Por José Carlos Castro Sanches
Site: www.falasanches.com
“A boina é como uma coroa para os pensadores, um sinal de que a mente está sempre em movimento.” (Simone de Beauvior)
A boina é um tipo de chapéu de origem ancestral, sendo associada a diferentes culturas ao redor do mundo. Sua forma distintiva e versatilidade fizeram dela um acessório icônico em diversas épocas e contextos.
O significado da boina pode variar de acordo com a cultura e o período histórico. Em geral, a boina tem sido associada a diferentes simbolismos, como a identidade nacional ou regional, a resistência, a rebeldia, o intelectualismo e até mesmo a moda.
Ao longo da história, diversos grandes vultos se destacaram pelo uso da boina, incluindo artistas, intelectuais, revolucionários e figuras públicas. Alguns exemplos incluem Ernest Hemingway, Che Guevara, Pablo Picasso, Pablo Neruda, Fidel Castro, Basquiat e Raimundo Fagner, entre outros. A boina continua sendo um acessório atemporal que transcende fronteiras culturais e temporais, mantendo seu status como um ícone de estilo e significado simbólico.
Percebi com o passar do tempo que tenho algo em comum com Pablo Neruda e Raimundo Fagner, o uso da “Boina.” Sou o fã número um de boinas. Tenho como hobby colecionar boinas, bonés e chapéus de cores, modelos e estilos diversos, sempre que viajo trago como lembrança um destes acessórios de vestuário das cidades, estados e países que visito, também ganhei alguns de presente dos familiares.
Uso diariamente em quase todos os ambientes, nem sempre oportunos, mas o prazer e o gosto quem faz é a gente. Não sendo impedimento formal a satisfação supera o sacrifício. Enquanto Larissa Tomaschewski disse: “Se Deus me permitir, entrarei no céu de lenço e chapéu.” Eu entrarei de boina se for a vontade do Pai.
Boinas, bonés e chapéus são acessórios versáteis e cheios de estilo, capazes de complementar diferentes looks e expressar a personalidade de quem as usa, proteger a cabeça do sol ou do frio, expressar estilo pessoal e até mesmo transmitir mensagens ou símbolos específicos. Têm uma função prática, além de serem elementos importantes na moda e na expressão individual. A variedade de estilos, materiais e designs disponíveis em bonés, chapéus e boinas reflete a diversidade de preferências e estilos de cada pessoa.
Um colecionador de boinas, bonés e chapéus, entende o valor que esses objetos têm não apenas como acessórios de moda, mas também como parte da sua identidade pessoal e do seu estilo único. Eles podem contar histórias, representar gostos e interesses, e até mesmo marcar momentos especiais em sua vida.
Além de boinas tenho em comum com Pablo Neruda e Raimundo Fagner a paixão pela poesia e sensibilidade artística.
Pablo Neruda, renomado poeta chileno e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, era frequentemente visto usando boinas, o que contribuiu para associar esse acessório à sua imagem icônica.
Quando visitei a casa de Pablo Neruda em Santiago, conheci um pouco da sua história. A genialidade do poeta chileno que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1971, considerado um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX, me encanta e inspira.
“Com minha boina, carrego não apenas estilo, mas também um pedaço da minha identidade.” (Pablo Neruda)
Identifiquei-me com o escritor Pablo Neruda quando assisti ao filme “O Carteiro e O Poeta”, de 1994, que conta sua história na Isla Negra, no Chile, com sua terceira mulher Matilde. A obra de ficção passa-se na Itália, onde Neruda teria se exilado. Lá, numa ilha, torna-se amigo de um carteiro que lhe pede para ensinar a escrever versos. Desde então passei a admirá-lo e buscar conhecer a sua trajetória de vida. Um poeta revolucionário e apaixonado que transforma letras em flores, palavras em jardins floridos e frases em sonetos de amor.
“Te recordo como eras no último outono.
Eras a boina cinza e o coração em calma.
Em teus olhos pelejavam as chamas do crepúsculo.
E as folhas caiam na água de tua alma…
Sinto viajar teus olhos e é distante o outono:
boina cinza, voz de pássaro e coração de casa
fazia onde emigravam meus profundos anseios
e caiam meus beijos alegres como brasas… (Pablo Neruda)
Raimundo Fagner Cândido Lopes, conhecido como Fagner. Mais jovem dos cinco filhos de José Fares, imigrante libanês, e Dona Francisca, Fagner nasceu na capital cearense, embora tenha sido registrado no município de Orós. É um cantor, compositor, instrumentista, ator e produtor brasileiro. É conhecido por usar boinas em muitas de suas aparições públicas, adicionando um toque distintivo ao seu estilo pessoal.
O nome de Fagner vem sendo incluído na lista dos maiores cantores de música latina. No início, cantando músicas regionais e algumas consideradas por muitos como intelectuais, Fagner conseguiu atingir um público fiel, que enche, até hoje, ginásios pelo Brasil para cantar suas canções.
Raimundo Fagner, o garoto cearense descendente de libaneses, que deixou o Ceará em 1971, em busca de fama e do sucesso, se transformou num homem bem-sucedido, reconhecido no Brasil e no exterior. O sonho se tornou realidade.
Em 1991 lançou o álbum, Pedras Que Cantam. As vendas explodiram devido ao grande sucesso nacional do carro-chefe do álbum, Borbulhas de Amor. O disco recebeu disco de platina tripla por vender 750 mil exemplares e as canções: Borbulhas de Amor, Pedras Que Cantam e Cabecinha no Ombro ficaram durante oito meses nos primeiros lugares nas rádios do Brasil. Desde então me tornei seu fã incondicional.
“Em meio à multidão, a boina me faz sentir único e autêntico, como se eu estivesse em meu próprio mundo.” (Raimundo Fagner)
O bolero “Borbulhas de amor” de autoria do dominicano Juan Luiz Guerra é um dos maiores sucessos da carreira do cearense Raimundo Fagner. Esta famosa canção adaptada para o português pelo escritor e ensaísta maranhense Ferreira Gullar tornou-se a minha música predileta. Sempre que a escuto parece que flutuo nas nuvens, no reluzente delírio harmônico de um momento mágico e sublime num deleite ardente de Borbulhas de Amor que movimentam as ondas e reoxigenam a minha alma. Nenhuma outra canção me faz relaxar, sonhar, flutuar e amar como esta.
“…Quem dera ser um peixe
Para em teu límpido aquário mergulhar
Fazer borbulhas de amor pra te encantar
Passar a noite em claro
Dentro de ti
Um peixe
Para enfeitar de corais tua cintura
Fazer silhuetas de amor à luz da lua
Saciar esta loucura
Dentro de ti… (Raimundo Fagner)
As músicas de Fagner na sua “grandeza poética e letras profundas” me levam a viajar pelo infinito juntamente com os belos poemas de Pablo Neruda. Somos três apaixonados. Dois destes já demonstraram a sua grandeza como Poeta e Músico reconhecidos pelo talento e genialidade. Enquanto o discípulo que vos escreve, poeta e escritor, sem aptidão para cantor segue admirando a proeza dos mestres, sábios professores e missionários das artes com grandes contribuições para a literatura e música mundo afora.
Devemos escolher um modelo para imitar e seguir os passos. Mentores espirituais, intelectuais e emocionais. Pessoas que sempre nos coloquem para cima e perto de onde queremos chegar. Alguém que sempre nos inspire, eleve, nos faça sentir bem e navegar na profundidade da alma com a sensibilidade de um artista original em dimensão superior à nossa.
“É tão difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas, quanto os poetas se tornarem razoáveis.” (Pablo Neruda)
Pablo Neruda e Raimundo Fagner me fazem pensar, escrever, voar sem asas, sonhar a liberdade protegido e inspirado pela boina.
A boina tem o poder de conferir um ar de sofisticação e personalidade a quem a utiliza, e é interessante notar como figuras de destaque em diferentes áreas, como literatura e música, encontraram nela um elemento expressivo de sua identidade visual. É sempre interessante observar como a moda e os acessórios podem se entrelaçar com a arte e a personalidade das pessoas.
Este que vos escreve é fã número um de boinas, tenho uma coleção, além de bonés e chapéus com destaque para as boinas. As boinas são acessórios versáteis e cheios de estilo, capazes de complementar diferentes looks e expressar a personalidade de quem as usa.
“ A boina é um símbolo de liberdade e rebeldia, um acessório que transcende o tempo e a moda.”(Ernest Hemingway)
Ter uma coleção de boinas, bonés e chapéus mostra o quanto valorizo acessórios que agregam estilo e autenticidade ao visual. Cada peça conta uma história e reflete diferentes momentos e preferências, criando um acervo pessoal único.
Se você tem alguma boina favorita em sua coleção ou se costuma usar boinas, bonés ou chapéus em ocasiões especiais, compartilhe suas experiências! É sempre interessante trocar ideias sobre moda e estilo. E se você tiver amigos que partilhem desse gosto por boinas, bonés ou chapéus não deixe de compartilhar essa crônica e o link do meu site: falasanches.com, para que eles também possam conversar comigo sobre seus interesses. Eu gostaria de saber mais sobre as preferências e experiências com boinas, bonés e chapéus. Compartilhe à vontade!
Eu fico a me perguntar: Será que a calvície, o sol intenso do meu torrão e a batida forte do meu coração são apenas desculpas para encobrir a minha aura com uma boina de ilusão. Disfarce para parecer tão próximo dos campeões, que teimam em fazer música e poesia como o fogo que queima os lampiões nas terras férteis do meu Maranhão? eu acredito que Deus me deu o gosto pela boina para guardar a minha cabeça brilhante do sol quente e do sereno, e guardar os meus pensamentos que se dissipam pelo vento, sem lenço, sem documento.
São Luis, 20 de abril de 2018. Revisado em 26 de fevereiro de 2024.
José Carlos Castro Sanches. É Consultor de SSMA da Business Partners Serviços Empresariais – BPSE. Químico, professor, escritor, cronista, contista, trovador e poeta maranhense. Membro Efetivo do PEN Clube do Brasil, da Academia Luminense de Letras, da Academia Maranhense de Trovas, da Academia Rosariense de Letras Artes e Ciências, da Academia Maranhense de Ciências e Belas Artes, da Sociedade de Cultura Latina do Estado do Maranhão, da Federação das Academias de Letras do Maranhão, da União Brasileira de Escritores, da Associação Maranhense de Escritores Independentes. Membro correspondente da Academia Arariense de Letras Artes e Academia Vianense de Letras. Tem a literatura como hobby. Para Sanches, escrever é um ato de liberdade.
Autor dos livros: Tríade Sancheana – Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou; Trilogia da Vida: No Fluir das Horas, Gotas de Esperança e A Vida é um Sopro!; Pérolas da Jujuba com o Vovô, Pétalas ao Vento, Borboletas & Colibris (em parceria); Das coisas que vivi na serra gaúcha, Me Leva na mala e Divagando na Fantasia em Orlando. Participa de inúmeras antologias brasileiras.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está licenciada com a licença JCS20.04.2018. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão – contrariando o direito à propriedade intelectual, amparado pela Lei nº 9.610/98, que confere ao autor direitos patrimoniais e morais da sua obra.