Por José Carlos Castro Sanches
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“O que é absurdo, e que não é, pode ser apenas uma questão de perspectiva.” (Gary Zukav)
GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ PROCURA EMPREGO:
«As dificuldades materiais eram piores a cada dia. Não podia trabalhar porque precisava de uma carta de trabalho, não conhecia ninguém que pudesse me dar trabalho, não falava francês. Às vezes eu pegava garrafas vazias e trocava-as, e com isso eu defendia minha vida. Passei três anos vivendo de milagres diários. Isso me causou amarguras tremendas. Eu estava em um grupo de latino-americanos na mesma situação. Tínhamos descoberto que se alguém comprasse um bife, o talhante dava um osso e fazia um caldo. Às vezes, pedia-se emprestado o osso para fazer o seu caldo e devolvia.

“Naquela época eu morava num hotel chamado Hotel Flandre. Os administradores chamavam-se M. e Madame Lacroix. Quando fiquei sem um centavo, falei com eles e disse-lhes que não podia pagar e eles deixaram-me ficar no sótão. Pensei que essa situação ia durar um ou dois meses, mas fiquei um ano e nunca tive com que lhes pagar.

“Na semana passada, Mario Vargas Llosa passou por aqui que ficou no Hotel Wetter e quando entrei nesse hotel encontrei que os administradores eram os mesmos Srs. Lacroix. E o formidável é que Mario se encontrou em uma situação idêntica em 1960 e lhe disseram a mesma coisa, para subir no sótão, e ele também ficou muito tempo sem poder pagar. Graças a isso eu escrevi “O coronel não tem quem lhe escreva” e Mario escreveu “A cidade e os cães”.
“Paris não mudou, fui eu que mudei.

Ao compartilhar a reflexão acima: “GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ PROCURA EMPREGO”, com um grupo de amigos literatos, recebi da confreira Tania Zagury, o seguinte comentário: “Valeu, caro Sanches! Que braseira!!!” Respondi: “Por nada, querida Tania Zagury. Boa tarde!”, passada algumas horas ela retrucou novamente: “Sanches, esse corretor ortográfico é inacreditável! Eu escrevi: ‘Que brabeza!’. Ele corrigiu como quis e entendeu! Complementado disse: “Dileta Tania Zagury. Curiosamente as duas palavras pode ser aplicadas à condição – uma como fogo que arde no sofrimento, outra pela angústia decorrente do desprezo. Forte abraço e boa noite.” Finalizando Tania escreveu: “Verdade, caro Sanches! Não havia pensado nisso! Tem razão!”

O bate-papo me fez lembrar da frase: “Quando você muda a maneira como vê as coisas, as coisas que você vê mudam”, de autoria desconhecida e da epígrafe: “Tudo depende do tipo de lente que você utiliza para ver as coisas”, extraída do livro “O Mundo de Sofia”, do escritor norueguês, Jostein Gaarder.
A conversa foi tão boa, apesar de rápida, que me fez refletir com maior profundidade sobre o tema, incitando-me a correlacionar as palavras “braseira e brabeza” com a vida do escritor colombiano Gabriel García Márquez, o que reproduzo nas linhas que seguem nesta crônica.
A palavra “braseira” remete ao fogo que arde, à chama que consome e queima. Ela pode ser associada ao sofrimento, à dor intensa que consome a pessoa por dentro, como se fosse um fogo que não se apaga. Esse sentimento de ardência e intensidade está presente na experiência humana do sofrimento, seja ele físico, emocional ou espiritual.
Por outro lado, a “brabeza” está relacionada à angústia decorrente do desprezo, da desconsideração, da falta de reconhecimento. É o sentimento de indignação diante de uma situação de menosprezo, de ser tratado com desdém ou ignorado. Essa angústia pode arder dentro da pessoa de forma semelhante à braseira, causando uma sensação de queimação emocional e psicológica.
Assim, a conexão entre as palavras “braseira” e “brabeza” pode ser compreendida como a intensidade do sofrimento emocional, a sensação de ardência provocada pelo sentimento de desvalorização e menosprezo. Ambas as palavras carregam consigo a ideia de uma dor profunda e persistente, que consome e angustia.
Espero que a exploração das palavras “braseira e brabeza” tenha sido útil para você!

“A vida longe das privações é lastimável justamente porque nos dá uma perspectiva para julgá-la. Cada vez que lavo as mãos penso nisso. E me absolvo.” (Carlos Heitor Cony)
São Luís, 06 de fevereiro de 2024.
José Carlos Castro Sanches É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariaias – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão, da União Brasileira de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, A Vida é um Sopro!, Gotas de Esperança; Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris (em parceria); Das Coisas que Vivi na Serra Gaúcha, Divagando na Fantasia em Orlando e Me Leva na Mala, e participação em diversas Antologias brasileiras. Tem a literatura como hobby e acredita que escrever é um ato de liberdade. Visite o site falasanches.com e conheça o trabalho do autor.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS06.02.2024. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.
