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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

HOMENS DE SAIAS!

Por José Carlos Castro Sanches

Site: www.falasanches.com

“Ser livre é conseguir flutuar entre a diversidade e a multiplicidade, sem perder a própria identidade.” (Dimos Iksilara)

No período carnavalesco numa pequena urbe maranhense os homens vestiam-se de mulheres para participarem dos blocos de rua, era o momento de extravasar as energias, jogar fora os preconceitos, liberar o estresse, soltar a franga e desencravar os enrustidos. Todavia havia aqueles que por natureza assumiam a sexualidade sem medo de ser feliz a qualquer tempo e lugar, não apenas durante o carnaval – eram qualiras autênticos.

O bloco passava próximo à casa de José Leão, vizinho de frente à casa dos meus pais – quando repentinamente – dois indivíduos travestidos de saias aos gritos, se enfrentavam a mão livre no bogue, puxavam os cabelos, gritavam, diziam palavras não escritas nos dicionários, estabanavam-se incautos e estabacavam-se no chão, sem que eu soubesse o motivo da peleja, ao tempo em que eu sorria vendo aquela patifaria da janela, ao lado do meu pai muito sério observando a luta corporal insana dos baitolas bêbados. Naquela cidade o Carnaval era a festa de aniversário da alegria e ⁠da liberdade dos sóbrios e dos ébrios.

O que me fez lembrar daquele momento engraçado da minha infância foi uma breve conversa com um amigo juiz de direito amapaense quando nos referíamos a uma contenda política entre autoridades locais, subitamente disse-lhe: isso é briga de qualiras! Ele seguiu a caminhada às gargalhadas, ao sugerir: esse é um bom tema para você escrever uma crônica.

Eis o que pude fazer por piedade ao amigo magistrado – não sei se ele também gostava de dançar de saia nos carnavais da sua época, mas nada disso interessa atualmente – o que importa é ser feliz! Liberdade é a força que nos une em nossas diferenças e a capacidade de voar sem ter asas. Como disse Immanuel Kant: “Você é livre quando não busca fora de si mesmo alguém para resolver os seus problemas.”

São Luís, 02 de dezembro de 2024.

José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Academia Literária do Maranhão, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes, da Academia Vianense de Letras e da Academia de Ciências Letras e Artes de Presidente Vargas. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de amor e liberdade.

Autor dos livros. Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Me Leva na Mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Poesia. Participa de diversas antologias brasileiras.

NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS02.12.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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