1236657.1677ed0.a1d49e5be45046c98447636dfa3d9e34
Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

AS ÁRVORES QUE NÃO PLANTEI

Neste dia da árvore
21 de setembro
Com um olhar tenebroso
Avalio com tristeza
Um futuro assombroso
Saindo do meu sossego
Escrevo este poema choroso

É distante a sutileza
Como os homens tratam
A bela natureza
Que tanto maltratam

As árvores e matas virgens
Que Deus nos deu de presente
E violentamente destruímos
Com serra, trator e corrente

Quantas árvores consumi
Neste meu passar por aqui
Quantas plantei e irriguei
Nunca antes pensei
Só agora percebo os danos que causei
E lembro-me que diferente sonhei

A árvore é oxigênio
É água e alimento
Para o homem
Também sustento
É vento é sombra
Trabalho e provento
Mas, o que sobra
Hoje é apenas ressentimento
Pelas árvores destruídas
Falta de comprometimento
Enjaulados nas cidades
Perdemos o sentimento
Da importância das árvores
Para o nosso crescimento
O que sobra são clareiras
Ficção e sofrimento

Quando será que o homem
Terá mais envolvimento
E plantará árvores frondosas
No seu próprio pensamento
Afinal o que pensamos
Difere o homem do jumento
Derrubando e queimando árvores
De onde virá o nosso sustento?

Ainda há uma esperança
Educar as mentes cruas
E voltar a ser criança
Alegre com fantasias ingênuas
Ver florescer na lembrança
As árvores plantadas nas ruas

Me perdoe a floresta
Devastada
A árvore
Arrancada e cortada
Sou um homem civilizado
Não planto nada
Só colho o alimento cozido
Não irrigo nada
Sou apenas constrangido
Consumo a árvore cortada
Consciente ou iludido

Não valorizo a árvore
Que me alimenta
Sou um homem educado
Não percebo a morte lenta
Não preciso das folhas e galho
E do vento que movimenta

Para que serve o seu caule
E a raiz que o sustenta
A sua semente e o fruto
É o que me alimenta?

Sou um homem preocupado
Apenas comigo mesmo
Não plantei sequer uma árvore
Destruo tudo que vejo

Sou deveras um cidadão
Ingênuo e egoísta
Que adora comer feijão
Não planto sequer alpista
Uma semente de ingratidão
Não tenho amor às arvores
Que alimentam a minha Ilusão
Não irrigo nem as plantas
Que nutrem o meu coração

Ó humanidade maldita
Suprimes a mata
Maltrata e destrói a fonte bendita
Ages como primata
Com visão estreita
E mente restrita
Queres viver como um eremita
Num deserto saudita?
Ou queres a sombra das árvores
O canto do pássaro no galho
Frutos com variados sabores
Abrigo de madeira com agasalho
Jardins, sementes e flores
E a vida com chuva de orvalho
Para revigorar os amores
Perdidos no assoalho

Hoje me arrependo
Pelas árvores que cortei
Pelo tempo perdido
Pelas árvores que não plantei
Enquanto estava distraído Agora que acordei

José Carlos Castro Sanches
São Luís, 21 de setembro de 2019.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *