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Oferece a você a oportunidade de leitura e reflexão sobre textos repletos de exemplos, experiências e lições que irão transformar a sua vida.

A DIALÉTICA E O EREMITA

Por Jose Carlos Castro Sanches

“Minha vida se resume a uma dialética entre alguém dizendo que tudo é mentira e do outro lado alguém dizendo que está tudo errado. ” (Lucius Scarbotolus Gattalis)

Nesses dias de intensa oposição, conflito e contradição pelos quais passamos, num debate entre interlocutores nem sempre comprometidos com a busca da verdade, busco gradativamente elevar a minh’alma com ideias e realidades inteligíveis. A procura do raciocínio lógico, coerente fundamentado em ideias apenas prováveis, por essa razão possíveis de serem refutadas. Vivemos num dilema platônico-socrático-aristotélico.

“Para Platão, a dialética é sinônimo de filosofia, o método mais eficaz de aproximação entre as ideias particulares e as ideias universais ou puras. É a técnica de perguntar, responder e refutar que ele teria aprendido com Sócrates.

Aristóteles define a dialética como a lógica do provável, do processo racional que não pode ser demonstrado. ‘Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres’

O alemão Immanuel Kant retoma a noção aristotélica quando define a dialética como a ‘lógica da aparência ‘. Para ele, a dialética é uma ilusão, pois baseia-se em princípios que são subjetivos.”

Toda essa confusão que criei ao descrever as linhas acima é para tentar mostrar como vejo as relações humanas nas últimas décadas, ânimos acirrados, radicalismo, violência, extremismo, ideologias e conflitos. Os homens que cada vez mais buscavam se juntar nas grandes cidades, aglomerando-se nos concretos e palafitas, fugindo dos campos, das flores, dos pássaros, do isolamento e da natureza que os rodeava sem nada pedir em troca.

Diante da dicotomia da vida, parece que descobrem tardiamente a verdadeira essência do ermitão que por penitencia, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza vive solitário, em um lugar deserto, isolado, fugindo do convívio social.

“O eremita é, antes de tudo, um aprendiz. O silêncio, seu mestre. ” (Bruno Resende Ramos)

É complexo e certamente requer estudos aprofundados para entendermos a lógica que domina o pensamento atual, ora buscamos a tecnologia, a agitação dos grandes centros, a profundidade do conhecimento cibernético, a interação na velocidade da luz por meio da internet e outros meios de comunicação; enquanto nos resguardamos nos casulos da solidão, nos apertamos nos quartos aprofundando o deserto da alma, distante das pessoas que amamos, amordaçados pelas ideias individualistas e pensamentos pequenos.

“A vida é dialética. Em muitos casos o que foi solução vira problema e o que foi problema vira solução. ” (Andrade Moraes)

Existe uma guerra fria entre a lógica do provável, da aparência em confronto com a necessidade de estar só, viver o próprio mundo, numa constante e permanente dualidade entre o certo e o errado; o bem e o mal; a certeza e a dúvida; a esquerda e a direita; deus e o diabo; amor e ódio; luz e trevas; claridade e escuridão; vida e morte, enfim, como disse Nietzsche: o que importa é a” vida como impulso, assim mau seria tudo o que é fraco e não consegue ser um afirmador da vida e o bom é o nobre, o guerreiro, que ama a vida enquanto relação de força.”

Um dia quem sabe eu possa compreender os fundamentos da filosofia para conversar com Sócrates, Platão, Aristóteles, Immanuel Kant, Nietzsche, dentre outros, para melhor entender os conflitos da vida moderna com a visão dos estudiosos, filósofos e sábios. Não é fácil ser visível num mundo de invisíveis, tampouco, ser eremita num mundo dialético, vivendo a oposição campo e cidade, corpo e espírito, solidão e coletividade.

“É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz

Mas acontece que eu sou triste…”

(Vinicius de Moraes)

São Luís, 18 de dezembro de 2020.

José Carlos Castro Sanches

É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.

Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL

Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança e outro dez livros inéditos.

Visite o site: falasanches.com e a página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho como escritor, cronista e poeta.

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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS18.12.2020. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98 que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.

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