O meu pai tinha uma Rural vermelha e branca que comprou à vista na época.
Foi uma felicidade quando chegou a nossa casa em Rosário – MA, com aquele carro novinho, cheirando a leite. Era tanta alegria que não podíamos nos conter. Uma coisa diferente e quase inacreditável para a nossa realidade naquela época.
Só um homem determinado e ousado era capaz de realizar tamanha proeza, assim pensava eu na minha inocência de criança. Bela infância! Naquela Rural Ford vermelha e branca.
“A Rural Willys é um utilitário que foi produzido pela Willys Overland nas décadas de 1950, 1960 e 1970 no Brasil. Na década de 1970, passou a ser produzida pela Ford do Brasil, que comprou a fábrica da Willys em 1967, mantendo inalterados o nome Rural e praticamente todas as características do veículo.
Foi lançado nos Estados Unidos em 1946 com o nome de Jeep Station Wagon, tendo sido o primeiro veículo do tipo com a carroceria toda em metal, em contrapartida às carrocerias de madeira, então comuns. Com pequenas diferenças, foi produzido também em outros países como o Japão, onde foi fabricado pela Mitsubishi, com o nome J37 e a Argentina, onde foi fabricado pela Kaiser e é conhecido como Estanciera.
O modelo brasileiro foi redesenhado em 1960 utilizando como inspiração a arquitetura moderna de Brasília, em construção na época. Este desenho acompanhou a Rural até o encerramento de sua produção em 1977.” (Fonte Wikipédia)
Parte da minha história é contada naquele carro que aprendi a dirigir. Meu pai tinha um ciúme tão grande daquela rural que sempre dizia: “carro e mulher não se empresta”.
Certa vez depois do meu pai ter lavado a rural para dar uma volta pela cidade. Peguei o carro para levar uma amiga que nos visitava na rodoviária de Rosário. Quando voltava encontrei alguns colegas que brincavam num bloco de carnaval.
Querendo aparecer para mostrar que sabia dirigir, chamei os foliões, que subiram no carro “batendo os tambores” com a porta traseira aberta danificando-a ao passar num buraco. Imaginem o meu desespero!
Quanto medo de devolver o carro para o meu pai. Quanta tristeza eu vi no semblante do meu querido pai naquele dia.
Um homem sábio! Poderia ter me dado uma surra, dito algumas palavras para me fazer pensar. Mas, conteve a sua decepção…e daquela janela da minha casa onde eu e ele estávamos…ficamos tristes a chorar por dentro aquele dano no carro do coração do meu pai.
Que lição você me deu naquele dia meu pai, meu herói. Talvez se fosse comigo estaria eu irritado, estressado, a gritar, ofender os meus filhos. Você é um exemplo e uma lição.
“ É nas coisas simples e anônimas que se encontram os maiores tesouros da emoção” ( Augusto Cury)
Emocionei-me ao escrever esta passagem com lágrimas nos olhos ao lembrar-me da sua atitude, virtude de um home sábio, simples, humilde, íntegro, responsável e honesto.
“Vivo com tanta emoção porque sei que só tenho uma vida” ( Jostein Gaarder)
Essa lembrança levarei para sempre em minha memória. Ainda quando adulto ou homem feito as recordações da infância bem guardadas no fundo da minha alma serão vermelhas como o sangue e branca como a neve.
Obrigado por tudo Meu PAI. Te amo!
São Luís, 16 de setembro de 2017.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Atheniense de Letras e Artes, da Academia Rosariense de Letras, Artes e Ciências, da Academia de Letras, Artes e Cultura de Coroatá, Membro Correspondente da Academia Arariense de Letras, Artes e Ciências, da União Brasileira de Escritores e da Associação Maranhense de Escritores Independentes.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento e Borboletas e Colibris.
Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja on-line www.ameilivraria.com; os livros da Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!, no site da Editora Filos: https://filoseditora.com.br/?s=Sanches
O Livro “Pérolas da Jujuba como Vovô” com edição limitada você poderá adquirir diretamente com o autor.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS16.09.2017. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.