Por José Carlos Castro Sanches

“Sentir pensar é criar. Sentir é sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o Universo não tem ideias. ” (Fernando Pessoa)
Desculpem-me os letrólogos, gramáticos, etimólogos… não sei se seria um verbo, um artigo, substantivo, adjetivo, advérbio, pronome…sei lá o que mais, só posso afirmar que hoje pensei em criar uma palavra nova para representar o momento de histeria e medo que passamos durante a pandemia que se alastrou por todo o mundo.
Depois de tantos meses escondidos atrás da máscara, fugindo das pessoas e aglomerações, vivendo reservado, privado da liberdade de ir e vir desfrutando a quarentena forçada na caverna particular, distante da vida normal: covidamos.
“Não se pode criar experiência. É preciso passar por ela. ” (Albert Camus)
Então, como covidar passou a ser parte da vida de todos, sendo quase impossível não ser infectado pelo coronavírus que causa a Covid -19, resolvi conjugar o novo verbo “Covidar”.
Não tendo nada mais a fazer, só resta brincar com um verbo inexistente, no indicativo, subjuntivo e imperativo, passado, futuro e presente. Eu proponho:
No presente do indicativo: eu covido, tu covidas, ele covida, nós covidamos, vós covidais, eles covidam.
No pretérito perfeito do indicativo: eu covidei, tu covidaste, ele covidou, nós covidamos, vós covidastes, eles covidaram.
No futuro do subjuntivo: quando eu covidar, quando tu covidares, quando ele covidar, quando nós covidarmos, quando vós covidardes, quando eles covidarem.
No imperativo Negativo: não covides tu, não covide você, não covidemos nós, não covideis vós, não covidem vocês.
Se Arthur da Távola propôs o verbo “Feliçar”, eu faço o mesmo com “Covidar”
Feliçar
“Sou eu que faço você sofrer?
Ou é você que sofre por minha causa?
Ou, ainda, é você que sofre por sua própria causa?
Chegar a essa pergunta (leva anos e anos) e é essencial na relação do amor. A
resposta demandará muito tempo, sofrimento e, em cada caso, será diferente.
Mas, se encontrada, melhorará qualquer relação. Ou constatará o seu término.
Proponho, como exercício, uma atitude de troca. Onde se lê sofrer,
leia-se feliçar (eu feliço, tu feliças, ele feliça, nós
feliçamos, vós feliçais, eles feliçam).
Por que felicidade não tem verbo?
A pergunta, então ficaria: Sou eu que faço você feliz, ou é você que feliça por
minha causa?
Curiosa e masoquista a vida. O verbo sofrer é complicado.
Feliçar é simples. Por que a gente prefere conjugar o sofrer?
”
Se estou certo ou errado: nada mais posso dizer, porque me faltam os elementos para tal. Só quero brincar com as letras e provocar os especialistas e dizer que nada sei. Tendo a única certeza de que ainda não covidei. Mas, a dúvida persiste, até quando resistirei?

“A verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde. ” (Mahatma Gandhi)
José Carlos Castro Sanches
São Luís, 18 de setembro de 2020.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No
Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de
Esperança e outros nove livros inéditos. Visite o site: falasanches.com e a
página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor,
cronista e poeta.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana, composta pelos livros: Colheita
Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís
Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS18.09.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.
