– Artigos escritos durante viagem de ônibus de São Luís – MA a Nova Jerusalém – PE rumo à Paixão de Cristo.
A cada semana estarei divulgando novos capítulos até a conclusão desta série de 15 capítulos.
QUARTO CAPÍTULO:
MEU RETRATO PINTADO NUMA FOLHA DE PAPEL
“Um retrato pintado com a alma é um retrato, não do modelo, mas do artista.” (Oscar Wilde)
Hoje antes desta viagem à Nova Jerusalém, eu ministrava um treinamento de segurança do trabalho para empregados de empresas contratadas da Alumar quando fui surpreendido por um talentoso participante que fez o meu retrato, com a rapidez de um flash e a perfeição de um samurai, ao final me presentou com a sua criação.
Aquele… é alguém querendo ser eu…tentando me reencontrar, me superar na mágica arte do ensinar, educar, aprender, reaprender, desaprender e estudar.
“A palavra foi dada ao homem para explicar os seus pensamentos, e assim como os pensamentos são os retratos das coisas, da mesma forma as nossas palavras são retratos dos nossos pensamentos.” (Molière)
Não sou apenas eu, somos nós com o mesmo propósito, com a mesma disposição… Enquanto isso aquele outro… Querendo mostrar quem eu sou fazendo o meu próprio retrato em uma folha simples de papel, com uma lapiseira bic, imaginação fértil e hábil capacidade de ver no outro o que muitos não vêm.
“Para o artista a beleza é uma criança com quem ele brinca.” (Flavio Meyer, Retrato Íntimo, p109)
Ele é o artista que deveria estar atento à aula, se afogou na criatividade no palco da escola, num conteúdo que não deveria interessá-lo mais que a sua espontânea engenhosidade. Eu professor honrado pelo retrato à mão do artista abstrato que envergonhado pela arte sequer queria mostrar-me a sua obra prima, por acaso fui chamado por outro colega atento para apreciar a sublime arte escondida.
“Um bom retrato é uma biografia pintada.” (Anatole France)
Inibido não queria sequer identificar-se como autor da obra. Então, disse a ele que colocasse o seu nome e telefone para contato a fim de assumir a autoria e poder ser reconhecido, além de tornar-se público e quem sabe pela sua capacidade de percepção, genialidade e tino artístico possa chamar a atenção dos interessados pela arte. Ao artista dedico esse artigo.
O aluno artista retratava de forma singela e bela. Uma beleza que não é tela, numa pureza etérea.
“No retrato que me faço
– traço a traço –
Às vezes me pinto nuvem
Às vezes me pinto árvore…” (Mario Quintana)
Eu lisonjeado fiquei pela sensibilidade daquele jovem discreto LUCAS NATHANAEL BARBOSA, que naquele dia conheci. E sequer mostrou-me o meu retrato com vergonha de expor o seu talento nato. Um artista juvenil promessa de homem viril, perfeito e sutil.
“Todo trabalho é um autorretrato da pessoa que o realizou. Autografe sua obra com excelência!” (Ivonete Vieira)
Esta foi a segunda vez que recebi de presente o meu retrato em uma folha de papel. A primeira ocorreu há mais de 8 anos quando um aluno do Anexo CEM Paulo Freire do Habitacional Turu fez a minha caricatura e me presenteou sem deixar nome, endereço ou qualquer forma de identificação na sua obra prima.
Até hoje tenho o desejo de reencontrar aquele aluno para mostra-lo a moldura que permanece em minha casa como lembrança da sua genialidade. Sei lá se não foi a reencarnação do autor da obra “La Joconde” que esteve aqui para fazer o retrato de “José Carlos Sanches”. Eis o enigma para a posteridade!
Leonardo?…
Mona, Lisa, Gioconda, La Joconde…
Perfil ambíguo de Beatrice.
Enigmas da vida, Vinci…
(Francismar Prestes Leal)
Quem diria um dia o modesto professor retratado pelo dom da arte do letrado. Assim agradeço meu caro jovem Lucas pelo retrato abençoado. Que Deus permita a honra de guardar em minha casa, num quadro à parede, pendurado e exposto o seu presente será sempre lembrado. Meu muito obrigado!
“Eu, no retrato
não sou um.
Sou três por quatro.” (Retta Rettamozo)