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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

DE BRAÇOS ABERTOS (Em memória de Teresa Maria Travassos Araújo)

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

“A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero.” (Victor Hugo)

Em segundos me vi
entre o céu e o inferno
o topo e o chão.

A vida já não tinha valor
os pensamentos perdidos
flutuavam
voavam
ajoelhavam-se
pedindo socorro.

De onde viria a minha salvação?
Eu estava ali, aflita
sem saber para onde ir.

A única saída visível
era um salto mortal
para encobrir a minha dor
profunda e incurável.

Eu estava alucinada
não via uma luz
pairava a escuridão.

Eu estava cega para a vida
só sentia o perfume da morte
que era talvez a minha única
saída segura.

Nela eu estaria firme
sem problemas, num sono profundo
sem dor, sem sentimento de culpa
sem marido e filhas
para cuidar.

A vida é um sopro!
e se foi como um éter
que evapora.

A minha tristeza foi embora
de mãos dadas com a decepção
levei também o medo
que parou meu coração.

Tive muita coragem
para lançar-me das alturas
rumo ao último suspiro.

Pensei naqueles segundos
últimos da minha vida.
O que faço agora para voltar?
Era tarde, não tinha mais volta
eu estava solta no ar
sem paraquedas, sem rede, sem nada
para me proteger da queda.

A decisão tomada era impossível
de ser resgatada.

A última vez que me vi no desespero
eu gritava, chorava e pedia ajuda
não chegaram a tempo de me salvar
eu saltei sem piedade de mim
procurando uma fuga
para dissipar meu sofrimento.

Não encontrei sequer uma rede,
um anteparo, um braço,
uma copa de árvore, um toldo;
qualquer coisa para me amparar
eu estava solta no ar
querendo parar.

Se eu pudesse
parar o meu corpo, amortecer a queda
voltar no tempo
talvez ainda vida estivesse.

Decisão impensada?
Não sei!
Faria diferente ?
Também, não sei!
O que me levou a agir
Dessa forma?
Só eu sei!

Será que eu errei?
Não sei!
Não me julguem
não me condenem
orem por mim
e pelos meus.

Cantem no meu funeral,
alegrem-se na despedida,
lancem flores no meu sarcófago,
leiam a Bíblia
para que todos escutem
reflitam sobre a vida
não façam o que fiz.

Foi tudo muito rápido
não tive tempo para pensar.
Agora estou sozinha
ao lado do pai
acariciada pelas mãos sagradas.

Aqui é um paraíso
que talvez eu tenha antecipado
a chegada, mas foi minha decisão.
Não digam que eu estava errada
era a única saída para a minha
desilusão.

Eu estava perdida
no mundo da ilusão.
Sem rumo,
sem búsola,
no meu cárcere da reclusão,
desiludida,
no fundo do poço.

Agora estou distante:
Sorrindo,
feliz.
No paraíso,
na mansidão.
Num jardim florido
com borboletas e colibris.

Daqui vejo o sol, a lua e as estrelas
e tudo que sempre amei;
vejo meus familiares, os amigos
até os inimigos que já perdoei.

Vejo o mar, os peixes, a floresta,
o horizonte azul,
a Ilha Magnética
que tanto amei.

O palácio, os leões, os paralepípedos,
as ruas estreitas, os casarões,
os pregoeiros, os vizinhos,
a Rua Grande, a Praça Deodoro,
João Pessoa, Benedito Leite,
Gonçalves Dias…
E os bustos dos imortais.

As praias do Calhau, do Olho D’agua,
Ponta D’areia e Araçagi.
As coisas mais belas que já vi.

Aprecio tudo com saudade.
Certa de que era chegada
a minha hora de partir.
Estou Feliz aqui!

Não posso sair daqui.
De braços abertos
pulei decidida a seguir.

Era chegada a minha hora.
Não esperei o crepúsculo
era a minha aurora.

Num rápido piscar de olhos
eu transitei da vida
para a eternidade.

Sei que deixei saudade,
não superei a adversidade
agora estou no berço da santidade.

A minha única esperança
estava no meu desespero;
tomada pela insegurança
fui tragada pelo destempero.

Apesar dos descompassos
sempre fui aclamada.
Caminhei com fortes passos,
mulher bela e estimada.
Libertei-me dos fracassos
corajosa, virtuosa e amada:
Teresa Maria Travassos de Araújo.

Com a firmeza
dos meus braços.
Deixo a todos
calorosos abraços.

Malgrado a solidão
Minha eterna
Gratidão.

Como disse George Eliot:

“Não existe desespero tão absoluto quanto aquele que surge nos primeiros momentos de nosso primeiro grande sofrimento, quando não conhecemos ainda o que é ter sofrido e ser curado,
ter se desesperado e recuperado a esperança.”

São Luís, 18 de janeiro de 2023.


José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense.
Autor dos livros: Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou. Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, A Vida é um Sopro! e Gotas de Esperança; Pérolas da Jujuba com o Vovô e Pétalas ao Vento. Adquira os livros na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS18.01.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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