Por José Carlos Castro Sanches                                               

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Era domingo 03 de setembro de 2023, amanheci com o propósito de concluir uma crônica intitulada “Inveja” a pedido de um amigo escritor em seguida cortar os cabelos escassos. Fiquei tão envolvido na escrita ao ponto de esquecer dos cabelos, quando a certo momento da tarde por volta das 13h30, minha esposa entrou no meu escritório e perguntou: não foi cortar o cabelo?                                                        

Foi então que lembrei do compromisso, almocei apressado e sai à procura de uma barbearia aberta, domingo à tarde numa cidade quase deserta. Passei na primeira estava fechada, na segunda também, continuei a peregrinação rodando com a Ferrari Branca, consumindo combustível imaginando que perdia tempo à procura do impossível, quando visualizei uma porta semiaberta de um salão; bati logo apareceu uma senhora informando que já havia encerrado e expediente, perguntei-lhe se tinha algum   cabeleireiro na casa, ela respondeu que não.

Sai triste – retornava para casa quando percebi a Barbearia do Lino, com a porta metálica pela metade, baixei a cabeça e vi um rapaz fazendo a limpeza, perguntei-lhe se poderia cortar o meu cabelo, ele disse que estava tudo muito ocupado e sujo organizando a casa. Insisti até que o educado rapaz foi vestir uma camisa, abriu a porta de vidro, lavou as mãos, passou um pano na cadeira onde eu iria me sentar, perguntou-me se queria água e se desculpou pelo calor, visto que não poderia ligar o ar-condicionado naquele momento devido à condição. Mesmo no imprevisto fui bem recebido e agradeci a gentileza.     

A partir de então ele começou a exercer com galhardia, responsabilidade e simpatia o seu trabalho conquistado com muito esforço e dedicação. Enquanto usava a máquina, a tesoura, o pente e a navalha conversávamos sobre a sua vida e as experiências que o permitiram chegar até ali.     

Lino é casado, morador da Vila Luizão, conheceu a esposa por um acaso do destino no próprio Bairro do Vinhais, quando trabalhava na barbearia, ficava sempre à espreita no horário que ela passava para dar um flerte, quando certa vez o encontrou numa padaria e coincidentemente apareceu a foto dela no Instagram daí se encontraram, namoraram e se casaram. Disse ter sido amor à primeira vista pela mulher que depois descobriu ser enfermeira e dedicada à profissão em alguns hospitais da cidade de São Luís.                                                

Desde criança gostava de ganhar uns trocados para ajudar o pai. Começou ajudando na limpeza do terreno de um vizinho ao 13 anos, depois como ajudante de pedreiro aos 15, seguiu como atendente de padaria aos 17, avançou para uma oficina de moto aos 18, foi promovido a caixa de uma barbearia, onde aprendeu a cortar cabelo e tornou-se barbeiro profissional aos 19 anos.                                                    

Por algum tempo estudou Direito, devido dificuldade financeira não concluiu o curso por necessidade de ajudar no sustento da família, como disse apenas o pai trabalhava. Mas. queria ter o seu próprio negócio, fez um esforço e saiu em busca dos seus sonhos com determinação e bravura. Pediu orientação do SEBRAE e de amigos, conquistou a sua própria barbearia aos 23 anos; com a cara, a vontade e a coragem.                                        

Hoje apesar do trabalho árduo, inclusive nas tardes de domingo, orgulha-se pela conquista da sonhada “Barbearia do Lino”. Quem Planta Colhe, Lino!                                                                                               

Alugou um ponto abriu a barbearia e vive torcendo para não ter Dia Santo, nem feriado a fim de manter os recursos para pagar o ponto e alimentar a família.                      

Assim experimentei um domingo diferente, aprendi com um jovem empreendedor como devo encarar a vida, superar adversidades, conquistar as vitórias e aproveito o ensejo para compartilhar o aprendizado com os leitores.

Lino, obrigado pela generosidade e atendimento de primeira qualidade. Recomendo a “Barbearia do Lino” para quem desejar um tratamento especial num ambiente simples, agradável e motivador, especialmente pela história de vida do jovem proprietário. 

Nada ocorre por acaso, agora de cabelos cortados, com mais um amigo na praça, escrevo com carinho para agradecer pelo atendimento especial, também pelo exemplo de determinação e lição de perseverança de Lino Filipe Reis Sales, da Barbearia do Lino, na Rua Arame – Vinhais. Telefone para contato (98) 98118-4229. De onde escrevi essa crônica, em menos de uma hora, apressado para arrumar as malas para uma viagem internacional, o avião já espera no Aeroporto Internacional Cunha Machado, enquanto eu dedilho as últimas palavras no meu cansado aparelho celular. Até mais!

São Luís, 03 de setembro de 2023.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Sociedade de Cultura Latina do Maranhão, da União Brasileira de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências e da Academia Vianense de Letras.

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas, A Vida é um Sopro!, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô; Pétalas ao Vento; Borboletas & Colibris (em parceria com Pedro Neto).

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS03.09.2023. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.