Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Caranguejo só é peixe
Na vazante da maré.
Palma, palma, palma,
Pé, pé, pé
Caranguejo só é peixe,
na vazante da maré!”
Escolhi a ciranda e a bola como brinquedos para representar todos os demais que fazem a alegria das crianças diariamente ao redor do mundo. Para uma criança nada é mais importante do que brincar e extravasar a energia acumulada, tudo mais é supérfluo exceto o ar que respira, o alimento e a água que revigoram o corpo para desfrutarem da vida sem limite.
É muito comum na literatura brasileira a definição de ciranda como uma brincadeira ou cantiga de roda infantil, provavelmente de origem portuguesa. Alguns historiadores acreditam que ela se originou a partir dos pescadores brasileiros que observando o balançar das ondas criaram um folguedo tentando imitar esses movimentos.
Cirandar na Bíblia, significa andar de um lado para o outro, sem rumo. Acho que a palavra ciranda retrata bem uma criança em qualquer dos significados, elas são como ondas que se movem intensamente e se pudessem estariam em todos os lugares ao mesmo tempo, com energia insuperável e alegria contagiante. Das cirandas a lembrança: Ciranda cirandinha; Fui no Itororó; Atirei o pau no gato; A canoa virou; Caranguejo; Sapo cururu; Escravos de Jó; O meu galinho; O cravo e a rosa; Capelinha de melão; Peixe vivo, dentre inúmeras outras na memória dos leitores.
“Atirei o pau no gato, tô
mas o gato, tô, tô
não morreu, reu, reu
dona Chica, cá, cá
admirou-se, se, se
do berrô, do berrô, que o gato deu, Miau!”
A bola e um objeto utilizado para o lazer de uma pessoa ou grupo de pessoas em diversos desportos. A bola é qualquer coisa de formato mais ou menos esférico ou arredondado, mas pode ter outras formas, como a oblonga, a bola de rúgbi ou a quadrada que é usada no dominó. A bola pode ser oca e repleta de ar como a bola de futebol ou sólida como a bola de bilhar. Pode ser chutada com os pés ou arremessada com as mãos ou batida por um taco como no golfe, dentre outros esportes.
Ser criança é pipoca, bombom e carinho; amor que nasce no ninho; presente eterno e divino; brinquedo, boneca, carrinho; balão e bolas de sabão que espocam; alegria, liberdade, luz, brilho, flores e rosas perfumadas; vida colorida, iluminada e abençoada; sol, lua e estrelas; sabedoria, entusiasmo, esperteza e graça.
Quem me dera voltar a ser menino correr livre pela cidade; voar alto como passarinho; colorir o céu de azul marinho; sonhar com as nuvens, rios e mares; degustar o néctar sabor de mel das flores que circundavam o meu berço; cantar com os pássaros que pousavam nas árvores do quintal; mergulhar nas profundezas dos rios e mares como se fosse um peixe, sem medo das águas; divagar no horizonte sonhando com a liberdade, curtindo o vento, a beleza da natureza, a exuberância da mata nativa e o brilho incessante das estrelas que eu contava quando criança; abrir os braços e abraçar o mar; praticar o verbo amar; propagar pétalas ao vento e ver florescer os rebentos.
Nesse Dia das Crianças vejo a espontaneidade dos meus netos Julie, Rafael, Leonardo Davi, Amelie Sara e Rebeca, eles me inspiram a perceber o mundo e amar as pessoas incondicionalmente com a pureza d’alma, a naturalidade e alegria genuína de uma criança: correndo, pulando, gritando, sorrindo, chorando e cantando no jardim em volta da minha casa e por todos os lugares presentes.
Elas estão além do momento, suspiram, respiram e transformam os nossos dias com a simplicidade e a ternura que só as crianças têm. Trazem à memória as boas lembranças da minha infância na casa dos meus amados pais José Firmino e Zanilde Castro Sanches, em Rosário.
“A Canoa virou
Pois deixaram ela virar
Foi por causa de Leonardo Davi e Rafael”
Que não souberam remar
Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Eu tirava “Amelie Sara”
Do fundo do mar
Siri pra cá
Siri pra lá
“Julie” é bela
E no futuro
Quer casar. “Rebeca” agora que começa a caminhar”
(Adaptado para meus netos – poderá ser adequado para as crianças do seu convívio)
Hoje elas brincam como sempre, nada é diferente, lançando gotas de amor, de esperança, paz e felicidade extrema como eu fiz no passado. Agora as admiro e incentivo viver intensamente o tempo presente da meninice que é passageiro e nunca voltará. Quero sempre vê-los despertando ao amanhecer com a disposição de quem nunca cansa, com o sorriso contagiante, a pureza d’alma de criança que ao poeta inspira e encanta.
Parabéns e Feliz Dia das Crianças!
“Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar, vamos dar a meia-volta, volta e meia vamos dar
O anel que tu me deste era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou
Por isso, “Socorro, Lídia, Fernanda e Mocinha ” entrem dentro dessa roda
Diga um verso bem bonito, diga adeus e vá-se embora
A ciranda tem três filhas
Todas três por batizar
A mais velha delas todas
Ciranda se vai chamar.”
São Luís, 12 de outubro de 2022.
Revisado em 11/10/2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.
Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala, Divagando na Fantasia em Orlando e O Voo da Fantasia. Participa de antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS12.10.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.