1236657.1677ed0.a1d49e5be45046c98447636dfa3d9e34
Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

A MURALHA DE BACABEIRA!

“Na vida somos todos engenheiros onde os que não se dedicam a construir pontes vão descobrir mais tarde que passaram seu tempo levantando muros.” (Luiz Roberto Bodstein)

Hoje quando passava por Bacabeira rumo a Rosário minha terra natal, com o propósito de visitar a minha mãe que completa 75 anos nesta data. Fiquei mais uma vez incomodado com aquele viaduto vultoso e disforme que tomou conta daquele município partindo-o ao meio como se fosse dois pedaços de uma laranja jogados um para cada lado. Com esse desconforto em mente e visão critica aguçada resolvi externar o meu ponto de vista descrevendo como percebo aquela obra de engenharia desproporcional e fora de contexto para um simples retorno de transito. 

Dedico esse artigo aos meus conterrâneos Bacabeirenses e Rosarienses que cruzam diariamente aquele viaduto e aos engenheiros, arquitetos e governantes que elaboraram e financiaram o projeto e construção do referido monumento. Boa leitura e reflexão!

“Bacabeira é um município brasileiro do estado do Maranhão. Incluída recentemente na Região Metropolitana de São Luís. Sua população é de aproximadamente 17.000 habitantes.

Desmembrado do município de Rosário. O desmembramento houve através do então vereador do município de Rosário José Reinaldo da Silva Calvet, que emancipou até então o bairro de Bacabeira como município em meados do ano 1994.

O município de Bacabeira limita-se ao Norte com o município de São Luís; a leste com o município de Rosário; a Oeste, com o município de Cajapió e ao Sul com o município de Santa Rita. POVOADOS: Sede (Bacabeira Nova), Peri de Baixo, Peri de Cima, Zé Pedro, Vidéu, Cajueiro, São Cristóvão, Rancho, Ramal do Abude e Gameleira.” (Fonte Wikipédia)

A construção do viaduto de Bacabeira merece aplausos pela liberação do fluxo de transito, segurança e segregação de veículos naquele cruzamento de alto risco. 

Merece reflexão pela criatividade e limitação tecnológica que avançou significativamente na engenharia civil e permaneceu estática em nosso estado. Especialmente na elaboração e construção deste projeto. 

A divisão de Bacabeira em duas através de um viaduto é uma afronta à engenharia e ao bom senso. Numa época em que os avanços da engenharia e arquitetura oportunizam aos engenheiros e arquitetos novas tecnologias, tais como: super materiais; madeira transparente; concreto bio receptivo; partículas de aerogel, uma das substâncias mais leves do planeta com densidade de 15 a 30 vezes maior que a do ar, assemelha-se a uma espuma; concreto inteligente; bio concreto; nanotubos de carbono (usando técnicas como a litografia de feixe de elétrons, cientistas e engenheiros criaram tubos de carbono com paredes de apenas 1 nanômetro de espessura); alumínio transparente usado por militares na fabricação de janelas blindadas e lentes ópticas; concreto permeável ou poroso feito com grãos de rocha e areia que mantêm de 15% a 35% de abertura no pavimento; Lajes de concreto permeável colocadas sobre o cascalho ou outro material poroso, permitindo que a água da chuva seja absorvida pelo solo. Dentre outras tecnologias de ponta para uso na construção civil. 

A ‘’Ponte Impossível’’ como é chamada carinhosamente a surreal Oresund é uma gigantesca ponte de aço estaiada em meio ao mar Báltico liga Copenhague (Dinamarca) e Malmö (Suécia) cortando um estreito que separa os dois países através do mar.

A ponte Oresund é na verdade fruto da ciência e tecnologia. Os responsáveis pelo planejamento e construção da ‘’ponte impossível’’ são engenheiros e arquitetos que devido ao seu gênio criativo foram capazes de transformar o impossível em realidade palpável e translumbrante (que turva a vista por excesso de luz ou brilho ou por outros fatores; ofuscante).

Em 2000 a princesa da Suécia e o príncipe da Dinamarca inauguraram a ponte Oresund. 

O viaduto de Bacabeira, construído pelo Governo Federal, integra o conjunto de obras de duplicação da BR 135(entre estiva e Bacabeira), iniciada em 2012 no governo de Roseana Sarney e inaugurado em 19 de março de 2018 pelo Governador do Estado do Maranhão Flavio Dino, ministros, e demais representantes estaduais, municipais e comunitários que integravam a comitiva destinada ao evento. 

O trecho entre Estiva e Bacabeira é considerado um dos trechos mais críticos da rodovia, devido a dezenas de acidentes fatiais. 

A iniciativa da obra é louvável e representa um avanço quando avaliamos a proposta de melhoria viária e aspectos relativos ao trafego naquele cruzamento, ao passo que a aplicação de tecnologias avançadas de engenharia permaneceu estática, num mundo dinâmico. 

“O maior inimigo da criatividade é o bom senso…” (Pablo Picasso)

Enquanto as tecnologias avançadas tomam espaço na construção civil ainda construímos viadutos como se estivéssemos em 220 a.C. quando iniciou-se a construção da muralha da China.

O viaduto construído em Bacabeira é um monumento que separa, divide e cria uma barreira física descomunal entre os dois lados deste município. Uma afronta à engenharia e uma agressão visual gigantesca que inquieta aos que transitam naquela área.

Inúmeras alternativas de projetos com estruturas metálicas, civis, entre outras tecnologias mais leves e compatíveis poderiam ser utilizadas. Entendo que a alternativa implantada poderia ser mais criativa e harmônica.

Bacabeira além de dividida ficou disforme, partida, ferida e amputada. O portal de entrada para Rosário minha terra natal e lençóis maranhenses empobreceu e me faz triste a cada passagem.

A engenharia é a arte de engenhar com criatividade, de criar o sublime, simplificar, tornar agradável, seguro e belo. O que se fez ali naquele lugar é contrario a todos esses atributos. Sonho com o dia em que a engenharia e arquitetura compatibilizem projeto com beleza, como a poesia compatibiliza palavras com sonhos.

“O poeta é arquiteto dos sonhos e engenheiro das palavras.” (Antonio Costta)

A engenharia definhou, empobreceu e crucificou a nossa querida Bacabeira com um amontoado de concreto, barro, aterro, ferragens… Numa estrutura sólida, dura, densa, espessa, opaca, fosca, turva, grossa… que parece fora de lugar como se tivesse caído bruscamente no planeta errado. Um magistral pedaço de concreto abandonado no meio das bacabas. 

“Na Engenharia, obra cara é aquela que é mal executada.” (Marcelo Galimberti Nunes)

Deixo aqui um desafio para os engenheiros repensarem as próximas construções de viadutos e minimizarem o impacto visual das mesmas, buscando compatibilizar a criatividade e a aplicação de métodos científicos ou empíricos à utilização dos recursos da natureza em benefício do ser humano, sem interferir na harmonia e simplicidade do meio ambiente.

“A vida está cheia de desafios que, se aproveitados de forma criativa, transformam-se em oportunidades.” (Marxwell Maltz)

Que seja breve o momento em que a aplicação dos conhecimentos científicos, econômicos, sociais e práticos com o intuito de inventar, desenhar, construir, manter e melhorar estruturas, máquinas, aparelhos, sistemas, materiais, processos e a aplicação de conhecimentos matemáticos e técnicos na criação, aperfeiçoamento e implantação de utilidades realizem a sua função ou objetivo sem impactarem na imagem, beleza e naturalidade dos ambientes em que estejam inseridas.

“Talvez se possa pensar que, porque somos engenheiros, a beleza não nos preocupa ou não tentamos construir estruturas, ao mesmo tempo que elas são sólidas e duradouras, lindas? As funções da força não são sempre as condições de harmonia não escrita? (Gustave Eiffel)

Triste Bacabeira cortada ao meio como um navio cargueiro afundado no mar. Visto por uma lente fotográfica que insiste em vê-la por inteiro dos dois lados como se fosse apenas um. Uma muralha vista de cima ou de baixo insiste em impedir o meu olhar completo, limitando a minha percepção do todo em duas partes grosseiramente cortadas por um gigantesco amontoado de concreto disforme e desproporcional, monstruoso, abaixo da expectativa de um crítico, leigo, cidadão, que clama pela integração da engenharia com a arquitetura em busca da utilização dos espaços de forma racional e estética. 

“Seja o engenheiro de tua vida. Você é o grande responsável; Tanto para um sucesso, quanto a um fracasso.” (Evan Helmiton)

Como a obra já está concluída e não temos como voltar ao passado que pelos menos os artistas Bacabeirenses, Rosarienses, Maranhenses e Brasileiros possam usar aquele espaço para liberar a criatividade e transformar os imensos paredões de concreto em obra de arte com belas pinturas, esculturas… nos dois lados do monumento para alegrar a passagem dos viajantes e moradores da terra das bacabas. Essa é a minha sugestão, desejo, vontade e esperança! (segue fotos de exemplos em anexo a este artigo)

“O verdadeiro artista é aquele que sabe enxergar o lado bom das coisas e reciclar o que não serve para transformar tudo em uma obra prima.” (Anderson)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *