Por José Carlos Castro Sanches
Ahh! Se todos os sonhos fossem encarados como realidade; se toda a energia que temos pudesse ser aplicada para fazer o bem; se todos os desejos fossem realizados.
Ahh! Se tivéssemos em todo o tempo de vida a ingenuidade e pureza de criança; se pudéssemos acreditar que tudo é possível, até o impossível; se nos permitíssemos viver cada segundo com a intensidade do último; se fizéssemos pelos outros sempre mais do que é esperado de nós; se nos amássemos ao ponto de perceber que a vida é efêmera e que cada batida do coração é uma dádiva, e nessa passagem: escutássemos com atenção o canto dos pássaros; sentíssemos o perfume das flores; degustássemos o saboroso mel da vida; recebêssemos com alegria os raios do sol que ilumina o nosso dia e apreciássemos o luar que abençoa a noite ; aceitássemos o abraço carinhoso e o afago das pessoas que nos amam e que amamos; visualizássemos com atenção a parada do beija-flor retirando o néctar da flor; agradecêssemos ao vento, pássaros e insetos pelo pólen disseminado para reproduzir a flora divina.
Ahh! Se nos divertíssemos com o sibilar das cigarras; com o assobio dos macacos ao pularem de galho em galho; com o canto do sabiá, curió, guriatã, pipira-azul, parda, preta, bem-te-vi, xexéu, canário…
Ahh! Se fôssemos mais sensíveis ao sofrimento e à dor dos que perdem os seus entes queridos; se a generosidade e o amor transbordassem do nosso coração como as águas cristalinas das cachoeiras, sem preconceito, sem interesses, sem medo, sem ter a certeza de onde chegarão, apenas continuando a trilha, a saga, a missão eterna de fazer o bem sem saber a quem.
Ahh! Se o sonho de poeta fosse real; se a palavra fosse imortal; se a semente brotasse em solo árido como o girassol desabrocha diante do esplendor da luz solar; se o anoitecer não fosse sombrio e os dias se multiplicassem infinitamente trazendo de volta as vidas e os amores perdidos, as boas lembranças, a paz interior, a esperança de um porvir cheio de graça, mansidão, solidariedade e gratidão.
Ahh! Se tudo que penso pudesse ser escrito; se tudo que sonho fosse realidade; se a criança que está dentro de mim pudesse brincar, correr, pular, divagar… ao sol e chuva livremente pelas ruas da minha infância na querida cidade de Rosário. Rosa rio dos meus tempos de menino travesso, livre, distante do mundo real na eterna fantasia infantil. Cresci agora só me resta sonhar, relembrar, escrever e compartilhar as boas lembranças da vida, os aprendizados, experiências, exemplos e lições aprendidas.
Hoje aprendi com uma criança que queria ser bombeiro, em estado terminal, no leito de um hospital foi atendido em seu último pedido por uma equipe de bombeiros – sabendo que o seu sonho era um dia ser um deles – foram realizar o seu sonho – ele morreu feliz ao lado daqueles que o representavam. O último suspiro daquela criança – foi de alegria e prazer por um sonho realizado.
Ontem também vi um outro exemplo tremendo de superação – uma jovem de 30 anos com uma doença terminal, com 2% de chance de sobrevivência, encantar um auditório cantando uma música de própria autoria, com emoção transbordante extraída do fundo da alma. Ao fim da apresentação recebeu aplausos de pé de todos os jurados e da plateia extasiada do auditório lotado: só pude dizer a mim mesmo que não existe limite para quem decide viver intensamente cada segundo. Excepcionalíssima foi a palavra que encontrei para descrever aquele momento de felicidade intensa que encantou a todos. A força e a superação de uma guerreira destemida. Ela venceu! Nós também somos capazes de vencer os desafios e adversidades basta acreditar, agir com foco, fé e bravura e nunca desistir.
É preciso sonhar e alimentar cada árvore da floresta de sonhos e continuar semeando, irrigando e nutrindo a árvore frondosa que está dentro de nós, até desabrocharem as flores, vingarem os frutos e novas sementes para retroalimentar o ciclo da vida, bela vida. É preciso sonhar e acreditar nos sonhos. Melhor é ter a certeza de que os sonhos nunca envelhecem. A distância entre sonho e realidade se chama ação.
São Luís, 16 de junho de 2021.
Direitos reservados ao autor José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense
Autor da Tríade Sancheana e da Trilogia da Vida e outros 16 livros inéditos.
Escreve diariamente no site: falasanches.com
P.S Texto escrito de improviso, sem revisão.
