nessa pequena receita eu iria desembrulhar três produtos e descascar um abacate. Fiquei perplexo com a coincidência, mas segui refletindo sobre o tema.
Logo pensei, por que não pegar apenas o abacate e misturar com farinha d’agua e comer até encher o bucho, depois beber um copo d’agua e saciar a fome por quatro horas?
É difícil ingerir apenas alimentos naturais na era digital, onde os meios de comunicação e a intensa propaganda vende gato por lebre. É quase impossível comer uma fruta natural ou qualquer alimento sem ter ao lado um refrigerante ou produto industrializado.
Estamos caminhando para o fundo do poço com as próprias pernas, ou melhor estamos morrendo pela boca, não apenas pelo que falamos de bobagem, mas pelos alimentos que ingerimos e nos fazem mal. A verdade é que precisamos desembrulhar menos e descascar mais.
Moral da história: Após assistir ao vídeo senti o desejo de tomar uma abacatada, então, peguei um abacate, cortei ao meio e coloquei no liquidificador, juntei o equivalente a 150ml de leite líquido de uma embalagem de leite que estava na geladeira, liguei a turbina do liquidificador e logo a mistura pastosa esverdeada ficou pronta. Infelizmente empatei descasquei um desembalei outro para preparar o lanche. Agora ao escrever lembrei-me que esqueci de colocar açúcar, mas é tarde me livrei de ingerir mais um alimento ultra processado. Já nem sei o que como! Valha-me Deus!
“Como os temperos tornam o alimento mais saudável, tempere também suas emoções com pitadas de amor e alegria, tornando sua vida mais apreciada por aqueles que estão a sua volta. ” (Jader Amadi)
São Luis, 23 de janeiro de 2021.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outros dez livros inéditos.
Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS23.01.2021. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.
“Como o artesão da palavra, busco retratar as vivências, aprendizados e experiências do cotidiano obstinadamente. Reconhecendo e compartilhando o mérito de quem cumpre bem a sua missão. ” (José Carlos Castro Sanches)