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ACREDITAR NA UTOPIA!

“Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia.” Caio Fernando Abreu

Neste 8 de novembro de 2019, a indignação tomou conta de mais de 58 milhões de brasileiros, que através do voto consciente elegeram um novo governo com a proposta de ruir o alicerce da corrupção sistematizada e arraigada por todo o território nacional.

Dos caminhos, vielas e ruas, até as avenidas, prefeituras, palácios, congressos e alvoradas. Todos num barco desgovernado, sem rumo e direção. Bem-vindo à utopia. Aproveite a sua jornada! Boa leitura e reflexão!

A operação lava jato seguia de forma coesa e sustentável interrogando, julgando, condenando e prendendo detratores com o propósito de restaurar a dignidade perdida por um povo sobressaltado pelos seguidos desmandos e assaltos aos cofres públicos, praticados por uma organização contraria ao progresso e desenvolvimento do Brasil, que legisla em causa própria, sem limites para manter-se no poder.

Acreditávamos na aplicação das leis e atendimento à constituição, mas esquecíamos que o STF, órgão supremo que deveria salvaguardar os direitos do cidadão de bem, está contaminado e legisla em benefício próprio e de interesses escusos. Me faz pensar que os ministros estão acorrentados de tal modo que em sua maioria (6 X 5) votaram contrário à prisão em segunda instância de condenados comprovadamente culpados, de acordo com as provas anexadas aos processos.

O mais intrigante de tudo é saber que a decisão do STF foi unilateral e orquestrada com um único objetivo de defender “um político” comprovadamente envolvido em inúmeras irregularidades, crimes e condenações.

A crença dos brasileiros no poder judiciário foi jogada às traças, na lata de lixo. Esse poder que se diz absoluto com ministros que se julgam “semideuses” decide o que quer ao sabor da política, da corrupção e das organizações que representam. Como disse o vice-presidente Hamilton Mourão: “Onde está o estado de direito no Brasil? Ao sabor da política? Eu, acrescento: Ao sabor do STF.

Para não ser totalmente pessimista ainda me resta uma gota de esperança de que o Congresso Nacional, tome posse do seu papel e crie uma lei para restabelecer a ordem e a credibilidade da justiça brasileira, em detrimento das decisões dos ministros do STF, que deveriam julgar de forma imparcial, seguindo as leis e a constituição e hoje assumem o papel de deputados e senadores omissos, criando as próprias leis, julgando e libertando presos, ao sabor do desejo e dos partidos políticos que representam e apoiam. É lamentável perceber que o STF é partidário.

Eu, consciente do meu papel de cidadão, acreditando na boa e correta aplicação da lei, “acreditava na utopia” de que a maioria dos ministros do STF estivessem verdadeiramente comprometidos com a justiça e acima de tudo com a aplicação escorreita da lei pela segurança e soberania da nação. O que vejo agora, com um olhar focado na realidade dos fatos é que os nossos ministros estão a serviço de outrem, que não os dos cidadãos de bem.

Com esta decisão do STF. Hoje institucionalizou-se no Brasil a certeza de impunidade, os bandidos estarão à solta, a cuspir sobre os juízes e magistrados que amparados pelas leis e pela constituição brasileira tudo fizeram de forma criteriosa e transparente para “limpar a corrupção” do nosso país.

O que recebem de volta os representantes do ministério público e demais defensores da lei?

A vergonhosa decisão de seis ministros do STF que liberta todos os condenados de 2ª instância, entregando o povo nas mãos de bandidos, sem oportunidade de defesa.

Uma vergonha que causa indignação e asco para aqueles que acreditavam na justiça. A justiça que outrora era cega, agora tem olhos abertos para a corrupção e olhos fechados para o povo honesto e trabalhador que busca um país ético, desenvolvido, seguro, com educação e sobretudo respeito.

Infelizmente tudo o que não recebemos, claramente deflagrado neste ato irresponsável e político de uma corte acovardada, de mãos sujas, submissa aos ditames de forças externas suspeitas, que os impede de tomarem decisões suportadas pelas leis, sobretudo pelo medo de serem, eles próprios apunhalados, pelo enroscado lamaçal em que se puseram a trilhar ao conviver junto aos porcos.

É impossível mudar a crença de um povo submisso a instituições que têm o poder de decidir, sem que os seus representantes tenham sido escolhidos pelo próprio povo que dela necessitam para manter a integridade, honestidade e ética, tão severamente desprezadas por homens de togas escolhidos por políticos, a quem devem reverência e favores.

A lição que aprendi com este lamentável fato é que a lei não é para todos, ela é feita para defender o interesse de poucos e se ajusta conforme o réu, num supremo dependente e acovardado.

Precisamos de um STF interdependente, em que os seus ministros tenham isenção para julgar conforme as leis, sem compromisso com ideologias políticas, sem a obrigação de libertar condenados pela gratidão a indicações pelos cargos ocupados.

Prefiro acreditar que tudo será resolvido em breve, com uma nova lei aprovada pelo Congresso Nacional para que os julgados em 2ª instância voltem ao cárcere privado, de onde nunca deveriam ter saído, sem cumprirem as penas definidas pela própria justiça.

José Saramago disse que iria propor tirar a palavra utopia do dicionário. Mas, voltou atrás. Resolveu deixá-la, porque estava quieta. Ele queria dizer que havia outra questão que tinha que ser urgentemente revista. Que tudo se discute neste mundo, menos uma única coisa a democracia. Ela está aqui, como se fosse uma espécie de santa no altar, de quem já não se espera mais milagres, mas que está como referência. E não se repara que a democracia em que vivemos é uma democracia sequestrada, condicionada, amputada.

Adaptando o texto de Saramago à atual realidade brasileira digo que: O poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se na esfera política, a tirar um governo que não se gosta e a pôr outro que talvez venha a se gostar. Nada mais. Mas as grandes decisões são tomadas em outra grande esfera e todos sabemos qual é. No Supremo Tribunal Federal – STF. Que pelo que tem demonstrado, não é um órgão democrático, ao desprezar os interesses populares. E, portanto, como falar de democracia se aqueles que efetivamente governam o país não são democraticamente eleitos pelo povo? Quem é que escolhe os representantes do STF? Onde está então a democracia?
“Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar” Eduardo Galeano
Os cidadãos brasileiros órfãos de um STF isento e imparcial precisam voltar a acreditar na justiça que hoje nos envergonha a todos. O Brasil acima de tudo e Deus acima de todos. Eu te amo meu Brasil!

“ De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra; de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto. ” Rui Barbosa

José Carlos Castro Sanches
São Luís, 09 de novembro de 2019.

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