Por José Carlos Castro Sanches
Neste dia especial eu posso massagear o meu ego, exibir-me e falar o que penso sem censura. Como disse Fernanda Montenegro: “Se me incomodasse tanto o ser humano me solicitando, eu deixaria de me exibir, ficaria dentro de minha casa e procuraria um trabalho num laboratório de pesquisas químicas, por exemplo”. Apesar de ser químico, hoje o meu laboratório é uma churrascaria, os reagentes são os diletos convidados, os produtos são os alimentos e a reação química será catalisada pelo amor, carinho e amizade, portanto, sintam-se acolhidos.
As más-línguas dizem que depois dos “enta”, começam a aparecer sintomas ou características comuns aos que se aproximam da terceira idade. Mas, a idade está na alma, na mente, não está no corpo. Para descontrair descreverei algumas dessas qualidades no poema intitulado: “60 anos depois”. Certamente o que relato não passa de intriga da oposição, visto que apesar da idade, não me enquadro nesse estereótipo. Segue o poema para reflexão dos presentes e ausentes:
60 ANOS DEPOIS
O corpo começa apresentar sinais de envelhecimento
A saúde reflete a passagem do tempo
O coração bate lento ou acelerado, a pressão oscila, ora alta, ora baixa
A vitalidade equilibra-se entre remédios, sonhos e desejos
A força decai nos músculos, todos os músculos. Pode crer!
A memória, memória? Esqueci o iria dizer…
A vista precisa de colírio, óculos e lentes
O ouvido de aparelhos auditivos, próteses…
A pele ressecada e enrugada torna-se flácida e decai
A próstata e a barriga crescem e aparecem
Os cabelos e os pelos caem como se fôssemos gatos
A paciência nem sempre é a mesma de outrora
A inteligência e a sabedoria infinitamente crescentes
A libido começa a dar sinais da terceira idade
E a vaidade tenta esconder a realidade.
Isso é o que dizem, mas vejam o que realmente ocorre comigo:
O amor transborda como água na cachoeira
A felicidade voa contente como os pássaros
O perfume das flores rejuvenesce e acalma
O vento sereno dissipa a tristeza e traz a alegria
O jardim florido e sereno, enfeita Minh ‘alma
Os bosques acolhem meus passarinhos
E os cantos das aves alegram a minha vida.
O melhor lugar é o meu próprio ninho
A família é o meu maior patrimônio
A educação o maior presente. É moeda de ouro
A arma mais poderosa para mudar o mundo
A sabedoria é a minha bússola
A ética, minha referência
A humildade, minha essência
A honestidade, minha herança
A consciência, minha liberdade
Liberdade… é tudo, com responsabilidade
O trabalho dignifica o meu ser
O conhecimento, infinita procura
A paz, minha eterna companheira
A esperança: a espera que não cansa
Sabedoria e gratidão são virtudes dos sábios.
O amor é tudo!
O tempo é o melhor professor
O silêncio é o amigo que nunca trai
A palavra é o verbo e o verbo é Deus.
O passado está sempre presente
O presente é real, benção e vitória
É a beleza dos sonhos.
O futuro é incerto, incógnita…
Pode ser dúvida ou oportunidade.
A vida é um sopro divino
A poesia é a palavra adocicada
A abelha sintetiza o doce mel
Extraído do néctar das flores
O colibri simboliza o equilíbrio, em asas
A flor: perfume, essência e dádiva divina
E a semente é vida… é floresta hibernando
O pensamento é a semente da atividade
A paciência é o intervalo entre o sol e lua
O tempo entre o tic e o tac do relógio.
O sol é renascimento diário
A lua é aconchego, sossego e paz
As estrelas refletem luz, brilho e esperança
A vida é uma dádiva divina. Essência colorida.
O céu é a expectativa da divindade
As nuvens a esperança de chuva
O horizonte representa a eternidade
O homem ser pensante, semelhança de Deus.
Pode ser também o diabo em guerra
E um poeta, quando apaixonado.
Sessenta anos depois
Eu sou pai, avó, químico, professor
Consultor, poeta, cronista e escritor
Depois de tanto pensar, escrevo
Transcrevo a vida para o papel
Com a caneta sensível, sabor de mel
Escrevo o cotidiano e compartilho
Extraio o néctar da simplicidade
E a essência da vivência cotidiana
Com o olhar visionário e distante
E os sentidos apurados:
Visão de falcão
Audição de morcego
Olfato de elefante
Paladar de porquinho da índia
Tato de jacaré
E coração de cronista e poeta.
Cheguei até aqui
Não sei até onde irei
Não sei onde chegarei
Sei pouco sobre o que sei
Só sei que sempre amei
E que nada sei.
Viajo pelo mundo distante
Com a imaginação transcendente
Sem rumo, sem direção
Ora na realidade, ora na utopia
Escrevo sobre o que penso
Sem medo de ser feliz
O pensamento vagueia
A caneta sensível transcreve
A mão abençoada escreve
O papel aceita tudo que digo
Ele é o meu maior amigo.
Sou um jardineiro irrigando no deserto
Que acredita na semente estéril e fecunda
Transmitindo amor e paz a céu aberto
Como uma estrela brilhante e profunda.
A vida é magia e brilho
Dádiva, luz e prazer
Efêmera e sopro divino
Possibilidade para crescer.
Obrigado queridos familiares e amigos
Eu nasci para vencer
Deus perdoe os meus pecados
Estou aqui para agradecer
Desejo junto aos amados
Muitos anos poder viver.
Confesso que escrevi esse poema sem a pretensão de emocioná-los, apenas para dizer algo importante nesse momento único da minha vida. Todavia, ao lê-lo, depois de escrito, chorei como nunca. As lágrimas escorreram pelo rosto como o choro de criança, semelhante a uma cachoeira transbordando amor, emoção e gratidão; lágrimas gostosas de felicidade num momento de epifania que tomou conta de mim nessa manhã de 26 de março de 2022, no meu recanto sagrado, lar-doce-lar de onde escrevo e compartilho diariamente mensagens de amor, paz e fraternidade com todos que me acompanham na árdua, prazerosa e precípua missão de escrever para transformar vidas. Dom que Deus me deu para usar em benefício da coletividade. Deus seja louvado!
São Luís, 26 de março de 2022.
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense. Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras, da Associação Maranhense de Escritores Independentes, da União Brasileira de Escritores e do PEN Clube do Brasil.
Autor dos livros: Colheita Peregrina, Tenho Pressa, A Jangada Passou; No Fluir das Horas é tempo de ler e escrever, A Vida é um Sopro, Gotas de Esperança, Pérolas da Jujuba com o Vovô e catorze livros inéditos. Visite o site falasanches.com e a página “Fala, Sanches” (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
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NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS26.03.2022. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.