
Por José Carlos Castro Sanches
Hoje recebi a resposta de uma vitória que poderia ter sido consagrada em julho de 2018, quando participei de um processo de qualificação para multiplicadores de treinamento. O desafio se realizou em duas etapas que denominei de: 1ª Etapa – Frustração e 2ª Etapa – Superação.
Por que frustração?
Admita que você é um profissional de uma determinada com conhecimento teórico e prático e tenha exercido por mais de 30 anos, o papel de líder na referida área de atuação em empresa de renome internacional. É sensato pensar que um leigo, incompetente, não ocuparia tal posição. Associado à expertise na área de atuação profissional específica, ainda exerce a função de professor por mais de 35 anos. Repentinamente é chamado a participar de um processo de requalificação para ser multiplicador de treinamento – neste processo é submetido a uma avalição por avaliadores independentes e não consegue obter êxito. É lógico que somos levados a pensar que algo deve estar errado na metodologia usada, sobre a competência dos avaliadores, sobre os critérios de avaliação (pessoal ou profissional). Enfim, sobraram dúvidas sobre os critérios usados pelos avaliadores para não definir a aprovação logo na primeira etapa do processo, tendo que ser submetido à segunda etapa desgastante e desnecessária no meu entendimento, com toda a imparcialidade e responsabilidade que fazem parte do meu caráter. Não julguei convincente a decisão da bancada, mas tinha que me submeter aos seus desejos para continuar a missão a que me propunha – ser multiplicador de treinamentos naquela renomada empresa.
Fiquei tremendamente decepcionado ao perceber no final da primeira etapa – a falta de coerência na definição e escolha dos profissionais, desconsiderando toda a minha experiência e competência técnica na área. Isso, justificou a minha indignação e frustração pelo resultado. Que me fez participar de uma segunda etapa que julguei e julgo desleal, maldosa com a intenção de me prejudicar no processo, por razões outras que me abstenho de descrever nesta crônica por julgar inoportunas.
Por que Superação?
Não fiz absolutamente nada de diferente do que fizera na primeira etapa, sendo sincero, sequer fiz a leitura das recomendações dos avaliadores porque não acreditava neles, não passaram credibilidade pela forma que atuaram, me pareceu mais uma forma de “contrapor” a minha repulsa e indignação, verbalizada durante o treinamento sobre a maneira como o processo foi conduzido. Não aprovei a abordagem agressiva, que chamei de terrorista, de uma das orientadoras, diante de todos os participantes na abertura do treinamento. Quando pretendemos criar um ambiente de aprendizado é incompatível apavorar os treinados, essa postura por si só demonstrou a imaturidade da instrutora, logo no primeiro contato com a turma, e por consequência a minha repulsa e antipatia pelo ato – me fazendo reagir logo no primeiro momento, mostrando e verbalizando a minha contrariedade para o grupo. Certamente a partir daquele momento eu criei a antipatia reciproca da avaliadora, que no final me daria o troco, como deu.
Aquela abordagem inicial quebrou a sintonia da turma, antes mesmo de começar o processo de treinamento dos multiplicadores, tirou o equilíbrio e rompeu os laços de confiança entre instrutores (avaliadores) e alunos. Que para ser sincero, não sei se pela postura daquele profissional poderia ser qualificado como “avaliador” de treinamento, ou mesmo sentado numa banca de examinadores. Não me parecia capacitado para exercer aquele papel, mas infelizmente aquela turma estava sobre o julgo da incompetência e prepotência, essa era a triste realidade, sendo avaliado por quem não conhece sobre o que avalia, não pratica o que diz, não convence pelo exemplo. Assim seguimos o massacrante treinamento.
Educar e instruir requer conhecimento, habilidade, empatia, simpatia, tudo que aquela instrutora-avaliadora não demonstrava ter, lamentavelmente. Para ser educador e mais precisamente avaliar alguém nessa atribuição de ensinar é necessário ter conhecimento de causa e competência adquirida com experiência comprovada. Não podemos nos julgar capaz de avaliar o outro sem conhecimento de causa. Assim, no meu entender agiu a bancada de avaliação na primeira etapa daquele processo de desenvolvimento de multiplicadores de treinamento.
O resultado frustrou a grande maioria dos participantes, inclusive gerou um clima desagradável entre os próprios avaliadores, fazendo com que houvesse o rompimento da bancada inicial, para a continuidade do processo. Um dos participantes da bancada me confidenciou ao final do processo, o desconforto gerado por uma das avaliadoras, pela postura agressiva, impositiva e abordagens inadequadas durante o desenvolvimento do treinamento. O que causou a saída do membro da equipe de avalição que discordava do método e forma de condução do processo.
Valeu a pena o desgaste prematuro do processo para que a equipe pudesse amadurecer, reavaliara a metodologia e tomar novo rumo. Isso tornou possível a volta ao equilíbrio e sensatez necessários para resgatar o interesse dos participantes para a condução do processo, que havia se esfacelado pela forma equivocada de condução inicial.
Neste aspecto considero que houve avanço significativo com possibilidade de recuperar a credibilidade perdida, bem como a importância daquele processo para a melhoria da qualidade dos treinamentos e capacitação profissional, metodológica e didática naquela empresa. Por pouco não perdemos a essência da educação por falta de sensatez e equilibro de uma instrutora e avaliadora despreparada para a missão a que se propunha. Educar não é para amador!

José Carlos Castro Sanches
É químico, professor, escritor, cronista e poeta maranhense.
Membro Efetivo da Academia Luminense de Letras.
São Luís, 08 de outubro de 2018.

Visite o site falasanches.com e página Fala, Sanches (Facebook) e conheça o nosso trabalho.
Adquira os Livros da Tríade Sancheana: Colheita Peregrina, Tenho Pressa e A Jangada Passou, na Livraria AMEI do São Luís Shopping ou através do acesso à loja online www.ameilivraria.com.
NOTA: Esta obra é original do autor José Carlos Castro Sanches e está
licenciada com a licença JCS08.10.2018. Você pode copiar, distribuir, exibir,
executar, desde que seja dado crédito ao autor original. Você não pode fazer
uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas. Esta medida
fez-se necessária porque ocorreu plágio de algumas crônicas do autor, por outra
pessoa que queria assumir a autoria da sua obra, sem a devida permissão –
contrariando o direito à propriedade intelectual amparado pela lei nº 9.610/98
que confere ao autor Direitos patrimoniais e morais da sua obra.