Por José Carlos Castro Sanches

O que antes era fantasia
Agora virou alegoria
Cada uma mais enfeitada
Faz parte da freguesia
A minha é preta e descorada
A dela é branca com maresia.
O que antes era fabricado
Bem distante do Brasil
Agora é vendido no mercado
E casas por todo o país.
Quem vendia era a indústria
Agora é a costureira
Que atende a clientela
Com a alegria costumeira.
Tudo por causa de um vírus
Letal, originário da China
Para contaminar o mundo
Desde a Itália, Índia à Palestina.
O Corona trouxe a Covid -19
Para o Brasil em 2020
A pandemia desde dezenove
Continua em dois mil e vinte.
No meu tempo de criança
Quem usava máscara era folião
Eu mesmo lá em Rosário
Brincava com o meu fofão.
Hoje é moda, está na cara
Que a fantasia é geral
Todos com a sua máscara
Sem poeira ou carnaval.
A máscara igualou a todos
Pela estabilidade perdida
A vaidade, a beleza e o medo
Se associaram pela vida.
Remando contra a correnteza
O mundo virou do avesso
Nestes dias de tristeza
É morte para todo lado
Alimentando a incerteza
De um povo desolado.
O que antes era usado no torno
E em ambiente insalubre
Agora é ornamento, adereço e adorno
Em casa, na rua, no transporte e clube.
A máscara virou joia rara
De precioso valor
Porque protege a vida
Do Rei ao agricultor
Não tem peça mais “querida”
Vale mais que um cobertor.
No começo era esquisito
Tudo parecia diferente
A máscara escondia o rosto
E não distinguia a gente.
Hoje tudo virou moda
Se esqueço o ornamento
Logo chega o soldado
Mete a algema no meu braço
E me leva para o engradado.
Se eu estiver pela rua
De cara limpa e polida
Fogem de mim com loucos
Como medo da gota expelida.
Hoje todos encobrem o rosto
Ficam só os olhos de fora
Ninguém conhece ninguém
É muito pior agora.
Hoje temos duas máscaras
A segunda e a primeira
O desafio é descobrir
Qual é falsa ou verdadeira.
.
Não sei como será no dia
Que a pandemia acabar
Com a população sadia
Que máscara vamos usar.
A indispensável máscara que eu vestia
Durante a quarentena da pandemia
Passeava do quarto, sala à cozinha
Só retirava na cama, quando dormia
Tornou-se contigua companhia.
E agora o que vou fazer
Para concluir essa poesia
Se já não sei mais viver
Sem a minha fantasia?
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
São Luís, 16 de julho de 2020.
Visite o site falasanches.com e página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS16.07.2020(2). Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

José Fernandes
27 de fevereiro de 2022 at 11:03
Ótima poesia
Só não concordo com o comentário contido no P. S.
sanches
28 de fevereiro de 2022 at 12:57
É verdade querida. O poema foi escrito naquele período em que havia dúvidas sobre o uso e eficácia da máscara. Inclusive retirei essa observação quando revisava o livro “Pétalas ao Vento”, que será lançado em breve. Só esqueci de retirar deste post. Obrigado pela lembrança. Forte abraço, saúde e paz. José Carlos Sanches.
Maura Luza Frazão
27 de fevereiro de 2022 at 11:53
Uma temática bastante pertinente ao contexto atual e cultural brasileiro, versada com maestria. Meus parabéns nobre amigo poeta. Eu simplesmente Amei!!😊👏🏽