Por José Carlos Castro Sanches
“Nada é mais fácil do que se iludir, pois todo o homem acredita que aquilo que deseja seja também verdadeiro. ” (Demóstenes)

Como observador atento sempre deparo com situações que me fazem parar para refletir. Uma delas ocorreu no dia 02/05/19, enquanto realizava uma avaliação de química para um grupo de alunos na escola onde sou professor. Passava de mesa em mesa, com cada aluno para pegar a assinatura dos mesmos quando percebi a seguinte frase na parede da sala: “Parem de se iludir com as pessoas, o amor não existe.”
Não sei de quem é a autoria da frase, porque não foi declarada na inscrição, mas confesso que a frase mexeu comigo.
Apesar de não concordar plenamente, existe um fundo de verdade nesta frase. Muitos amam o dinheiro, os bens materiais, as coisas, mais que as pessoas.
Afinal o que é o amor?
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. ” (1 Coríntios 13:4-7)
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor. ” (1 Coríntios 13:13)
As pessoas são usadas quase sempre para atender aos seus interesses. Não existe um amor genuíno na maioria das relações interpessoais. Não me refiro ao relacionamento entre casais que por vezes é fantasioso, alguns vivem juntos apenas para manter as aparências. Também aqui não trato da paixão que é passageira, e quase sempre apoiada em falsas concepções que com o tempo volatilizam e derretem como as geleiras, espalhando água fria por todos os lados. Tudo não passava de ilusão passageira e fugaz.
“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro. ” (Carl Jung)
Tem também aquelas pessoas que amam a si mesmas acima de tudo, outras que amam as pessoas distantes, os ídolos desconhecidos das mídias sociais, cantores, atores, pessoas influentes que nunca viram antes, sequer tiveram a oportunidade de conhecerem pessoalmente e não amam as pessoas próximas.
A frase usual que ouvimos é: “não tenho nada a ver com isso”, é problema dele (a), porém quando estas pessoas se destacam, crescem e obtêm o sucesso, imediatamente passam a ser bajuladas, reconhecidas como irmãos, amigos, colegas de trabalho, de classe, ou simplesmente como pessoas próximas do convívio social. O interesse pelo ter sobrepuja o ser. Assim distinguimos as pessoas movidas pelo interesse e falsidade daquelas movidas pelo amor incondicional.
“Todo o amor baseado no interesse cessa com a causa que o fez nascer; mas o amor desinteressado dura para sempre. ” (Textos Judaicos)
O amor verdadeiro amor é incondicional e parece existir na sua essência entre pais e filhos, e, mais intensamente entre mãe e filho, de outro modo também ocorre entre casais, mais remotamente. Entre irmãos, parentes, amigos, colegas de trabalho, vizinhos, às vezes ainda existe, sobretudo quando a relação é mais próxima e coexiste interesse comum entre as partes do contrário e duvidoso.
“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal. ” (Friedrich Nietzsche)
Portanto, a frase lançada naquela parede, ainda que de forma despretensiosa tem um fundo de verdade que não pode ser desprezado.
Concluo com uma sugestão. Faça uma breve reflexão sobre quantas pessoas você ama, escreva os nomes numa folha de papel e envie uma mensagem, faça uma ligação telefônica, ou declare pessoalmente o seu amor a essas pessoas.
“ Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? (Mateus 5:46)
Tenho percebido que a maioria das pessoas têm vergonha de dizer “ eu te amo”, talvez se os animais (ditos irracionais) falassem, essa palavra fosse mais ouvida, porque muitas vezes até os cachorros demonstram mais amor através dos seus atos, ainda que ajam pelo instinto. Enquanto, nós que agimos de forma racional, e, somos capazes de pensar, quase sempre declaramos o amor quando percebemos que as pessoas amadas estão mortalmente feridas, doentes terminais, em grande sofrimento, sobre a lápide ou nos lindos ataúdes de madeira, prateados ou dourados, quando já não tem valor ou significado, porque queriam ter recebido em vida.
“Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? ” (Fernando Pessoa)
Quando você declara o amor, a indiferença abre as portas, o coração amolece, os pensamentos negativos vaporizam, o ódio se dilui, a esperança volta a reinar, o perdão libera a alma, a fé se intensifica, o medo parte para bem longe, a força se multiplica e a relação fica fortalecida com a intensidade de uma bomba atômica, no sentido positivo, da integração, do crescimento, da parceira, da liberdade, da proximidade, coesão, atração; contrário, à destruição, a ofensa, ao distanciamento que enfraquecem as relações interpessoais nas famílias, no ambiente de trabalho, nas comunidades religiosas, nas mídias sociais, entre outras formas de relacionamento. Escolha os seus amores e os declare, enquanto há tempo.
Como disse Leonardo da Vinci: “As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar. ” Diga às pessoas que você as ama com palavras escritas, verbalize o seu amor, ou na impossibilidade de fazer isso demonstre através de ações concretas. O amor é a bussola que orienta a vida e deve estar acima de tudo!
“ Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros. ” (João 15:17)
Respondo ao anônimo que deixou a oportuna e reflexiva declaração na parede daquela escola. É ilusão acreditar que o amor não existe. Digo que esta não é uma verdade absoluta. O amor existe para quem acredita nele, acreditar é o primeiro sinal da sua presença, seguido do exercício contínuo do amor incondicional. Pressuponho que o grande erro é buscar o amor no outro, sem amor próprio. Se o amor não transborda e não alimenta as próprias convicções, é possível acreditar que ele não exista e não passe de uma ilusão. Entretanto, o amor existe, pode não estar em você!
“Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo. ” (Pitágoras)
José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras – ALPL
São Luís, 25 de maio de 2019.
Revisado em 31/07/2020

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Gutemberg. Pacheco Lopes
2 de agosto de 2020 at 11:25
O AMOR é CONHECIMENTO VIDA.
O primeiro autor revelador foi Socrates, .
O 2 foi Jesu.
O, 3 foi Albert
O Amor. agora esta no youtube pesquise: “EDUCAÇAO SAUDE E SEGURANÇA”.
Este Amor vem e vai . é ETERNIDADE!
sanches
30 de agosto de 2020 at 18:03
Querido amigo Gutemberg, aprecio a sua generosa atenção e agradeço pelo comentário. Forte abraço. José Carlos Sanches